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Capital

Em reconstituição, policial reafirma que matou em legítima defesa

Viviane Oliveira e Rafael Ribeiro | 11/01/2017 09:10
Policial rodoviário (de calça jeans e colete à prova de balas, dá a versão sobre o crime (Foto: Marcos Ermínio)
Policial rodoviário (de calça jeans e colete à prova de balas, dá a versão sobre o crime (Foto: Marcos Ermínio)

Depois de 3 horas, acabou por volta das 8h30 a reconstituição do assassinato a tiros do empresário Adriano Correia do Nascimento, 33 anos, pelo policial rodoviário federal Ricardo Hyun Su Moon, 47 anos, no dia 31 de dezembro, na Avenida Ernesto Geisel, região central de Campo Grande. Durante a reprodução de crime, o policial manteve a versão de que matou em legítima defesa.

Calmo a maior parte dos trabalhos, 'Coreia', como é conhecido, manteve a versão dada de que atirou em direção à caminhonete Hilux do empresário por pensar que ele o atropelaria. A informação é de investigadores que participaram da reconstituição.

O policial repetiu e demonstrou aos peritos e delegados do 1° DP que seguia para a rodoviária em sua Mitisubishi Pajero prata quando suspeitou das vítimas pela forma com que dirigiam e resolveu abordá-las após ter sido fechado.

Com uma réplica de pistola, o mesmo modelo da sua arma de trabalho usada no crime, ele mostrou aos peritos a maneira, local e distância de onde efetuou os sete disparos. Cinco deles atingiram Nascimento, que morreu no local.

'Coreia', indiciado por homicídio, usou colete à prova de balas e passou a maior parte do tempo conversando com os delegados presentes. Por pelo menos duas vezes, no cruzamento da avenida com a rua 26 de Agosto, contrariou o depoimento de Agnaldo Espinosa da Silva, 48 anos, e o filho dele de 17 anos, amigos do empresário que seguiam na caminhonete no dia do crime. Em uma delas, reforçou que se identificou como policial todo o tempo.

A delegada Daniela Kades, responsável pela investigação, não falou com a imprensa. A circunstância e andamento das investigações serão divulgadas em coletiva de imprensa agendada para às 8h30 do dia 17 deste mês.

Reconstituição, que durou 3 horas, começou nas primeiras horas do dia (Foto: Marcos Ermínio)
Reconstituição, que durou 3 horas, começou nas primeiras horas do dia (Foto: Marcos Ermínio)
Trânsito interditado para a reconstituição (Foto: Fernando Antunes)
Trânsito interditado para a reconstituição (Foto: Fernando Antunes)

Confronto - A polícia realizou uma espécie de reconstituição conflitante, ou seja, simultaneamente colheu as versões do PRF e dos dois amigos de Nascimento que estavam com ele no veículo, e também participam da reconstituição. Baseado nesses depoimentos, os peritos moveram os carros usados na simulação, analisaram distância é confrontaram as versões. 

As outras duas vítimas desmentiram 'Coreia' quando ele disse ter se identificado como PRF (Políca Rodoviária Federal) desde o início da confusão e que fizeram algo que justificasse ele ter feito os disparos. Confirmaram, no entanto, que houve troca de ofensas, segundo os investigadores. A polícia não confirmou se outras testemunhas e o advogado de 'Coreia' participaram da atividade.

Congestionamento - Devido à reconstituição da morte do empresário, dois trechos da avenida Ernesto Geisel, na região Central de Campo Grande, foram interditados por volta das 5h. Às 7h, horário de grande movimento, houve congestionamento nas imediações da avenida.

Prisão - O policial rodoviário federal está preso desde o dia 5 deste mês no Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros), quando a Justiça voltou atrás da decisão de lhe conceder liberdade provisória e acatou pedido de prisão preventiva feito pelo Ministério Público Estadual. Sua defesa está sob responsabilidade de Renê Siufi, pago por meio de vaquinha entre colegas do PRF (Polícia Rodoviária Federal).

Briga no trânsito - O policial conduzia uma Mitsubishi Pajero e efetuou disparos contra uma Hilux. O condutor da caminhonete foi atingido, perdeu o controle da direção e o veículo atingiu um poste de iluminação pública. O motivo do crime foi uma briga no trânsito.

Duas pessoas que estavam na caminhonete com Adriano ficaram feridas e foram socorridas. Segundo relato de uma mulher que chegou ao local logo após os disparos e acidente, o policial desceu com a arma em punho e discutiu com o rapaz baleado.

O crime, no último dia de 2016, chocou a cidade e protagonizou polêmica entre OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil) e Poder Judiciário.

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