Com chuva, atendimento no INSS no 1º dia após greve é tranquilo
O tempo fechado e a chuva parecem ter ajudado quem foi até a agência do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) na manhã desta quarta-feira(30), na rua 26 de agosto, em Campo Grande. Com o fim da greve do setor administrativo, que durou 80 dias em Mato Grosso do Sul, muita gente achou que agência estaria lotada, mas o atendimento está tranquilo e sem grandes filas.
A dona de casa Adília Souza Osório de 60 anos, foi uma das primeiras a chegar. O fim da paralisação foi um alívio porque ela está sem receber desde abril deste ano. Como mora em uma fazenda distante, não procurou atendimento imediatamento, em julho a greve começou, e até agora está com o benefício suspenso. "No começo disseram que recolheram porque eu não estava ocupando o dinheiro, quase R$ 6 mil, mas preciso receber", conta.
Deonila Burgos de 72 anos chegou ansiosa. Há dois meses havia procurado a agência para fazer a mudança do local de recebimento do benefício, um procedimento simples, mas que também estava paralisado. "Estava difícil para mim e eu queria mudar, já vim duas vezes, já ia ser a terceira a toa. Ainda bem que negociaram e a greve acabou", considera.
De acordo com Anita Borba, representante do Comando de Greve, mais de 100 mil pessoas deixaram de dar entrada em serviços como aposentadoria por idade, trabalho rural e tempo de contribuição, por exemplo, nesse período de 80 dias. "Por dia são atendidas de 700 a mil pessoas aqui na agência, com o fim da greve isso deve dobrar. Vamos fazer um esforço muito grande para colocar o serviço em dia, dando prioridades, porque entendemos que o segurado não pode ser prejudicado", disse.
A principal reivindicação da categoria foi atendida, que era a fixação da gratificação no salário, fazendo com que os servidores se aposentem com, praticamente, o salário integral. “Vai ser fixado em três anos, sendo acrescentados 20% a cada ano, até chegar a 100%”, explicou. Sobre os atendimentos reagendados, sendo 8.628 mil, Anita acredita que serão normalizados em até três meses.
Quem ficou contente mesmo com o fim da greve foi o auxiliar de mecânica Thiago Pinheiro, 27 anos. Uma fratura na mão por conta de uma batida ocorrida há um mês está o impedindo de trabalhar. O primeiro atendimento dele no INSS estava marcada para hoje e mesmo achando que os funcionários estavam em greve compareceu a agência. "Nossa! Sério? Deus é maravilhoso, orei muito por isso porque preciso receber o benefício", contou.
O único problema no caso de Thiago, é que a greve acabou somente no setor administrativo, os peritos continuam a paralisação por tempo indeterminado em todo Mato Grosso do Sul e isso pode prejudicar o processo dele. Os atendimentos dos benefícios para portadores de deficiência e auxílio doença continuam parados.
Apenas 30% dos peritos continuam trabalhando normalmente, porém a agilidade do trabalho é menor. George Martins, delegado das Associação de Peritos de Mato Grosso do Sul, declarou que ainda não tiveram resposta do Governo sobre as reivindicações, que seriam a correção do salário, incluindo a atualização monetária. “Estou ansioso para que se inicie as negociações”.