“Insalubre e defasado”, dizem profissionais da saúde em audiência na Câmara
Trabalhadores denunciaram superlotação, estresse e medo de retaliação

Falta de medicamentos, ameaças, sobrecarga de trabalho e esgotamento emocional foram algumas das queixas levadas por médicos e profissionais da enfermagem à audiência pública realizada na manhã desta segunda-feira (4), na Câmara Municipal de Campo Grande. O encontro foi proposto pelo vereador Juari Lopes, o Professor Juari (PSDB), que também presidiu a discussão, com apoio do vereador Flávio Pereira, Flávio Cabo Almi (PSDB).
RESUMO
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Profissionais da saúde relatam colapso na rede pública de Campo Grande. Em audiência na Câmara Municipal, médicos e enfermeiros denunciaram a falta de medicamentos, sobrecarga de trabalho, ameaças e esgotamento emocional. O Sinmed-MS (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul) apontou ambiente insalubre, falta de estrutura e colapso emocional dos servidores. Relatos de ameaças e críticas à falta de diálogo com a gestão municipal marcaram o debate. O Coren-MS (Conselho Regional de Enfermagem) denunciou a falta de repouso e suporte emocional, citando o suicídio recente de um profissional. A necessidade de acolhimento e escuta foi reforçada por pesquisadora da Fiocruz, que apontou a saúde mental como uma das principais causas de adoecimento entre os trabalhadores.
As falas apontaram um cenário de colapso emocional entre servidores da saúde pública da Capital. “Trabalhar na rede pública é enfrentar um ambiente insalubre e defasado”, afirmou o presidente do Sinmed-MS (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul), Marcelo Santana Silveira. Segundo ele, faltam condições básicas de conforto, tanto para pacientes quanto para os trabalhadores, que já acumulam estresse, medo, desânimo e frustração.
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O debate foi marcado por relatos de ameaças sofridas durante o plantão e por críticas à falta de diálogo com a gestão municipal. “A Sesau [Secretaria Municipal de Saúde] precisa ouvir mais seus servidores”, disse Juari. “Estamos aqui para fazer essa ponte com a prefeitura”, completou.
A vice-presidente do Sinmed, Rosimeire Arias Lima, alertou que muitos profissionais têm medo de se manifestar, por temerem retaliações. “Cuidar da saúde de quem trabalha na saúde não é só humanidade, é estratégia para melhorar o serviço público”, afirmou.
A situação também foi abordada por Leandro Afonso Rabelo, do Coren-MS (Conselho Regional de Enfermagem), que lembrou o recente suicídio de um profissional da enfermagem e denunciou a falta de repouso digno e de suporte emocional. “Quantos mais vão tirar a própria vida por causa da sobrecarga e das agressões que sofrem?”, questionou.
Pesquisadora da Fiocruz, Silvia Helena lembrou que a saúde mental está entre as três principais causas de adoecimento entre trabalhadores e reforçou a importância de acolher e escutar os profissionais. “O trabalho não pode ser fator de adoecimento”, pontuou.
O Campo Grande News questionou sobre quais medidas estão sendo tomadas pela Sesau com relação ao ambiente de trabalho dos profissionais de saúde, mas ainda não houve retorno. O espaço está aberto para esclarecimentos.
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