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Contra JBS, moradores garantem que cheiro não vem do lago de fábrica de bebidas

JBS atribuiu mau cheiro a Refriko, fábrica de bebidas, há 2,4 quilômetros de distância do frigorífico

Por Natália Olliver | 16/05/2024 12:50
Lago da fábrica de refrigerantes Refiko, no bairro Nova Campo Grande, na Capital (Foto: Henrique Kawaminami)
Lago da fábrica de refrigerantes Refiko, no bairro Nova Campo Grande, na Capital (Foto: Henrique Kawaminami)

Moradores ao redor das fábricas de carnes JBS e Refriko - de refrigerantes, energéticos, cervejas e destilados -, dizem que podridão no bairro Nova Campo Grande não é causada pelo lago da fábrica de bebidas. O frigorífico atribuiu o odor ao vizinho, localizado na Avenida Annes Salim Saad, no Núcleo Industrial, em Campo Grande. A distância entre as fábricas é de aproximadamente 2,4 quilômetros.

A dona de casa, Rosângela da Silva, de 41 anos, conta que não sabe dizer se o odor é de queimado ou azedo. “Tem o lago ali, mas acredito que não seja dele o fedor. Isso acontece quando eles soltam fumaça pela chaminé, chega a queimar o nariz, é muito forte”

Ela mora há 14 anos no local e acrescenta que, se fosse do lago, conseguiria sentir mais perto. “A situação piora quando o frio chega, parece que fica mais forte. É horrível, fora as moscas que vem junto”.

Rosângela da Silva, moradora vizinha de fábrica de bebidas (Foto: Henrique Kawaminami)
Rosângela da Silva, moradora vizinha de fábrica de bebidas (Foto: Henrique Kawaminami)

João Augusto Pereira, de 57 anos, outro vizinho da fábrica de bebidas, está há 8 no lugar. Ele se considera sortudo em não sentir o cheiro forte e também acredita que o lago não seja o responsável.

“Pelo menos na minha casa o cheiro não chega. Acho que dei sorte de morar num bolsão. Mas quando eu preciso ir ao mercado, padaria aqui do bairro, aí eu sinto mau cheiro. O problema é que a gente vive em volta dessas empresas e acaba sofrendo com isso. Desde que cheguei aqui sempre foi assim”.

Já a moradora, que não quis se identificar, está há três anos próximo ao lago. Para ela, o fedor é originado das águas formadas por restos de resíduos. Ela pontua que a situação já “estampou”, visitas da casa.

“O lago solta um cheiro forte principalmente no final da tarde. Não é toda hora que fede, mas às vezes sim e incomoda bastante. Porém acho que já me acostumei, só lembro do cheiro quando vem alguém na minha casa e comenta sobre o fedor. Mas querendo ou não é complicado. É um cheiro que vem de tudo quanto é lado”.

Mapa com imagem de satélite apontado a localização da JBS e da Lagoa da Refriko (Foto: Reprodução)
Mapa com imagem de satélite apontado a localização da JBS e da Lagoa da Refriko (Foto: Reprodução)

JBS - O frigorífico elaborou um relatório apresentando as medidas utilizadas para neutralizar a emissão de odores em suas operações, mas também atacou a vizinha, Refriko.

“Importante registrar que a percepção de odores para além dos limites do empreendimento e subjetiva e pode ser afetada pela existência de outras fontes de emissão de substâncias odoríferas, o que ocorre na região, uma vez que o frigorífico está localizado em região onde estão localizadas outras indústrias, como curtume, graxaria e estação de tratamento de esgoto doméstico”, pontuou a JBS no relatório de ações desenvolvidas pela empresa.

Diante de uma série de ações exigindo compensação por danos morais e materiais para residentes do Bairro Nova Campo Grande, a defesa, a defesa da JBS contestou os processos, alegando que os advogados dos moradores estão praticando litigância predatória e má-fé.

Foram encontradas mais de 50 ações indenizatórias com a mesma causa e ajuizadas pelo mesmo escritório de advocacia “com contornos explícitos de litigância predatória” e “dispersando a discussão em inúmeros juízos, o que dificulta sobremaneira o direito de resposta”.

Resposta - O dono da Refriko, não recebeu a equipe de reportagem e disse que estará disponível apenas nesta sexta-feira (17) para esclarecimento das acusações.

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