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Capital

Mães voltam a protestar contra falta de fraldas, remédios e suplementos

Algumas dizem não conseguir itens de fornecimento obrigatório para filhos com deficiência desde outubro

Por Cassia Modena e Jéssica Fernandes | 06/01/2025 10:45
Mães voltam a protestar contra falta de fraldas, remédios e suplementos
Mães atípicas, algumas acompanhadas pelos filhos, protestam bem em frente à entrada do CEM (Foto: Marcos Maluf)

Para um grupo de 40 mães atípicas, esta segunda-feira (6) começou com protesto em frente ao CEM (Centro de Especialidades Médicas) de Campo Grande, onde deveriam estar disponíveis fraldas tamanho infantil, fórmulas para dieta especial e medicamentos que os filhos com deficiência precisam.

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Mães de crianças com deficiência em Campo Grande realizaram um protesto em frente ao Centro de Especialidades Médicas (CEM) devido à falta de fraldas, fórmulas especiais e medicamentos fornecidos pela prefeitura. As mães relatam o descumprimento de uma liminar judicial que garante o fornecimento desses itens, com algumas delas sem acesso aos produtos desde outubro. Os gastos com itens de higiene chegam a R0 mensais, obrigando muitas a recorrerem a rifas e vaquinhas online para complementar as necessidades dos filhos. A Secretaria Municipal de Saúde não se manifestou sobre as denúncias.

A falta é alvo de manifestações no contra a prefeitura – obrigada a fornecer o básico às famílias sem condições financeiras – desde o ano passado.

Uma das participantes do protesto foi a dona de casa Joelma Belo, 44, mãe da Maria Valentina, de 9. A menina tem síndrome de Cornélia de Lange.

Mães voltam a protestar contra falta de fraldas, remédios e suplementos
Joelma Belo e a filha Maria Valentina, que tem síndrome de Cornelia de Lange (Foto: Marcos Maluf)

"Desde [as últimas eleições] nunca mais teve regularidade. Sempre 'está em processo de pregão', sempre 'vai fornecer' ou o 'fornecedor deixou'. A prefeitura nunca cumpre a liminar. A nossa briga é que a gente tem uma liminar que a gente quer que seja cumprida. Tanto no fornecimento através do CEM ou através do sequestro [de verbas públicas municipais] pela Defensoria Pública", relata

A liminar citada por Joelma foi dada pela Justiça Estadual para que a Prefeitura de Campo Grande seja obrigada a fornecer itens básicos para os cuidados e alimentação das crianças ou adolescentes com deficiência física e intelectual. No caso de Maria Valentina, a ordem é disponibilizar fraldas de marcas específicas, por causa da reação que as mais comuns causam em contato com a pele da menina.

Desde outubro - Entre as mães protestantes, algumas afirmaram não conseguir retirar os itens que precisam desde outubro do ano passado. Cerca de 200, ao todo, fazem parte de um grupo no WhatsApp que serve para trocarem informações sobre os direitos dos filhos e se organizarem para reivindicá-los.

Mães voltam a protestar contra falta de fraldas, remédios e suplementos
Elisangela, que gasta cerca de R$ 700 em fraldas para o filho com deficiência, além de contar com doações (Foto: Marcos Maluf)

Em frente ao CEM, a também dona de casa Elisângela Silva de Souza, 42, diz não encontrar fraldas para o filho Enzo Rodi, 8. Ela recebeu doações durante os dois últimos meses, mas acabaram. O filho toma medicamentos diuréticos e precisa de unidades extras por causa disso: são aproximadamente 300 por mês. Os gastos só com a higiene ficam em torno de R$ 700, segundo a mãe.

Ela ainda lembra que, em outubro, a prefeitura anunciou ter garantido estoque para durar um ano no CEM, mas que a realidade não é essa.

"Durante um ano tinha. Eles [a prefeitura] compraram para um ano e disseram que a gente poderia ficar tranquila. Não está acontecendo isso. Tem mãe que faz um ano que não pega. A gente quer regularidade", protesta Elisangela.

Só geriátricas - Durante o protesto, mulheres entraram no setor do CEM onde fraldas são retiradas e mostraram que apenas as de tamanho para bebês estão disponíveis.

Mães voltam a protestar contra falta de fraldas, remédios e suplementos
Mães dentro do setor onde fraldas são distribuídas no CEM (Foto: Marcos Maluf)

Mãe de Rihan Carlos Vieira em tempo integral, Rosana Brandão, 37, depende do BPC (Benefício de Prestação Continuada) para sustentar a casa e comprar o que o menino, já com 12 anos, precisa. Elas não são nem do tamanho infantil, nem do tamanho geriátrico.

Conseguir retirar as fraldas que o menino usa, liberaria pelo menos R$ 600 do orçamento para serem usados em outros gastos. Rihan tem mielomeningocele e também depende de medicamentos e dieta especial fornecidos pelo Poder Público.

Igual a muitas representadas no grupo de WhatsApp das mães atípicas, Rosana recorre a rifas, "vaquinhas" online e almoço beneficente para complementar o que falta para suprir as necessidades da família.

A Sesau - A reportagem procurou a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) para se manifestar sobre a cobrança das mães e o possível descumprimento de decisões judiciais favoráveis aos filhos.

A pasta informou que possui 42 tipos diferentes de dieta em estoque atualmente e justificou que "em todos os casos onde há desabastecimento, tal fato se deve ao atraso por parte do fornecedor".

"Atrasos pontuais de alguma medicação ou dieta ocorrem principalmente por falhas na entrega por parte do fornecedor responsável, mas a secretaria está acompanhando caso a caso, inclusive notificando essas empresas, visando assegurar o atendimento das necessidades dos pacientes", continua, em nota.

Ainda segundo a Sesau, apenas nesta segunda-feira (6), pelo menos seis pacientes realizaram a retirada de fraldas, dietas e outros insumos no CEM.

"A pasta ressalta ainda que, nos casos onde há desabastecimento de dieta enteral ao paciente, através da autorização da profissional de nutrição que acompanha esses casos, está sendo realizado o fornecimento de dieta similar - com o objetivo de evitar a desassistência ao paciente", finalizou.

Matéria editada às 11h47 para acrescentar nota da Sesau.

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