Preso 2x na Omertà, despachante é outro alvo de ação sobre bilhetes em presídio
Lucas Silva Costa, 30 anos foi preso na manhã de hoje em uma garagem de carros na região das Moreninhas
![Lucas Silva Costa já havia sido preso duas vezes na operação Omertà. (Foto: Reprodução | Redes Sociais)](https://cdn6.campograndenews.com.br/uploads/noticias/2022/09/05/387zwabinx44c.jpeg)
Lucas Silva Costa, 30 anos, também foi preso, junto com o policial penal Éder William Ador, 40 anos, na Operação Bilhete, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado). O rapaz já havia sido preso duas vezes durante a operação Omertà, apontado como “cobrador” do esquema de agiotagem chefiado pela família Name.
Nesta segunda-feira (5), tanto Lucas, quanto Eder, foram alvos de mandados de prisão na operação que investiga o policial penal, suspeito de ser mensageiro de integrantes da organização criminosa alvo da operação Omertà e de membros do PCC (Primeiro Comando da Capital).
O despachante foi preso pela primeira vez em março de 2020. Na ocasião, ele esta em uma residência na Rua Israelândia, no Bairro Cidade Morena, em Campo Grande. O local foi alvo de busca e apreensão durante a segunda fase da Omertà.
No quintal da casa havia pelo menos três veículos, entre eles um Camaro branco e, apesar da ordem judicial ser apenas de busca e apreensão, Lucas foi preso por estar com munição irregular.
Em depoimento ele administrou que em 2017 já havia sido flagrado pela Derf (Delegcia de Roubos e Furtos) com um revólver e que as munições apreendidas em 2020 teriam ficado para trás. Ele foi indiciado por posse irregular de arma de fogo de uso permitido e acabou sendo liberado após pagamento de fiança no valor de R$ 1.045,00.
No entanto, menos de 24 horas após ser solto , o despachante acabou sendo preso novamente, na mesma casa no Bairro Cidade Morena. Na ocasião, policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar receberam novas denúncias envolvendo Lucas e em vistoria, na residência, encontraram em um dos quartos um revólver calibre 38, sem registro.
Em depoimento, ele afirmou que a arma pertencia ao amigo com que dividia a casa. Mesmo assim foi preso em flagrante e levado para o Garras (Delegacia Especializada Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros), durante a 3ª fase da Omertà.
À época, o então advogado do rapaz, relatou que o despachante negou envolvimento com a organização criminosa, mas contou que conhecia um homem que foi preso na 2ª fase da operação, que teria ligação direta com a família Name. Trabalhando como despachante, ele relatou que possui negócios relacionados a venda de veículos com esse homem e acredita que tenha tido o nome associado apenas por conhecê-lo.
Lucas acabou sendo solto no dia 21 de setembro de 2021. Conforme publicação no Diário da Justiça, a prisão do despachante foi substituída por medidas cautelares como não mudar de residência sem prévia comunicação ao juízo, não se ausentar por mais de 8 dias da comarca sem prévia autorização, comparecer a todos os atos do processo, proibição de contato com os acusados e testemunhas dos processos da Omertà.
Além de recolhimento domiciliar noturno entre 20h e 6h, de segunda a sexta e durante o dia todo aos sábados, domingos e feriados e a monitoração eletrônica por tornozeleira, por 180 dias.
O despachante foi preso hoje, em uma garagem de carros na região das Moreninhas, durante cumprimento de mandado expedido 7º Vara Criminal e assinado pelo juiz Mário José Esbalqueiro Júnior.
Policial penal - Já Eder William Ador, responde por um processo por violência doméstica, após ser acusado de arremessar pedras no telhado da casa da ex-esposa e tentar agredi-la a pedradas quando ela saiu da casa.
Conforme apurado pelos agentes do Gaeco, função do servidor era repassar informações por meio de bilhetes de papéis e também fornecer aparelhos celulares. A partir disso, viabilizava a ordem para crimes como sequestros, furtos e, inclusive, operacionalização de homicídios, com planos descobertos até para assassinato de outros policiais penais.
Segundo o Gaeco, ele atuava no Presídio da Gameleira I, mas de acordo com a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), em maio deste ano, o servidor foi transferido para outra o IPCG (Instituto Penal de Campo Grande).
Em nota, a a Agepen informou que “por meio de sua Corregedoria e Gerência de Inteligência do Sistema Penitenciário, acompanha e dá suporte à operação do Gaeco".
Operação Bilhete – Investigação envolvendo o agente da Segurança Pública estadual resultou na Operação Bilhete, deflagrada hoje (5) pelo Gaeco. Ao todo foram cumpridos dois mandados de prisão, cinco mandados de busca e apreensão e três mandos de medidas cautelares diversas à prisão, na Capital.
O esquema envolvia também milicianos da organização criminosa presa durante a Operação Omertà, que revelou quadrilha chefiada pela família de Jamil Name. Mas, não foram divulgados detalhes sobre quais informações foram trocadas ao longo dos 3 anos de prisão da organização e nem dos recados enviados pelo PCC.
Conforme apurado pelos agentes do Gaeco, o policial penal estava no centro de crimes ordenados do interior do sistema penitenciário estadual. Ele era o elo com o mundo exterior, fundamental no comando do esquema.