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Capital

“Eram 2 armados contra 1”, dizem testemunhas que viram homem ser morto por PM

Clientes da tabacaria dizem ter ouvido três tiros e contestam que PM estivesse no local a lazer

Clayton Neves e Marcos Rivany | 01/11/2020 11:14
Amigos e familiares se despediram de Everton na manhã deste domingo (1°). (Foto: Paulo Francis)
Amigos e familiares se despediram de Everton na manhã deste domingo (1°). (Foto: Paulo Francis)

Para quem testemunhou a morte de Everton Massanti Cardoso dos Santos, de 35 anos, houve excesso na postura do policial militar e do segurança da tabacaria que abordaram a vítima durante confusão na madrugada de sábado (31). De acordo com clientes que estavam no local, a vítima teve duas armas de fogo apontadas em sua direção e foi baleada a curta distância.

As testemunhas preferem não se identificar por medo de represálias, mas contestam versão de que o PM, de 30 anos, estivesse no estabelecimento a lazer. “Ele estava trabalhando, era um dos seguranças da noite”, conta.

Segundo clientes da tabacaria, a briga começou porque Everton entrou no espaço com bebida comprada fora do estabelecimento, o que era proibido pela direção da casa. “Nisso, o PM estava trabalhando como segurança e pediu para que ele saísse”, conta um cliente.

Para Andrea Ressai, noiva de Everton, PM agiu com maldade. (Foto: Paulo Francis)
Para Andrea Ressai, noiva de Everton, PM agiu com maldade. (Foto: Paulo Francis)

Já do lado de fora, a vítima permaneceu encostada na grade do local, mas teria notado o momento em que o policial passou a se incomodar com a presença dele e dos amigos. “Começou a encher o saco e falar que ele era sem noção”, lembra outro cliente.

Revoltado com a situação, Everton teria se irritado e esperado o militar sair na área de entrada para tomar satisfação. “Ele ficou alterado, depois começou a discutir com o PM.  Logo depois veio o outro segurança e eles foram para o meio da rua brigando”, afirma.

No calor da briga, testemunhas afirmam que tanto o PM quanto o outro segurança apontaram arma para Evertom. “Nessa hora todo mundo se escondeu atrás de carros e só ouvimos barulho de três tiros”, explica.

Após ser baleada, a vítima permaneceu sentada no chão com marcas na virilha e na região da boca. “Mesmo assim eles ainda continuaram apontando a arma até ele cair”, revela.

Para quem viu a cena, houve excesso na abordagem. “Ele foi para cima para trocar soco, não estava armado, mas atiraram nele de muito perto”, comenta.

No velório, que aconteceu na manhã deste domingo (1°), familiares se despediram e cobraram por justiça. “Ele atirou para matar, era tiro de quem sabia. Agiu com maldade. Será que é pela cor? Se fosse branco teria acontecido isso?”, questionou a noiva de Everton, Andrea Ressai, de 44 anos.

O caso- Conforme boletim de ocorrência, o policial militar de 30 anos contou que já estava de saída quando presenciou desentendimento envolvendo um colega de 25 anos que fazia a segurança do estabelecimento. Ele tentou intervir para evitar que a situação se agravasse, mas não teve jeito.

Um grupo com ao menos cinco suspeitos passaram a agredir o segurança e o policial, que se identificou como PM, deu ordem de parada aos agressores e na sequência disparou em direção ao chão. Ainda conforme registro policial, um dos agressores, Everton, deu uma rasteira no PM, que se desequilibrou e como não conseguia se desvencilhar, atirou em direção ao rapaz, que estava muito alterado. O rapaz foi atingido e morreu no local.

Até este domingo, a Polícia Militar não se manifestou publicamente sobre o caso.

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