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Capital

Com 4 foragidos, juiz alerta que ação sobre fuzilamento de PM pode ser suspensa

O processo é sobre a morte do policial militar reformado Ilson Martins de Figueiredo, em 11 de junho de 2018

Aline dos Santos e Marta Ferreira | 19/10/2020 15:02
Ilson foi executado na Avenida Guaicurus, numa manhã de segunda-feira. (Foto: Saul Schramm/Arquivo) 
Ilson foi executado na Avenida Guaicurus, numa manhã de segunda-feira. (Foto: Saul Schramm/Arquivo)

A decisão em que o juiz da 2ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande, Aluízio Pereira dos Santos, nega sete pedidos de prisões preventivas por execução na Avenida Guaicurus destaca que não há indícios suficientes e apenas "deduções de autorias". Dos denunciados, 4 estão foragidos e, se não se manifestarem,  podem ter preventiva decretada, mas também o processo suspenso.

Essa anotação está no despacho do juiz, no qual ele rejeita as prisões solicitadas pela força-tarefa, fala em "presunção" de inocência e, também na possibilidade prevista no artigo 366 do CPP (Código de Processo Penal), que manda paralisar ações que envolvam pessoas que não se apresentam.

O processo é sobre a morte do policial militar reformado Ilson Martins de Figueiredo, que foi executado em 11 de junho de 2018, abrindo uma série de assassinatos na Capital.

O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) pediu as prisões preventivas de Fahd Jamil (mais conhecido como Rei da Fronteira), Flávio Correia Jamil Georges (filho de Fahd), Melciades Aldana, Jamil Name, Jamil Name Filho, Juanil Miranda Lima e Marcelo Rios.

"Fuad", como é conhecido, Flávio Correia Jamil Georges e Melciades Aldana, tido como chefe de segurança da família, estão foragidos, assim como Juanil Miranda Lima, réu em outra execução atribúida à milícia armada identificada pela Operação Omertà.

Porém, o magistrado indeferiu por avaliar que os indícios de autorias ainda não são suficientes. Segundo a decisão, uns dos pilares do pedido de prisões eram os depoimentos da filha de Juanil e de Eliane Benites Batalha dos Santos, esposa do ex-guarda municipal Marcelo Rios, preso desde maio do ano passado.

As duas também aparecem no processo que investiga a morte de Matheus Coutinho Xavier. A filha de Juanil foi liberada de prestar depoimento, enquanto Eliane fez mudança radical de versão: deixou de acusar os patrões do marido para denunciar a polícia.

O magistrado destaca que até o momento não se tem confissão nem mesmo em escuta telefônica, delação premiada ou houve pedido judicial para infiltrar agentes policiais na organização criminosa investigada na o Omertà. O nome da apuração é alusivo ao voto de silêncio na máfia.

“Logo, tem-se apenas deduções da autoria e/ou participações dos investigados com base nas diligências feitas, as quais, não obstante carecer de outras são dignas de elogios pelo trabalho das ilustres autoridades policiais, respeitando, no mais, suas convicções”, afirma o juiz.

Fahd e Flávio foram apontados como mandantes do crime em retaliação ao desaparecimento de Daniel Jamil Georges, que sumiu em 2011 e foi declarado morto pela Justiça no ano passado. Melciades foi denunciado por atuar como intermediário, responsável pelo levantamento de endereço e rotina do alvo.

Conforme o inquérito do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros), ele pesquisou o nome de Ilson e do filho na internet poucos dias antes da execução. O GPS mostra que fez o trajeto entre hotel de Campo Grande, o local do crime e o endereço onde veículo usado na ação foi incendiado.  Já Name e o filho, segundo o documento, teriam cedidos os pistoleiros de confiança.

"Logo, tem-se apenas deduções da autoria", afirma juiz Aluízio ao negar prisões preventivas. (Foto: Silas Lima)
"Logo, tem-se apenas deduções da autoria", afirma juiz Aluízio ao negar prisões preventivas. (Foto: Silas Lima)


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