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Capital

No dia em que filho faria 18 anos, dona Mari relembra os sonhos de Wesner

Adriano Fernandes | 07/06/2017 17:30
Nesta quarta-feira, dia 07, Wesner completaria seus 18 anos de idade. (Foto: Reprodução)
Nesta quarta-feira, dia 07, Wesner completaria seus 18 anos de idade. (Foto: Reprodução)

Se estivesse vivo, o jovem Wesner Moreira da Silva completaria nesta quarta-feira (7), seus 18 anos. Dia que seria de festa entre amigos e planejado nos mínimos detalhes pelo garoto.

“Ele queria reunir os amiguinhos dele, irem para casa do tio tomar banho de piscina, almoçarem e fazer a festa durante a noite com ‘rapaziada’”, lembra com dona Marisilva Moreira da Silva, 45 anos, mãe do menino, que morreu depois de ser violentado em um lava jato, em fevereiro deste ano.

Tão esperada quanto a festa de aniversário era o sonho de entrar no serviço militar este ano. Mas, quantos outros sonhos não tinha o garoto que só não esperava que o ‘17’ seria seu último ano de vida?

O questionamento surge junto a outros vários “se” que insistem em pairar junto a saudade e dor de dona Marisilva, ou apenas “Mari”, como ela sempre fez questão de se identificar. “Quando ele fez 15 anos me pediu uma festinha e eu não fiz, mas prometi organizar a de 18. Se a gente soubesse do que ia acontecer... se adivinhasse...”, chora.

Foto do garoto quando criança vestido com a roupa de militar. (Foto: Reprodução)
Foto do garoto quando criança vestido com a roupa de militar. (Foto: Reprodução)

Ela conta que o desejo do filho virou a promessa mais aguardada não só dele, mas dela também. “Quando o irmão dele fez 18 dei para ele um computador, mas o Wesner ainda disse: mãe, não quero computador, quero só minha festa! Ele sonhava demais com esse dia”, conta ainda contendo as lágrimas.

Dona Mari é do tipo que sorri com os olhos, corresponde qualquer um disposto a um braço e é dona de uma força sem tamanho. “Acordar hoje foi muito difícil, muito triste, mas apesar de tudo que aconteceu eu acredito que ele esta vivo. Vivo dentro da gente”, explica.

Tanta força ele conta que consegue do apoio dado por familiares, amigos e até desconhecidos, sensibilizados com a tragédia. Foram, inclusive, os próprios amigos de Wesner que procuraram dona Mari, esta semana, com uma proposta de homenagem para que este 7 de junho não passasse em branco.

No próximo sábado, dia 10 às 14h, a expectativa é que uma multidão se reúna em frente a casa da família pela Rua Padre Damião, no Universitário. No local, eles devem soltar balões brancos em lembrança ao garoto e seguir em passeata até o cemitério Monte das Oliveiras, na Avenida Guaicurus onde o jovem foi velado.

Dona Mari abraçada ao cartaz do filho em manifestação que cobrava justiça quanto aos responsáveis pelo homicídio. (Foto: André Bittar)
Dona Mari abraçada ao cartaz do filho em manifestação que cobrava justiça quanto aos responsáveis pelo homicídio. (Foto: André Bittar)

No Facebok, são dezenas as mensagens de colegas do garoto quanto as saudades do amigo que se foi. “Pois foi muito bom conhecer e conviver com você, e apesar da dor da perda, sua memória viverá eternamente comigo. De onde estiver sei que esta olhando por nós. E esta bem ao lado de Deus”, disse uma 

O dia 7 ganhou novo significado para outra amiga. “Não é mais um dia de comemoração, apesar de sempre lembrarmos com felicidade o dia do seu nascimento e todo o tempo que esteve conosco. Hoje continua sendo um dia especial. É o dia em que a sua memória está mais presente e viva, é o dia em que fazemos orações e pedimos pela sua paz”, descreve o 

Wesner adorava motociclismo, então para a passeata são esperados cerca de 30 motociclistas para acompanhar o manifesto. O próximo objetivo é conseguir que militares do exército também participem do ato.

“Era outro sonho dele então queria ver se ao menos alguns militares estejam na passeata. Amanhã vou lá ver se consigo a presença ao menos de alguns soldados. Nem que seja para marcar presença”, conta dona Mari.

Até vídeo ela gravou convidando participantes e pedindo ajuda quanto a um dos desejos do filho. “Ele dizia que queria seguir carreira, virar cabo, sargento. Dizia que iria crescer na vida para gente não precisar passar mais por necessidade”, conta.

No fundo dona Mari espera lembrar, os sonhos do filho caçula que se foi, mesmo que o principal desejo dela ela também não vai poder realizar. "É muito triste não poder abraçar um filho no dia do seu próprio aniversário. Ainda mais ele que era tão amoroso", conlui. 

Assista ao vídeo em que dona Mari faz o convite para a homenagem do filho. 

O caso - Wesner Moreira da Silva, de 17 anos, teve uma mangueira de ar comprimido inserida no ânus no lava jato onde trabalhava, no dia 03 de fevereiro. Os responsáveis pelo crime sãoThiago Giovanni Demarco Sena, de 20 anos, dono do lava jato, e Willian Henrique Larrea, de 30 anos.

Eles foram indiciados por homicídio doloso e o inquérito policial tramita na justiça, enquanto eles seguem em liberdade.

Caso - O caso foi denunciado pelo primo da vítima, de 28 anos, na sexta-feira (3), mesmo dia que ocorreu o crime. No relato à delegacia, o rapaz disse que o adolescente “brincava com os colegas de trabalho”, quando um dos homens o agarrou e o dono do estabelecimento inseriu a mangueira de ar comprimido no ânus do garoto.

Wesner teve uma hemorragia grave e uma parada cardiorrespiratória. Segundo a assessoria de imprensa da Santa Casa, onde o adolescente de 17 anos ficou internado por 11 dias, ele morreu às 13h35 do dia 14 de fevereiro depois que médicos tentaram reanimá-lo por 45 minutos.

No período em que esteve internado, o adolescente já havia passado por dois procedimentos cirúrgicos após perder metade do intestino grosso em decorrência da agressão. Em termos técnicos, Wesner morreu após sofrer um choque hipovolêmico (grande sangramento na região toráxica) seguida de parada cardiorrespiratória.

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