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Capital

Junto com policial penal, PCC planejava matar 5 agentes e também membros do CV

Até bilhete com a "planta" da Penitenciária da Gameleira foi interceptado pelo Gaeco

Lucia Morel | 20/09/2022 17:58
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Denúncia do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) detalha a atuação do policial penal Eder William Ador, 41 anos, como pombo-correio do PCC (Primeiro Comando da Capital) dentro da PEMRFG (Penitenciária Estadual Masculina de Regime Fechado da Gameleira). Ele recebia vantagem financeira (propina) pelos serviços, mas o valor que teria recebido não foi informado nos autos.

Através de bilhetes que o policial repassava entre os integrantes da facção dentro do presídio, planejava-se a morte de cinco agentes penais que não se corrompiam às investidas do grupo e ainda a entrada de espetos que seriam usados em ataque a presos do pavilhão 4 da PEMRFG, chamada de “Super Máxima”.

O uso de bilhetes tornou-se usual para práticas de crimes porque a Penitenciária da Gameleira tem regime de segurança mais eficaz, havendo total dificuldade na entrada, por exemplo, de aparelhos celulares. Com isso, em papel, as mensagens eram repassadas entre os integrantes da facção através de Eder.

Entre esses bilhetes, havia um – interceptado em abril do ano passado – que mostrava a intenção de assassinar ao menos cinco policiais penais, “De fato, no dia 20 de abril de 2021, foi apreendido bilhete na Penitenciária Masculina de Regime Fechado da Gameleira contendo ordens expressas para o extermínio de ao menos 5 policiais penais com atuação naquele estabelecimento prisional (“[...] vamos deita pelo menos uns cinco vermes dessa unidade ai nois vai ver como que os outros que ficar vivo vai tratar nois aqui , vai pedir até licença pra nois vocês vai ver [sic]”)”.

Eder, em imagem de rede social captada pelo Gaeco. (Foto: Reprodução processo)
Eder, em imagem de rede social captada pelo Gaeco. (Foto: Reprodução processo)

Também falava em matar presos do pavilhão 4, que são do Comando Vermelho, facção rival do PCC e combinavam que o policial penal providenciasse “10 ferro com ponta pra nois ter uns ispeto aqui [sic]”, os quais seriam distribuídos entre os dois pavilhões dedicados ao PCC (“ai nois deixa um pouco ai é um pouco aqui que nois vai precisar na hora que for toma esse 4 ai dos lixo [sic]”)”.

O plano não se consumou porque Eder foi transferido do local em março do ano passado, o que ficou evidenciado também em bilhete. Nele, o Gaeco registrou que o policial penal tinha feito acordo de entrar com celulares no presídio e entregar aos integrantes do PCC presos, pelo valor de R$ 15 mil cada. Com os aparelhos, seria possível planejar com mais eficácia as mortes.

Em outro bilhete, até “planta” do Presídio da Gameleira foi apreendida. Nela, havia a altura dos muros e detalhes de salas da chefia, pavilhões e até a casa de armas.

Nesse caso, além de Eder, que está preso no Centro de Triagem Anísio Lima, foram também denunciados Elson Pereira Dos Santos, vulgo “Gordinho” ou “Quase nada”, recluso no Presídio Federal de Mossoró (RN); Márcio de Oliveira Ferreira, vulgo “Lewandosviski”; Osmar do Amaral, vulgo “Carro véio”, e Rodrigo Andrade da Silva, vulgo “Parangolé”, todos presos na Máxima de Campo Grande.

Outro caso – também é denunciado envolvimento de Eder na troca de mensagens entre Lucas Silva Costa, vulgo “Lukinhas”, custodiado na Penitenciária Estadual Masculina de Regime Fechado da Gameleira I e seus familiares. Lucas já havia sido preso duas vezes durante a operação Omertà, apontado como “cobrador” do esquema de agiotagem chefiado pela família Name.

Lucas, em imagem resgatada no celular dele, pelo Gaeco; o dinheiro seria de ações ilícitas, como agiotagem para a família Name. (Foto: Reprodução processo)
Lucas, em imagem resgatada no celular dele, pelo Gaeco; o dinheiro seria de ações ilícitas, como agiotagem para a família Name. (Foto: Reprodução processo)

Em uma dessas vezes, entre junho de 2020 a setembro de 2021, Lucas “passou a encaminhar, por meio de Eder William Ador, mensagens a Ramon Sarkis Cunha, Luana da Silva Costa e Andressa de Brito, a fim de que estes dessem continuidade às atividades criminosas que ele cometia quando estava em liberdade”.

Os três últimos citados são, respectivamente, cunhado, irmã e esposa de Lucas, também denunciados, mas que estão em liberdade, cumprindo apenas medidas cautelares. A relação entre o policial penal e a família de Lucas se manteve inclusive quando este saiu da prisão, com Eder participando de confraternização com eles.

Os pedidos do Gaeco na ação são de demissão de Eder, que passa a responder, na 4ª Vara Criminal por integrar organização criminosa e corrupção passiva e ativa. Os integrantes do PCC passam a responder, mais uma vez, por organização criminosa e Lucas e seus familiares por oferecer vantagem indevida a agente público.

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