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Capital

Parado há mais de 15 anos, prédio na 26 vai à venda por R$ 8 milhões

Construção chegou a entrar na mira da prefeitura para transformar o local em moradia para famílias de baixa renda

Liniker Ribeiro e Marta Ferreira | 21/08/2019 16:57
Prédio em construção na Rua 26 de Agosto e com anúncio pintado na parede (Foto: Kísie Ainoã)
Prédio em construção na Rua 26 de Agosto e com anúncio pintado na parede (Foto: Kísie Ainoã)

A pintura branca na parede coberta pelo enorme anúncio em vermelho indica que, mais uma vez, o prédio em construção no cruzamento das Ruas 26 de Agosto e Anhanduí, no Centro da Capital, está disponível para venda. Com isso, a conclusão da obra, que vem se arrastando há mais de 15 anos, parece estar ainda mais longe de acontecer. E olha que, para passar a grande montanha de concreto para frente, a rede hoteleira que adquiriu o empreendimento, anos atrás, está disposta a vender tudo pelo preço que considera ser abaixo de mercado, R$ 8 milhões.

Mas, nem mesmo o valor “baixo” revelado pelo corretor responsável pela venda e que, segundo ele, está abaixo do valor se levado em conta a localização, parece atrair interessados. Até a prefeitura de Campo Grande teria aberto mão de um possível acordo para dar continuidade a construção.

Conforme apurado pela reportagem, antes de planejar transformar as dependências do antigo Hotel Campo Grande, localizado na Rua 13 de Maio, também no Centro, em local para moradia de famílias de baixa renda, o executivo municipal cogitou criar o residencial no prédio da Rua 26 de Agosto. Porém, as equipes concluíram que não havia condições estruturais. 

É possível ver obra inacabada de longe (Foto: Kísie Ainoã)
É possível ver obra inacabada de longe (Foto: Kísie Ainoã)

A falta de interessados deixa moradores e comerciantes ainda mais preocupados. Quem trabalha no entorno, arrisca dizer que a obra inacabada traz diversos prejuízos para a região. “Isso atrapalha, principalmente esteticamente, porque cria uma má impressão em um ponto importante da cidade, região do Mercado Municipal, que é um ponto turístico”, argumenta o vendedor Albert Barbosa Santos, de 32 anos.

O comerciante lembra ainda que, ao longo dos 15 anos em que está no local, foram muitos os casos de violência e insegurança, na região. “Teve uma vez que uma menina quase foi arrastada por um morador de rua lá para dentro da obra”, revelou. Ele afirma ainda que chegou a presenciar uma situação em que um homem tentou tirar a própria vida no local, já que estava abandonado e o acesso era fácil.

Um morador, que prefere não se identificar, diz ainda que o espaço era constantemente ocupado por grupos de moradores de rua e usuários de droga. Ainda hoje, quem passa pelo local sente medo de ficar muito tempo nas proximidades do prédio.

A atendente Nayara Renata Batista, de 23 anos, é um exemplo. Ela, que trabalha no Centro, aguarda todos os dias ônibus no ponto em frente ao edifício. “Uma vez eu precisei ficar aqui a noite e foi para nunca mais. A região fica vazia, por não ter muitas casas em volta, e como o prédio é grande, deixa tudo muito escuro”, aponta.

Albert Barbosa Santos, de 32 anos, durante entrevista (Foto: Kísie Ainoã)
Albert Barbosa Santos, de 32 anos, durante entrevista (Foto: Kísie Ainoã)

Nayara ainda revela outra preocupação. “Além de ser feio assim, inacabado, a impressão que eu tenho é de que ele [o prédio] vai cair”, argumenta.

Desistência – À reportagem, o corretor responsável pela venda do prédio em construção afirmou que o motivo da rede hoteleira de são Paulo – na qual não revelou o nome – abrir mão da obra está ligado ao mercado retraído. Na análise da empresa, o setor hoteleiro estaria “saturado” na Capital, revelou João Nicomedes, de 59 anos.

Segundo ele, o anúncio foi pintado no local há cerca de um mês e, nesse período, as propostas recebidas seriam para que a obra continuasse em sociedade com os atuais donos, mas que essa não é uma opção da rede.

Nicomedes ressaltou ainda que o valor está “muito barato”. “Hoje em dia, o m² de qualquer casa simples é aproximadamente R$ 3 mil, ali [no prédio em construção] não sai a mil”, pontuou. Ainda conforme ele, o espaço onde deveria funcionar aproximadamente 110 flats, possui 7 mil m² de estrutura pronta, em um terreno de 2 mil m².

O corretor garante ainda que, todos os andares estão concluídos, estando faltando “apenas” a torre de escadarias e os elevadores. Garante também que a estrutura do local não está comprometida e que não há restrições.

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