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Capital

Presa por assassinato em motel trocou mensagens com suspeito

Comunicação entre Fernanda Aparecida da Silva Sylvério e Patrick Fontoura foram trocadas no dia do assassinato de Daniel Nantes Abuchaim

Geisy Garnes | 07/12/2018 11:52
Movimentação policial em estrada vicinal perto do Parque dos Poderes onde o corpo foi encontrado (Foto: Paulo Francis)
Movimentação policial em estrada vicinal perto do Parque dos Poderes onde o corpo foi encontrado (Foto: Paulo Francis)

Presa pelo assassinato de Daniel Nantes Abuchaim, 46 anos, Fernanda Aparecida da Silva Sylvério, 28 anos, disse à polícia que assumiu sozinha o crime porque recebeu ameaças da pessoa que, de fato, matou o ex-superintedente de Gestão de Informações do governo do Estado. O inquérito sobre o crime não aponta quem é essa pessoa, mas traz uma informação reveladora: foram identificadas conversas de Fernanda com Patrick Weslley Fontoura Dias de Lima - irmão de Mayara Fontoura Holsback, assassinada a tesouradas pelo namorado, Roberson Batista da Silva, em setembro de 2016.

Conforme o inquérito policial, as mensagens encontradas no celular de Fernanda foram trocadas no dia do crime, o que levanta a suspeita do envolvimento de Patrick no homicídio. Inicialmente, Fernanda alegou à polícia que havia assassinado Daniel sozinha, motivada por vingança a um possível assédio cometido por ele à sua namorada. Dias depois ela mudou a versão, afirmou que ele foi morto por um desconhecido e que só assumiu o homicídio após ter sido ameaçada.

Patrick é irmão de Mayara Fontoura Holsback, morta aos 18 anos pelo então namorado Roberson Batista da Silva, conhecido como Robinho. O crime aconteceu na casa em que a jovem morava com o irmão no Bairro Universitário no dia 15 de setembro de 2016. Em audiência, o rapaz explicou ao juiz que é músico e no dia do crime havia saído para viajar.

O caso no enquanto segue em investigação pela 3ª Delegacia de Polícia Civil de Campo Grande.

Fernanda está presa desde o dia 21 de novembro (Foto: Arquivo pessoal)
Fernanda está presa desde o dia 21 de novembro (Foto: Arquivo pessoal)

Novo depoimento - No segundo depoimento prestado à polícia, Fernanda conta que no dia 19 de novembro buscou Daniel em casa. Assim que saíram de lá, pararam em um cruzamento com sinalização de pare e neste momento viram um homem armado entrar no banco traseiro do veículo.

Para a polícia, ela relatou que o suspeito era negro, alto, magro, usava uma touca cobrindo o rosto e chamou Daniel pelo nome, aparentando conhecê-lo. Ela afirmou ainda ter ouvido o “amigo” chamar o desconhecido pelo nome, que acredita ser Marcelo. Após a conversa, o homem passou para o porta-malas e a obrigou a dirigir até o motel no Jardim Noroeste.

A nova versão de Fernanda narra que dentro do quarto Daniel e o suspeito começaram a discutir por uma “dívida de dinheiro e cheques”. Durante a discussão, o assassino teria estrangulado o ex-superintendente com um “golpe com o braço” e colocou uma toalha no rosto dele.

Fernanda afirmou ainda ter percebido que Daniel sangrava após ter sido esfaqueado, mas que não viu o crime acontecer. Toda a cena teria ocorrido dentro do banheiro, de onde o homem foi arrastado pelo suspeito até a garagem e colocado dentro da Pajero TR4 da mulher.

O homem ainda teria ameaçado Fernanda, afirmando que “iria esfaqueá-la da mesma forma caso falasse alguma coisa”. Diante da ameaça, ela voltou ao veículo e deixou o motel com o corpo de Daniel no banco do passageiro e o assassino escondido no banco traseiro.

Seguindo as ordens do suspeito, ela afirma que dirigiu até uma estrada no Jardim Veraneio e viu o homem empurrar o corpo de Daniel com o pé. Depois fugiu do local e deixou o assassino em um semáforo na mesma região. Fernanda tentou fugir para Bela Vista. Contudo, horas depois, decidiu voltar à Capital, onde foi presa pela Polícia Civil.

O laudo necroscópico de Daniel ainda não foi entregue à polícia, mas informações preliminares mostram que ele morreu em virtude a fratura de duas vértebras, “provocadas por torção no pescoço", além de sofrer pelo menos sete cortes na cabeça e ferimento no tórax. Não foram identificados nenhuma lesão de defesa, o que para a polícia comprova que ele foi atraído pela “amiga”, torturado e morto.

Para confirmar a versão contada por Fernanda, a investigação da 3ª Delegacia de Polícia Civil pediu ainda exames de DNA para comparar o material genético da suspeita com os encontrados no corpo da vítima.

Nos depoimentos, familiares e amigos de Daniel relataram à polícia que o ex-superintendente passava por problemas financeiros, mas que não tinham conhecimento se ele recebia ameaças ou ainda de qualquer empréstimo recente feito por ele.

Nesta semana, o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) denunciou Fernanda à Justiça por homicídio duplamente qualificado - dissimulação e uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima. No pedido, a promotora Aline Mendes Franco Lopes, não leva em consideração o nome depoimento da suspeita.

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