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Capital

Em Campo Grande, Amado Batista ataca colegas e defende Bolsonaro

Paulo Nonato de Souza | 30/01/2017 15:45
O cantor Amado Batista, durante entrevista para o repórter Marcelo Nunes, na Rádio Cultura AM de Campo Grande (Foto: Aline Arqueley/Rádio Cultura)
O cantor Amado Batista, durante entrevista para o repórter Marcelo Nunes, na Rádio Cultura AM de Campo Grande (Foto: Aline Arqueley/Rádio Cultura)

Em Campo Grande para divulgar o trabalho da cantora paranaense Juliana Valiati, o cantor popular Amado Batista, de 65 anos, um dos mais bem sucedidos artistas da música brasileira, não teve papas na língua ao falar de política e de corrupção no Brasil.

Durante entrevista para a Rádio Cultura AM, o cantor criticou os colegas do meio artístico Chico Buarque de Holanda, Jô Soares, Ivete Sangalo e Cláudia Leite por receberem, segundo ele, sem necessidade, recursos da lei federal de incentivo à cultura, mais conhecida por Lei Rouanet, e defendeu a candidatura do deputado federal pelo Rio de Janeiro, o paulista de Campinas Jair Bolsonaro (PSC), um militar da reserva do Exército, de 61 anos, para presidente do Brasil nas eleições de 2018.

“Nós estamos precisando de um presidente de pulso firme, que seja democrático, mas que seja firme. Temos que votar em um cara que realmente tenha credibilidade, que seja uma pessoa como nós. O Jair Bolsonaro, por exemplo. Mas não é só votar nele, não. Você tem que votar também em quem o apoia, porque se não o cara não terá como governar. Bolsonaro é um cara democrático, que tem pulso firme, e tenho certeza absoluta que você não irá ver nada de corrupção com ele”, declarou.

Amado Batista considera que o Brasil vive um bom momento na economia, e que o maior problema está na corrupção, com lastros não apenas na política, mas em todos os segmentos da sociedade, inclusive no Judiciário. Por isso, segundo ele, a eleição de um presidente de pulso firme iria ajudar o país a mudar de rumo.

“A situação econômica do País é boa, com uma inflação baixa em relação ao que já foi. Muita gente não lembra dos 86% de inflação que a gente tinha na época do Sarney (presidente do Brasil de 1985 a 1990), por exemplo. Hoje nós temos uma inflação de 6% a 7% ao ano, que é bem favorável, mas poderia ser menos. Se fosse nos Estados Unidos nós teríamos uma inflação de 1% ao ano ou meio por cento ao ano, né. Economicamente nós estamos bem. Estamos muito mal é com a corrução”, disse.

Segundo Amado Batista, a pirataria, que tem sido um drama para a classe artística, com sérios danos à economia brasileira pela comercialização de produtos falsificados, só existe por causa da corrupção. “A pirataria está aí mostrando isso. É a pessoa que paga para não ser fiscalizada, que paga a polícia para não ter mercadoria apreendida”, lamentou.

Corrupção no Ministério da Cultura – Sobre as suspeitas que envolvem a Lei Rouanet, responsável por viabilizar boa parte dos eventos culturais do país, depois de auditoria do TCU (Tribunal de Contas da União), que apontou falha de fiscalização e controle do Ministério da Cultura sobre 8 mil projetos culturais financiados por meio da concessão de renúncias fiscais previstas na lei, Amado Batista disse que isso mostra a realidade da corrupção por todos os lados, não só entre os políticos.

“Nós vimos informações de um cara que não gosta do nosso país, que adora Fidel Castro, que adora Cuba, mas em compensação ele levou R$ 13 milhões da Lei Rouanet, que é o Chico Buarque de Holanda. O Jô Soares levou não sei quanto, a Claudinha Leite levou R$ 6 milhões, a Ivete Sangalo não sei quantos milhões, entendeu? E essas pessoas não precisam disso. Eu acho isso horrível, mas eles estão dentro da lei. Se a lei existe, acho que não deveria existir uma lei para facilitar esse tipo de coisa. A lei deveria facilitar para arrumar emprego para as pessoas que precisam”, criticou.

Amado Batista veio a Campo Grande divulgar o trabalho da cantora paranaense Juliana Valiati (Foto: Divulgação)
Amado Batista veio a Campo Grande divulgar o trabalho da cantora paranaense Juliana Valiati (Foto: Divulgação)

O cantor avalia que é pela política que o Brasil pode construir seu caminho para um futuro melhor, com menos corrupção e mais investimentos em setores da sociedade que precisam do apoio do poder público, mas garante que nem passa pela sua cabeça seguir o exemplo de outros artistas, como seu amigo pessoal e também cantor Sérgio Reis, que é deputado federal por São Paulo.

“Em nenhum momento isso passa pela minha cabeça. O Sérgio Reis é meu amigo, meu irmão, mas está na política por vaidade. Ele queria ser deputado federal, mas é um cara que tem um coração maior que nós. Ele fica indignado com essas coisas que acontecem lá dentro. Pode ter certeza que ele é um dos caras que jamais alguém poderá contar para a corrupção. Ele está ali porque é um ser humano que gostaria de melhorar aquilo lá, mas é uma melhoria tão inexpressiva que não tem como mudar. Quer fazer, mas não tem como fazer”, declarou.

O buraco do BNDES - Amado Batista estima que 90% dos políticos estão contaminados com a corrupção, e o Brasil não consegue avançar como sociedade organizada e mais justa porque eles próprios aprovam leis para ficarem impunes.

“O Brasil não consegue sair dessa, porque eles arrumam um monte de leis. O Renan Calheiros (presidente do Senado) está fazendo de tudo para não ser investigado, porque ali o buraco é fundo, podem ter certeza disso”.

Para Amado Batista, o escândalo da Petrobras será coisa pequena perto do que poderá vir quando o foco for na direção do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), empresa do Governo Federal, também com sede no Rio de Janeiro, que tem o papel de financiar de longo prazo investimentos em todos os segmentos da economia.

“Vocês viram o buraco que foi na Petrobras. Todo mundo está envolvido. Imagina quando eles abrirem o buraco do BNDES? Ainda não abriram, mas vai ser muito pior que o buraco da Petrobrás”, prevê

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