Prisão de Razuk completa queda de apontados como patriarcas do poder paralelo
Considerados intocáveis por anos, Fahd Jamil, Jamil Name e Roberto Razuk sucumbiram à Omertà e Successione
Figuras conhecidas no universo político e econômico de Mato Grosso do Sul, três patriarcas também ocuparam espaço no noticiário policial ao aparecerem em investigações e condenações por crimes que vão da exploração do jogo do bicho à formação de organização criminosa, passando até pelo comando de milícias.
RESUMO
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A Operação Successione prendeu Roberto Razuk, de 84 anos, e seus filhos Jorge e Rafael, em uma nova fase da investigação sobre jogos ilegais em Mato Grosso do Sul. A ação marca a queda do terceiro patriarca do estado, após Jamil Name e Fahd Jamil Georges, alvos da Operação Omertà em 2019. Os três patriarcas construíram impérios baseados em atividades ilegais. Name morreu de Covid-19 na prisão, Georges foi preso por homicídio e Razuk, ex-deputado estadual, já havia sido condenado em 2003 por crimes financeiros. A operação atual cumpriu 20 mandados de prisão e 27 de busca em quatro estados.
Considerados inalcançáveis por muito tempo, Fahd Jamil Georges, Jamil Name e, agora, Roberto Razuk tornaram-se alvos de operações que expuseram a fragilidade de estruturas antes tidas como intocáveis e que já derrubaram dois desses nomes do topo do poder paralelo no Estado.
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A derrocada estava diretamente ligada à Operação Omertà, desencadeada inicialmente em 27 de setembro de 2019 e desdobrada em outras sete fases, e hoje avança com a prisão de Razuk, na 4ª fase da Operação Successione.
O primeiro a cair foi Jamil Name, preso ainda na primeira fase da Omertà, juntamente com o filho, Jamil Name Filho, o Jamilzinho. Considerado líder de milícia armada, o “Velho”, como era conhecido, foi levado à Penitenciária Federal de Mossoró (RN) e morreu em hospital de Natal, vítima de covid-19. O filho continua preso na unidade federal.
Fahd Jamil teve a prisão decretada em junho de 2020, na 3ª fase da Omertà, decorrente de duas ações penais. Chamado de “Rei da Fronteira”, era visto como chefão do crime organizado desde a década de 1990. A polícia sempre sustentou que ele construiu o império primeiro pelo contrabando de café e açúcar e depois no comando do tráfico de drogas e de armas.
O “Rei da Fronteira” ficou foragido por 10 meses, até se entregar em 19 de abril de 2021, aos 79 anos. Debilitado por doença pulmonar obstrutiva crônica, apresentou-se aos policiais após negociação no hangar do Aeroporto Santa Maria, em Campo Grande. Ficou em prisão domiciliar até setembro de 2022, quando a detenção foi convertida em medidas cautelares diversas da prisão, que incluíam não mudar de residência sem aviso prévio.

Fahd Jamil Georges foi acusado de duplo homicídio qualificado ocorrido em abril de 2016, quando o servidor Alberto Roberto Aparecido Nogueira e o policial civil Anderson Celin foram encontrados carbonizados dentro de uma caminhonete entre Ponta Porã e Caracol. Segundo a denúncia, o crime teria sido encomendado como vingança pelo desaparecimento de Daniel Alvarez Georges, filho de Fahd, sumido desde 2011 e declarado morto em 2019, apesar de o corpo nunca ter sido localizado. As investigações apontaram que o duplo assassinato foi executado como retaliação direta.
Briga – As famílias Razuk e Name se enfrentaram recentemente pela disputa na licitação da plataforma eletrônica da Lotesul.
Em janeiro de 2023, Jamil Name Filho apresentou recursos administrativos para tentar barrar o pregão da loteria, alegando inconsistências no edital e buscando anular etapas do processo. No mesmo período, registros judiciais mostraram que Roberto Razuk quitou custas relacionadas ao certame, sinalizando interesse direto no desfecho da disputa.
Roberto Razuk, de 84 anos, foi deputado estadual entre os anos de 1987 e 1995. Em 2007, foi preso na Operação Xeque-Mate, deflagrada pela Polícia Federal contra o jogo ilegal.
No ano de 2003, o empresário foi condenado pela Justiça Federal de Dourados, em sentença do então juiz federal Odilon de Oliveira. A condenação incluiu falsificação de documento público, falsidade ideológica, uso de documento falso, crime contra o sistema financeiro nacional e uso do dinheiro de um empréstimo obtido no Banco do Brasil para outra finalidade. Roberto Razuk é pai do deputado estadual Roberto Razuk Filho (PL), o Neno Razuk.

Hoje, Roberto Razuk foi preso na 4ª fase da Operação Successione. Com ele também foram detidos os filhos, Jorge e Rafael Razuk.
A ofensiva cumpriu 20 mandados de prisão preventiva e 27 mandados de busca e apreensão em cinco municípios de Mato Grosso do Sul (Campo Grande, Dourados, Corumbá, Maracaju e Ponta Porã), além de atingir alvos no Paraná, Goiás e Rio Grande do Sul. As fases anteriores já haviam identificado uma organização criminosa armada e violenta, envolvida em jogos ilegais, corrupção e roubos, em meio à disputa pelo monopólio do jogo do bicho em Campo Grande após o vácuo deixado pela Operação Omertà.
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