Sem prisão de enfermeiro, medo toma conta e família pensa até em se mudar
“Minha filha está muito fragilizada. Se assusta até com sons de palmas no portão”, diz mãe de mulher que denunciou estupro no HR
Sem prisão do enfermeiro acusado de estuprar mulher de 36 anos dentro do Hospital Regional de Campo Grande, angustia judia e faz medo tomar conta da família que agora pensa até em mudar de endereço para recuperar sanidade da vítima.
“Minha filha está muito fragilizada. Se assusta até com os sons de palmas no portão de casa. Ela tem medo. Queremos nos mudar de imóvel para que se sinta mais segura”, afirma a mãe da vítima, que também mantem identidade preservada.
Aos 56 anos, ela é acadêmica de Direito e relata que até abandonou o trabalho que prestava como assessora jurídica para cuidar da filha. “Estou juntando os cacos que ele [acusado] deixou na minha casa”.
O estupro de vulnerável foi registrado no começo deste mês, após a vítima que é vendedora, dar entrada no hospital, onde ficou internada com covid-19. No local, ela ficou no último quarto do sétimo andar do prédio, onde a violência teria acontecido.
Na semana passada, o suspeito prestou esclarecimentos na Deam Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), onde o caso está sendo investigado, e foi reconhecido pela vítima. No entanto, o acusado não foi preso.
“Foi apenas indiciado e está em liberdade. Estamos aguardando os trâmites legais da justiça. É um transtorno grande porque minha filha não se sente mais segura, tem picos emocionais e está à base de remédios”, relata a mãe.
Segundo ela, a filha também está afastada do trabalho e realizando acompanhamento psicológico para retomar a rotina. “Entrou com covid e saiu com trauma para vida”.
Além da liberdade do acusado, outra indignação é com a falta de atitude do Hospital Regional.
“Deram apenas um papel para que ela buscasse ajuda psiquiátrica. Estão omissos, passando pano para estuprador”, diz revoltada com a situação.
“O hospital que se diz referência em saúde era para estar na porta da minha casa para ajudar. Que buscasse recurso para resolver. Quantas pessoas devem estar sofrendo, esperando essa sindicância [do hospital]. Falar de delírio de cunho sexual é monstruoso”, desabafa.
Sobre se manifestar a respeito do caso, a mãe é enfática. “Não vou me calar, vou até a última instância porque isso não pode continuar acontecendo. É inadmissível”, frisa.
Apesar do acusado ainda continuar em liberdade, ela se diz acreditar na justiça. “Não tenho dúvidas que um ato desses não vai ficar impune. Mas, minha preocupação é com o estado de saúde da minha filha, que agora só sai de casa para ir ao médico e para ir na justiça”.
“Só pra quem viveu e está vivendo a dor sabe o estrago que essa pessoa está proporcionando nas nossas vidas”.
A reportagem tentou contato com a delegada responsável para saber quais os próximos passos das investigações, porém até o fechamento desta matéria não obteve retorno.