Dois meses após denúncias, prefeitura começa a limpar Praça dos Imigrantes
Mas não há prazo para retomar as obras, porque prefeitura não tem dinheiro
No dia 10 de janeiro, o Campo Grande News ouviu o apelo de moradores que não aguentavam mais a obra sem fim na Praça dos Imigrantes, na região central de Campo Grande. Dois meses depois, finalmente, a prefeitura agiu. Na manhã desta sexta-feira, trabalhadores começaram a retirar entulhos acumulados ao longo do ano, da obra parada desde agosto de 2023, menos de dois meses depois de iniciada.
Segundo a prefeitura, será feita apenas a limpeza, porque o Município espera recursos para continuar a revitalização.
No final do ano passado, as reclamações começaram. Vizinhos do local ficaram indignados ao ver a deterioração do espaço. Os antigos boxes estão com portas arrombadas, com muita terra, restos de construção, móveis quebrados, e os banheiros foram destruídos. Tem entulho, lixo espalhado, cheiro de urinas e fezes.
Nesta sexta, equipe de 20 profissionais chegou cedo à praça, com apoio da Guarda Civil Metropolitana, para retirar pessoas que fizeram do lugar um "abrigo". Moradores da região também reclamavam que o espaço virou ponto de uso de drogas. Realmente, o cenário era de barracos montados em todos os cantos. Até um sofá foi retirado da área.
Quando os servidores chegaram, algumas pessoas em situação de rua ainda estavam acordando. Segundo a Guarda Civil, sete foram orientadas a deixar a praça. Como a Secretaria de Assistência Social não foi mobilizada para participar da ação, nenhum deles foi encaminhado a projetos sociais.
Abandono - Foram 22 anos sem revitalização e, quando o projeto parecia andar, os serviços pararam. Localizada entre as ruas Rui Barbosa, Barão de Melgaço e Joaquim Murtinho, no Centro de Campo Grande, a praça precisa de calçada nova, substituição da rede elétrica e banheiros, além de recuperação de quiosques que viraram moradia para população de rua.
O valor total da obra com participação da Prefeitura de Campo Grande, Caixa Econômica Federal e Ministério do Turismo é de R$ 226.182,22.
O lugar virou referência na venda de artesanato e, nos bons tempos, também de eventos culturais como feiras que movimentavam o Centro.
""Antes era bacana, tinha noite cultural, apresentações. É um dos espaços mais antigos de Campo Grande. Tinha até baile... Agora dá tristeza de ver isso. Faz um ano e pouco e que não vou, a gente tem medo. Tiraram tudo vai fazer o que? Nada. Pensamos que ia arrumar, mas nada, abandonou", reclama o comerciante Anderson Ortega, 54anos dono de uma loja de assistências técnica na região.
A avó de Adriano Barbosa de Souza vive há mais de 30 anos ao lado da praça. Por isso, muitas são as lembrança do lugar movimentado. "Tinha feira orgânica, tinha cultura, um barzinho. Sempre ia com meu tio, tinha até feijoada ali. Campo Grande perde muito com isso", avalia sobre o "abandono".
A Praça dos Imigrantes é palco da história de Campo Grande desde 1888, quando sediava casamentos, desfiles e servia de estacionamento para carros de boi. Em 1912, a Praça recebeu a denominação de Costa Marque, em homenagem ao governador do Estado que, pela primeira vez, visitava o povoado.
Com o passar dos anos, ficou conhecida como Praça dos Imigrantes, enaltecendo a dedicação e a obra de pessoas de todas as partes do mundo que escolheram Campo Grande para viver. Em 2000, a Praça foi totalmente revitalizada e adaptada para funcionar também como Feira dos Artesãos.
