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Capital

Pela 3ª vez, mães cobram entrega de suplementos, fraldas e remédios

Prefeitura não cumpriu a liminar e mães recorrem a empréstimo e doações para garantir assistência aos filhos

Por Jéssica Fernandes e Clara Farias | 17/06/2024 12:39
Mães de crianças organizaram protesto na Câmara Municipal. (Foto: Clara Farias)
Mães de crianças organizaram protesto na Câmara Municipal. (Foto: Clara Farias)

Mães de crianças com deficiência foram à Câmara Municipal nesta segunda-feira (17) cobrar pela terceira vez que a Prefeitura de Campo Grande cumpra com a liminar na Justiça que garante remédios, fraldas e alimentos. Agora, elas pedem para que os vereadores tomem à frente na situação e fiscalizem o motivo da gestão não estar cumprindo com a decisão.

Nesta manhã, 10 mães procuraram à Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) e após não serem atendidas decidiram ir à Câmara. No momento do ato estava ocorrendo audiência pública sobre saúde mental.

Entre as ‘mães especiais’ estava Lili Daiane Ricalde, de 42 anos. Autônoma, ela tem um filho de oito anos que é autista e tem diagnóstico de defeito congênito na medula espinhal. Ela relata que há dois anos não recebe fraldas, suplemento alimentar e a sonda para cateterismo urinário que o menino precisa.

Lili Daiane reclama que há dois anos prefeitura não garante fraldas para filho. (Foto: Clara Farias)
Lili Daiane reclama que há dois anos prefeitura não garante fraldas para filho. (Foto: Clara Farias)

“Desde 2022 nada foi entregue e toda vez que cobramos dizem que estão em processo de licitação. Eu tenho um menino de oito anos que tem espinha bífida e tenho uma liminar desde 2019 que nunca foi cumprida na íntegra, mas é a primeira vez que falta totalmente”, fala.

Há quatro meses, Rosana Brandão, de 37 anos, tem que ‘se virar’ para conseguir comprar as fraldas que o filho de 10 meses precisa. A criança tem espinha bífida e intestino e bexiga neurogênica. Mãe solo, ela cria ele e a outra filha de 13 anos.

Para conseguir custear o material, ela relata que apela para doações e recentemente fez até empréstimo. “A gente tem que se virar para não deixar faltar, uma hora faz vaquinha, rifa, pede doação. Recentemente tive que fazer empréstimo para conseguir custear as nossas despesas e fica mais difícil ainda”, afirma.

Rosana diz que recorre a doações para conseguir material para filho. (Foto: Clara Farias)
Rosana diz que recorre a doações para conseguir material para filho. (Foto: Clara Farias)

Com o que recebe do BPC/ Loas, ela consegue pagar o plano de saúde da criança que precisa tomar remédio controlado. Mesmo assim, os outros gastos não deixam de pesar no final do mês, já que só ela mantém a casa.

Rosana explica que elas e outras mães foram à Câmara no momento da audiência sobre saúde mental porque esse grupo também se desgasta psicologicamente e emocionalmente. “As mães especiais não tem saúde mental, não tem de onde tirar dinheiro, não tem rede de apoio e é um problema que vai se acumulando”, destaca.

Elizabete Garcia, de 43 anos, conseguiu na Justiça garantia que o Estado distribua por seis meses o suplemento que a filha de 11 anos precisa. A menina tem paralisia alimentar e por não conseguir ingerir outros alimentos depende totalmente dos suplementos.

Na decisão, o Governo do Estado garante por seis meses o suplemento e nos demais fica a cargo da prefeitura. No entanto, desde janeiro desde ano, Elisabet não recebeu o auxílio do município.

Recentemente, ela fez uma rifa para garantir a lata que custa R$ 140. Outra alternativa que usa é trocar o suplemento com outras mães. “Elas são muito solidárias e a gente acaba se ajudando nesse processo, mas agora ninguém tem e não tem como compartilhar”, conta.

No mês, a filha consome em média oito dessas latas, que tem custo total de R$ 1.260. Além desse gasto, a mãe precisa comprar fraldas e o remédio de R$ 137 que a menina precisa. Como são tomadas duas por mês, o gasto sobe para R$ 274.

Elisangela de Souza, de 41 anos, tem um filho de 8 anos que é diagnosticado com cardiopatia congênita complexa, paralisia cerebral e é portador de marca-passo. A criança também é alérgica à proteína do leite.

Há dois anos, ela precisa desembolsar R$ 210 a cada caixa que o menino precisa. Apesar da decisão na Justiça, a autônoma expõe que não vê a situação ser resolvida. “É muito difícil porque mesmo tendo uma liminar que o município deveria cumprir estamos nessa luta, a nossa indignação é porque a gente não sabe para onde está indo esse dinheiro”, comenta.

Formada em Educação Física, a profissional não consegue atuar, pois precisa cuidar da criança 24h por dia. Assim como outras mães, Elisangela recorre a cartões de crédito e rifas.

Protestos - Em março, as mães saíram duas vezes às ruas para protestar e cobrar a prefeitura. Na primeira vez, elas se reuniram em frente ao Paço Municipal e na segunda foram ao Ministério Público de Mato Grosso do Sul.

A reportagem procurou à PMCG e aguarda retorno. O espaços segue aberto.

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