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Capital

Fila da casa própria não anda e número de favelas "explode"

Filipe Prado | 07/06/2014 11:33
Com  crescimento, atualmente são cerca de cinco favelas em Campo Grande (Foto: Marcelo Victor)
Com crescimento, atualmente são cerca de cinco favelas em Campo Grande (Foto: Marcelo Victor)

Com déficit de 83 mil residências, as favelas voltam a crescer em Campo Grande e moradores esperam na fila para receber casas da prefeitura. Atualmente em Campo Grande existem cerca de cinco favelas. A mais populosa é a Cidade de Deus, no Bairro Dom Antônio Barbosa, onde autônomo Nelson Martins, 25 anos, mora há seis meses. Ele pagava R$ 350 de aluguel, então resolveu se mudar para a favela. “Agora não preciso mais pagar o aluguel e invisto nos meu filho”, comentou. Ele mora com a esposa e mais quatro filhos, de um a 10 anos.

Cadastrado há oito anos na Emha (Agência Municipal de Habitação), Nelson ainda não conseguiu ser beneficiado com uma casa ainda. “Eles não falam nada, só pedem para que renovemos nosso cadastro. Ficamos sem explicação”, contou.

Recebendo cerca de R$ 800 por mês, o autônomo não tem para onde ir ou renda suficiente para comprar uma casa e percebeu que há novos moradores na Cidade de Deus com o mesmo problema. “Está crescendo bastante a favela. O aluguel está muito caro”, afirmou.

Há mais tempo na favela, a aposentada Angela Vaes, 51, formou uma pequena “vila” com os familiares. São doze pessoas morando no mesmo lote, divididos em cinco barracos. Ela e parte da família se cadastrou na Emha há quase três anos, mas ainda não receberam casas.

Angela mora na Cidade de Deus com toda a família, cerca de 12 pessoas (Foto: Marcelo Victor)
Angela mora na Cidade de Deus com toda a família, cerca de 12 pessoas (Foto: Marcelo Victor)

“Falaram que depois da Copa iriam entregar as nossas casas”, assegurou a aposentada. Como a maioria dos moradores, ela se mudou para a favela para não precisar pagar aluguel. “Eu pagava R$ 400 de aluguel”, comentou.

A filha de Angela, Ramona Almeida Vaes, 32, não conseguiu se cadastrar no programa. Mesmo com esperanças, ela não sabe o que fazer. “Já fui lá e eles não quiseram fazer o cadastro. Não sei o porquê”, revelou.

Mas a família ainda pretende sair da Cidade de Deus. “Mesmo se eu precisar pagar, eu vou conseguir uma casa. Não tenho para onde ir”, alegou Angela.

Conforme a diretora-presidente da Emha, Marta Lucia da Silva Martinez, atualmente 160 mil pessoas são inscritas no programa, 72 mil no Minha Casa, Minha Vida. O déficit, de acordo com o Plano Municipal de Habitação de 2010, para quem recebe de zero a três salários mínimos, é de 34.866 mil residências e, para três e cinco salários, 48.171 mil.

Os moradores da Cidade dos Anjos, no Aero Rancho, sentem este déficit “na pele”. As 66 famílias que moram no local há cerca de um ano e cinco meses, ainda não sabem quando receberão as casas. “Até agora não tem nada, não tem casa. O prefeito não nos atende”, constatou a líder da favela Marilene da Conceição Bezerra, 30.

“Não pedimos nada de graça”, completou Marilene. A favela foi construída em uma área da prefeitura, que foi invadida pelos moradores.

Morando há sete anos em uma favela, a vendedora Fernanda Rodrigues, 19, está há dois anos com cadastro ativo na Emha. Ela se mudou com a mãe, aos treze, para Portelinha e após o casamento voltou para a favela.

“Estou esperando a casa. Mudamos para cá para não pagar mais aluguel, para não passar mais sufoco”, revelou a vendedora.

A diretora-presidente da Emha revelou que o déficit, até 2015, pode ser zerado, caso a produção de casa continue a mesma até a data. “Se anualmente conseguirmos uma produção de 4.800, nós zeramos este déficit habitacional. É claro, mantendo a mesma lógica de crescimento”, admitiu.

Ela explicou que até janeiro de 2015, cerca de 6.126 casas serão entregues para estes moradores. “Começamos a entregar no dia 10 de junho”, garantiu Marta.

Marilene afirmou que as 66 famílias da Cidade dos Anjos ainda não receberam as casas (Foto: Marcelo Victor)
Marilene afirmou que as 66 famílias da Cidade dos Anjos ainda não receberam as casas (Foto: Marcelo Victor)
Ramona foi para na favela para não precisar para o aluguel (Foto: Marcelo Victor)
Ramona foi para na favela para não precisar para o aluguel (Foto: Marcelo Victor)
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