Trabalhador paga a conta da greve gastando "o que não tem" com aplicativo
Corrida chegou a custar 70% a mais do que em dias normais e valor ainda oscilou durante a manhã
A paralisação total do transporte coletivo na manhã desta segunda-feira (15) reflete diretamente no bolso dos trabalhadores que dependem dos ônibus para deslocamento. A greve dos motoristas do Consórcio Guaicurus, motivada pelo atraso no pagamento de salários e benefícios, deixou terminais e pontos de ônibus vazios e obrigou usuários a recorrerem a alternativas como aplicativos de transporte.
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A greve dos motoristas do Consórcio Guaicurus em Campo Grande afeta mais de 100 mil usuários do transporte coletivo. A paralisação, motivada pelo atraso no pagamento de salários e benefícios, obrigou trabalhadores a buscarem alternativas mais caras, como aplicativos de transporte. O impacto financeiro é significativo para os usuários. Trabalhadores relatam que as corridas por aplicativo chegam a custar o dobro do valor habitual, comprometendo grande parte de suas diárias. Sem previsão de retorno dos ônibus, a categoria mantém a greve até a quitação total dos pagamentos pendentes.
De acordo com a panfletista Maria Alice Oliveira, de 21 anos, ela contou que recebe R$ 80 por dia e que, hoje, a corrida de aplicativo custou quase R$ 50, ou seja, pouco mais da metade da diária dela. A jovem percorre cerca de 24 km para ir e voltar.
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“Venho do Coophavilla II e normalmente quando preciso pegar o carro de aplicativo a corrida não passa dos R$ 26. Eu até pensei que os ônibus voltariam a circular depois de algumas horas, mas não voltou e precisei da corrida que custou quase 50 reais”, disse a panfletista.
Ao Campo Grande News, ela afirmou que se continuar dependendo do aplicativo vai acabar pesando no orçamento. “Vai dificultar muito. Até porque nem todo dia a gente tem dinheiro. Se botar na ponta do lápis, vou acabar pagando para trabalhar”, afirmou Maria Alice.
Uma alternativa encontrada pela vendedora Ketlen Jacinto, 24 anos, foi dividir a corrida com uma amiga. Ela saiu do Bairro Caiçara, passou no Jardim São Conrado e ambas foram juntas para o Centro por R$ 40, valor bem acima do que pagaria em um dia normal.
“Eu pago em dia normal, R$ 15. Na última paralisação chegou a custar R$ 70, mas acabei nem precisando porque os ônibus voltaram rápido a circular. Agora se continuar em greve vai impactar muito no fim do mês. Nós trabalhamos a semana toda e esse dinheiro vai fazer diferença porque seria usado para pagar outra coisa”, pontuou a vendedora.
Diferente delas, o motorista Nilson Figueiredo, 45 anos, acabou pegando uma promoção e pagou R$ 17 na corrida que geralmente custa 40. O trabalhador sai do Bairro Jardim Noroeste e vai até as Moreninhas todos os dias, mas afirma que o valor vai impactar no fim do mês.
“Se precisar pegar o aplicativo todo dia vai ser um impacto grande, até porque com essa greve, amanhã não vou conseguir uma promoção dessas. Esse valor dá pelo menos metade da minha diária e no fim do mês vai ser quase metade do salário, vai apertar bastante", alegou.
Greve - Segundo o STTU-CG (Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande), a categoria ficou em casa porque o pagamento do salário de novembro, do 13º salário e do adiantamento salarial não foi quitado de forma integral, mesmo após o consórcio pagar apenas metade dos valores devidos na última sexta-feira (12).
A paralisação dos motoristas afeta mais de 100 mil usuários do transporte coletivo na Capital, entre trabalhadores, estudantes e demais cidadãos que dependem do serviço diariamente. A categoria decidiu manter a greve após assembleia, exigindo a quitação total dos salários e benefícios pendentes para retomar as atividades.
Até o momento, não há previsão de retorno dos ônibus às ruas, e a situação segue gerando transtornos na mobilidade urbana, com impacto notável no orçamento de quem precisa trabalhar ou realizar compromissos fora de casa.





