Justiça concede domiciliar a Razuk após defesa citar risco de morte ao idoso
Juíza acata pedido com apoio do MP e determina tornozeleira a ex-deputado preso na 4ª fase da Successione
A Justiça de Mato Grosso do Sul concedeu prisão domiciliar ao ex-deputado estadual Roberto Razuk, de 84 anos, um dia após ele ter sido preso durante a quarta fase da Operação Successione. A decisão, assinada pela juíza May Melke Amaral Penteado Siravegna, levou em conta o estado de saúde considerado “extremamente debilitado” do investigado. O Ministério Público deu parecer favorável ao pedido.
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Razuk havia sido preso pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) na manhã de terça-feira (25), em Dourados, a 251 km de Campo Grande. A operação apura a existência de uma organização criminosa ligada à exploração de jogos ilegais, corrupção, violação de sigilo profissional e demais delitos que, segundo o MP (Ministério Público), disputava espaço no controle da jogatina no Estado.
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A defesa enfatiza que Razuk passou recentemente por cirurgia para retirada de um tumor e enfrenta comorbidades graves, dependência de oxigênio e quadro que o colocaria em risco iminente de morte caso permanecesse em ambiente prisional.
“Manter um idoso de 84 anos, com um quadro de saúde tão frágil, em um ambiente prisional que sabidamente não possui estrutura para cuidados médicos complexos seria submetê-lo a um tratamento desumano e degradante. A Justiça agiu corretamente ao aplicar a lei, garantindo que o processo continue, mas sem colocar a vida do réu em risco iminente”, avaliou o advogado Leonardo Ribeiro.
A prisão domiciliar foi autorizada com uso obrigatório de tornozeleira eletrônica e medidas cautelares, entre elas a proibição de contato com outros investigados.
A defesa afirma ainda que ainda não teve acesso integral ao processo, que tramita em segredo de Justiça. Segundo os advogados João Arnar e Leonardo Ribeiro, não é possível avaliar integralmente as acusações até que o conteúdo seja liberado às partes. “Assim que houver ciência integral dos autos, a defesa emitirá manifestação formal”, informou a nota divulgada ontem.
A esposa de Razuk, ex-prefeita de Dourados Délia Razuk, disse ao Campo Grande News que não tem condições emocionais de se manifestar.
Operação Successione - A quarta fase da operação deflagrada pelo Gaeco cumpriu 20 mandados de prisão preventiva e 27 ordens de busca e apreensão em Mato Grosso do Sul e outros três estados. Além da casa de Razuk, equipes estiveram em endereços de Dourados, Campo Grande, Corumbá, Maracaju e Ponta Porã, e também no Paraná, Goiás e Rio Grande do Sul.
A investigação mira um grupo que, segundo o Ministério Público, atuava com violência e disputava espaço deixado pela Operação Omertà, que desarticulou o esquema comandado pela família Name, tradicional no jogo do bicho em Campo Grande. As fases anteriores já apontavam envolvimento com corrupção, roubos com arma de fogo e uso de força armada para controlar a exploração clandestina.
Entre os alvos da operação de ontem estão os filhos de Razuk, Jorge e Rafael, além do advogado Rhiad Abdulahad. Também houve buscas na sede da Criativa Technology Ltda., em Dourados. Outro nome citado é o de Marco Aurélio Horta, chefe de gabinete do deputado estadual Neno Razuk (PL) e funcionário antigo da família, que foi conduzido à Cepol em Campo Grande. O deputado não é alvo nesta fase.
Prisões - Preso pela terceira vez na carreira, Razuk é um dos nomes históricos da jogatina no Estado. Ex-deputado estadual por dois mandatos, foi figura influente nos anos de expansão do jogo do bicho em Dourados e na região de fronteira entre Ponta Porã e Pedro Juan Caballero, onde chegou a ser sócio de cassino no lado paraguaio. A família Razuk é considerada um dos grupos políticos mais tradicionais da região sul.
Na década de 1990, o ex-parlamentar protagonizou um dos casos de maior repercussão no Estado ao ser acusado de usar documentos falsos para conseguir empréstimo de R$ 3,5 milhões no Banco do Brasil. A suposta fazenda oferecida como garantia, chamada Nabileque, seria inexistente, o que gerou a expressão de que a propriedade ficava “no segundo andar”. Ele foi condenado em 2003 pela Justiça Federal e cumpriu pena no regime semiaberto.
Em 2007, voltou a ser preso na Operação Xeque-Mate, que mirou a exploração de caça-níquel e jogos ilegais em Mato Grosso do Sul. Todas as provas desta operação foram anuladas pelo Tribunal de Justiça em 2014.
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