“Está sendo paga pela organização", diz acusação sobre troca de versão de Eliane
Mulher de Marcelo Rios buscou ajuda e proteção com a polícia, mas hoje acusa de tortura psicológica
Em fala de 88 minutos, o promotor Moisés Casarotto, que atua na acusação de Jamil Name Filho, Marcelo Rios e Vladenilson Daniel Olmedo sobre a morte de Matheus Coutinho Xavier, evidenciou aos jurados que a esposa de Rios, Eliane Benitez Batalha dos Santos, mudou sua versão sobre o caso.
Em maio de 2019, um mês depois do crime, quando o marido foi preso em flagrante e revelou arsenal em casa da família Name no bairro Monte Líbano, ela procurou apoio no Garras (Delegacia Especializada em Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros) e também foi ouvida pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado).
Na ocasião, conforme vídeos mostrados durante o júri, ela contou que sabia da casa de armas, que o marido trabalhava como segurança dos Name e que temia pela vida dela e dos filhos. “Com a prisão de Rios, em flagrante em maio de 2019, todos entram em pavor”, diz o promotor sobre os réus.
Meses depois, em agosto, ela depõe novamente, pedindo ajuda para ficar segura e após apreensões da Operação Omertà, em setembro de 2019, a investigação encontra arquivos que mostram aumento de pagamentos em nome de Marcelo Rios. Ele alegava receber R$ 1,2 mil como salário.
“11 de novembro de 2019, R$ 5 mil e quem assina? Eliane. É exatamente como ela assinou no Gaeco. Nem precisa de exame grafotécnico. Marcelo Rios antes era R$ 1,2 mil, mas a Eliane fica mais cara, né? R$ 5 mil em 16 de dezembro de 2019”, revela.
O promotor mostra ainda que há imagens que mostram Eliane no banco com capangas da família Name, entre eles Vlad. “A organização começa a assediá-la”, sustenta, ao mostrar páginas do inquérito aos jurados. “Tem imagens dela recebendo dinheiro, o Vlad leva ela (ao banco) e pelo georreferenciamento o Vlad saiu de onde, a localização? Da casa dos Name”.
“Ela está sendo paga pela organização e aí a gente entende a troca, né?”, questiona Casarotto ao comentar a alteração de versões de Eliane junto ao Garras e ao Gaeco entre maio de agosto de 2019, e depois disso até agora, durante o júri. Ela acusou policiais do Garras de tortura psicológica contra ela e os filhos enquanto esteve na delegacia.
O júri deve terminar ainda hoje, após as 21 horas, com a apresentação dos dados de acusação e de defesa.
Confira a galeria de imagens:
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