ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
ABRIL, SEGUNDA  07    CAMPO GRANDE 26º

Capital

Com fim do prazo de afastamento, operação contra magistrados tem mês decisivo

Em outubro, ordem do STJ foi para que desembargadores ficassem afastado por seis meses

Por Aline dos Santos | 06/04/2025 15:59
Com fim do prazo de afastamento, operação contra magistrados tem mês decisivo
Policiais federais cumprem mandado no TJMS em operação contra venda de sentença. (Foto: Henrique Kawaminami)

O mês de abril surge decisivo para a operação Ultima Ratio, deflagrada em outubro de 2024 pela PF (Polícia Federal) para investigar suspeita de venda de sentença no TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul).

RESUMO

Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!

A operação Ultima Ratio, deflagrada pela Polícia Federal em outubro de 2024, investiga suspeitas de venda de sentenças no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. O afastamento de cinco desembargadores termina em abril de 2025. A operação também afastou um conselheiro do Tribunal de Contas e um servidor do TJMS. As investigações revelam suspeitas de enriquecimento ilícito e ocultação de bens. A operação ainda envolve dois desembargadores aposentados, um deles com R$ 2,7 milhões em espécie em casa. As acusações incluem relações suspeitas com advogados e movimentações financeiras incompatíveis.

O prazo de 180 dias (seis meses) de afastamento dos desembargadores termina em 24 de abril. A ordem foi para manter longe do Tribunal de Justiça, por esse período, os desembargadores Vladimir Abreu da Silva, Alexandre Aguiar Bastos, Sideni Soncini Pimentel, Marcos José de Brito Rodrigues e Sérgio Fernandes Martins.

 Desde outubro, somente Sérgio Martins, que era o presidente à época da decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça), conseguiu voltar ao cargo.

A operação também resultou no afastamento por seis meses de Osmar Domingues Jerônymo, conselheiro do TCE (Tribunal de Contas do Estado). A decisão do ministro Francisco Falcão, do STJ , também determinou o afastamento por 180 dias de Danillo Moya Jerônymo, que é sobrinho do conselheiro e era servidor do Tribunal de Justiça. Mas, dias depois da operação, Danillo foi exonerado do cargo de comissionado no gabinete do desembargador Luiz Tadeu Barbosa Silva. O ministro determinou o uso de tornozeleira eletrônica pelos investigados.

A investigação ainda chegou a dois desembargadores aposentados: Júlio Roberto Siqueira Cardoso, em cuja residência foram encontrados R$ 2,7 milhões em espécie, e Divoncir Maran, que é investigado pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) por facilitar a fuga do narcotraficante Gerson Palermo, chefe de facção criminosa e condenado a 126 anos de prisão.

Alvos e acusações

Sérgio Fernandes Martins - As acusações incluem relação suspeita com o advogado Félix Nunes, ex-sócio do desembargador. Mensagens obtidas pela PF sugerem negociações de decisões judiciais. Além disso, foi identificado um aumento patrimonial significativo, incluindo a compra de gado e veículos com dinheiro em espécie.

Em pronunciamento público sobre o cargo, quando deixou a presidência do Tribunal de Justiça, Martins reclamou que a investigação foi frágil e enviesada, além de relatar perseguição.

"Não poderia jamais deixar aqui um vazio em torno de acontecimentos recentes, amplamente repercutidos na mídia local e nacional, sobre o que tentaram de maneira canhestra e covarde, macular minha honra, atingir minha família e colocar em dúvida minha história, sempre pautada pela honradez, pelo dever republicano e pelo respeito às leis", declarou em 31 de janeiro.

Sideni Soncini Pimentel -  O filho do desembargador, Rodrigo Pimentel, é apontado como peça-chave no esquema. Transferências bancárias entre Rodrigo e outros investigados reforçam as suspeitas. A PF também identificou ocultação de bens por parte de sua filha, Renata Pimentel, envolvendo valores acima de R$ 4 milhões.

Vladimir Abreu da Silva - Os filhos do magistrado, Ana Carolina e Marcus Vinícius Abreu, operavam escritórios de advocacia que receberam centenas de depósitos em espécie entre 2014 e 2023. A investigação aponta confusão patrimonial entre os filhos e o magistrado, além de movimentações financeiras incompatíveis com os rendimentos declarados.

Alexandre Aguiar Bastos - As suspeitas incluem aquisições de imóveis e veículos sem correspondência em movimentações bancárias, além de pagamentos em espécie. O seu escritório de advocacia, agora gerido por seus filhos, manteve contratos com prefeituras enquanto processos envolvendo essas mesmas prefeituras eram julgados pelo desembargador.

Filha de Alexandre, a advogada Camila Bastos declarou ao Campo Grande News que jamais vendeu sentença. Na entrevista em 28 de outubro, ela relatou que teve a carreira atingida de forma brutal pela operação.

Marcos José de Brito Rodrigues -  É acusado de interferir em decisões de outros magistrados para beneficiar partes específicas. As investigações também sugerem o envolvimento de seus filhos no esquema, em parceria com o desembargador aposentado Divoncir Maran.

Osmar Jeronymo – Conforme a PF, movimentações bancárias fortalecem a ligação do conselheiro do TCE e de sobrinhos às ilegalidades relacionadas às disputas por fazenda em Maracaju. O imóvel rural “puxa” suspeita de venda de sentença no Tribunal de Justiça. Decisão do TJ excluiu os parentes do conselheiro do processo e retirou a restrição de venda da fazenda.

Ao Campo Grande News, Osmar Jeronymo informou que não vai se manifestar porque o caso está sob sigilo, determinado pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

A reportagem não conseguiu contato com os demais citados.

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.

Nos siga no Google Notícias