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Capital

Com macas retidas, Samu tem 27 pacientes aguardando transferência na Capital

Macas retidas na Santa Casa geram “efeito cascata”, que compromete o atendimento nas ambulâncias

Adriano Fernandes | 14/02/2022 20:27
Fila de viaturas do Samu, na Capital. (Foto: Marcos Maluf) 
Fila de viaturas do Samu, na Capital. (Foto: Marcos Maluf)

Pelo menos 27 pacientes aguardam transferência para as unidades de saúde da Capital, enquanto as macas do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) estão retidas na Santa Casa de Campo Grande. A situação gera um “efeito cascata”, que compromete a assistência aos pacientes através das ambulâncias.

Internada com um grave quadro clínico de pneumonia, Alessandra de Oliveira Tamasato Fernandes, de 35 anos, está desde às 15h aguardando transferência da UPA (Unidade de Pronto Atendimento Comunitário) para o Hospital Universitário. Irmão da paciente, Roberto Cesar de Oliveira Tamasato Fernandes conta que Alessandra precisou ser internada neste domingo (13).

Nesta tarde, o quadro clínico da paciente piorou e os médicos chegaram a cogitar a hipótese de intubá-la, mas a família pediu que o procedimento fosse adiado até que eles conseguissem uma vaga em algum hospital. Diante da impossibilidade de transporte através do Samu, por conta da falta de macas, a família até entrou em contato com o Corpo de Bombeiros.

“Uma viatura chegou a ir na unidade, no entanto, a médica não recomendou o transporte, pois a viatura não tinha todos os equipamentos para reanimar a minha irmã no caso de alguma intercorrência”, comenta Roberto. Além do temor pela piora no quadro clínico de Alessandra, a família teme que a paciente acabe perdendo a vaga, diante da demora na transferência.

“Ela está com baixa oxigenação, teve de ser colocada em posição prona para melhorar a função dos pulmões. O estado dela é crítico então ela precisa ser internada em um hospital com mais estrutura”, desabafa Roberto.

Nesta noite (14), a família de Alessandra iniciou uma "vaquinha" para bancar o transporte da paciente em uma ambulância particular.

Sem previsão - Coordenador do Samu, Ricardo Rapassi, informa que ainda não há previsão para a transferência de Alessandra. “Ainda temos transporte de ontem no aguardo”, comenta. Nesta tarde, o Samu chegou a ter apenas 2 viaturas operando em toda a Capital por falta de maca. Ao todo, 14 ambulâncias prestam atendimento aos pacientes da cidade em dias normais.

Nesta noite, as macas começaram a ser liberadas pelo hospital, mas até por volta das 20h, ainda havia pelo menos 4 macas retidas na Santa Casa. Diante de situações como a de hoje, Rapassi explica que as transferências vão sendo feitas de acordo com a gravidade do quadro clínico dos pacientes que estão na “fila de espera”.

A prioridade é dada às vítimas de acidentes e pacientes aguardando transferência das suas residências, "uma vez que os pacientes das UPAs já estão sob cuidados médicos”, completa Rapassi.

Santa Casa – Procurado pela reportagem, o presidente da Santa Casa Heitor Rodrigues Freire explicou que as macas estão retidas no hospital devido ao grande número de pacientes que foram encaminhadas para a unidade nesta segunda-feira (14). Inclusive, aqueles encaminhados como “vaga zero”, cujo atendimento não pode ser negado pelo hospital, por conta da gravidade do quadro clínico.

Devido à falta de leitos para suprir a grande demanda de pessoas internadas, os pacientes acabam permanecendo nas macas, aguardando atendimento. “Mas assim que eles são encaminhados para os quartos, devolvemos as macas para o Samu. As macas ficam retidas, porque não temos onde colocar todos os pacientes. É um problema que ocorre ocasionalmente”, conclui.

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