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Capital

Movimento teme “noite de faroeste” e se levanta contra Lei do Silêncio

Lidiane Kober | 18/02/2014 17:48
Donos de bares enfrentam dificuldades para manter casas abertas (Foto: Arquivo)
Donos de bares enfrentam dificuldades para manter casas abertas (Foto: Arquivo)

Batizando de “Querem calar Campo Grande”, movimento começa a se organizar para impedir o fim da vida noturna na Capital. Os organizadores alegam leis “absurdas” e se queixam da demora para conseguir alvarás de funcionamento. Eles frisam que mais de duas mil pessoas sobrevivem da noite e que a cidade precisa acompanhar a evolução e dar opções de cultura e lazer à população.

“Daqui a pouco não vai mais existir noite em Campo Grande, vai ser a noite de faroeste”, comentou João César Matogrosso, um dos organizadores do movimento, que já tem página no Facebook. Acompanhado de promotores de evento, ele foi, nesta terça-feira (18), à Câmara Municipal pedir espaço para debater o impasse.

Na quinta-feira (20), ficou agendado o primeiro ato. “É uma questão polêmica, que envolve duas partes e nós temos o papel de dar voz a ambas”, disse o vereador Otávio Trad (PTdoB), que ouviu o grupo juntamente com os vereadores Vanderlei Cabeludo (PMDB) e Mário César (PMDB).

Cabeludo, inclusive, encampou o pleito do movimento e concorda com as dificuldades enfrentadas pelos empresários da noite. “Estão acabando com uma cadeia produtiva que emprega mais de duas mil pessoas”, avaliou. Ele, no entanto, fez questão de ressaltar a necessidade de ouvir todos os envolvidos para encontrar uma solução equilibrada.

“Do jeito que está, não dá mais, porque quem é músico em Campo Grande ou vai embora ou passa fome”, disse. O obstáculo, segundo ele, é a lei do Silêncio e do Uso do Solo. “Proíbem mais de 45 decibéis depois das 22h, o que equivalente a uma conversa de três pessoas”, exemplificou. “Por isso, bares, casas noturnas estão fechando, além disso, novos investimentos deixam de vir à Capital”, acrescentou.

Ao mesmo tempo, na visão do vereador, o jovem está sem opção de lazer e cultura. “Basta você dar uma volta à noite para perceber que só resta à juventude ficar à beira da Afonso Pena ouvindo música. De ponta a ponta, a avenida está lotada nos finais de semana, porque os jovens não tem aonde ir”, comentou.

Otávio Trad concorda que faltam opções de cultura e lazer na cidade. “Campo Grande está crescendo e precisa se atualizar”, enfatizou. “Acho que é possível chegar a um denominador comum, porque não podemos ficar para trás de outras cidades que tem movimento cultural”, emendou.

Alvarás – Além das leis rígidas, os empresários se queixam da dificuldade na liberação de alvarás. “Tem gente que está com a documentação na Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano) desde junho do ano passado e até agora não recebeu um retorno”, contou João César.

Por outro lado, segundo ele, na hora de fiscalizar a secretaria é rápida. “Dão 30 dias para se adequar, mas em 20 já aparecem para fiscalizar e acabam fechando as portas do estabelecimento”, afirmou. “Só quem tem as costas largas consegue manter a casa aberta”, acrescentou.

Cabeludo também observa a dificuldade. “Muita gente está sendo massacrada e Campo Grande está perdendo investimentos e talentos”, concluiu. Além de abrir espaço ao movimento na quinta, a Câmara deverá realizar audiência pública para debater o tema na próxima terça-feira (25).

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