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Capital

Vítima e enfermeiros suspeitos de estupro vão ficar frente a frente em delegacia

“Não é fácil estar frente a frente com uma pessoa que te causou tanta dor", diz mãe da vítima

Mirian Machado | 17/02/2021 16:39
Dois enfermeiros suspeitos do estupro serão ouvidos na quinta-feira (18) na Deam (Foto: Divulgação)
Dois enfermeiros suspeitos do estupro serão ouvidos na quinta-feira (18) na Deam (Foto: Divulgação)

A mulher de 36 anos, vítima de estupro de vulnerável por um enfermeiro dentro do Hospital Regional em Campo Grande, deverá fazer o reconhecimento do autor durante investigação na tarde de quinta-feira (18) na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher). Dois suspeitos deverão ser ouvidos na ocasião e o reconhecimento possivelmente será entre eles.

Conforme a mãe da vítima de 56 anos, o recebimento da notícia de certa forma é um alivio. “Peço a Deus que amanhã seja o dia que isso tudo se encerre. Minha filha está muito nervosa em ver ele novamente”, contou.

Vítima ficou muito ansiosa e nervosa ao saber que verá novamente suspeito (Foto: Henrique Kawaminami)
Vítima ficou muito ansiosa e nervosa ao saber que verá novamente suspeito (Foto: Henrique Kawaminami)

A paciente se recupera bem a covid, segundo a mãe, mas continua bastante abalada emocionalmente. “Não é fácil estar frente a frente com uma pessoa que te causou tanta dor. Nossa vida mudou, foi destruída. Só após tudo isso, nos sentiremos seguras”, explica a estudante de direito.

Ao Campo Grande News, a mulher ainda explicou que não há no que ambas ter medo. “Não estamos fazendo denuncia infundada que prejudicará um inocente. O tempo todo ela estava lúcida, as luzes estavam acesas, é impossível não ver. Não tem como ela falar ‘eu acho’. Não temos ‘eu acho’, ela tem certeza. Ela viu e fala ainda que reconhece o som de deboche, o rosto e a voz dele”, afirma.

“É muito requinte de crueldade. A pessoa está ali na ânsia da morte, passando mal e você utilizar tamanha covardia. Esse homem precisa ser parado, antes que destrua mais vidas, mais famílias”, conclui a mãe.

A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil) entrou no caso e pediu apuração do caso também à diretoria do Hospital Regional, Secretaria Estadual de Saúde, Ministério Público Estadual e ao Conselho Regional de Enfermagem.

Outras possíveis vítimas devem procurar a OAB para que a situação também seja acompanhada. O sigilo é garantido.

Caso- A denúncia de violência sexual foi divulgada no último dia 4 pela mãe da paciente. A vítima, uma mulher de 36 anos, estava internada no HR, em Campo Grande, desde o dia primeiro de fevereiro. A paciente tinha covid-19 e respirava com ajuda de máscara de oxigênio. O ataque foi na madrugada do dia 4, uma quinta-feira.

Depois de ter passado mal durante a noite, tendo vômito e falta de ar, a paciente notou quando o profissional de enfermagem começou ir ao quarto dela durante a madrugada e começou a passar a mão em seu corpo. Em determinado momento, o suspeito retornou ao leito com “óleo de girassol”, passou nos dedos e começou a abusar da vítima.

Mesmo debilitada, a paciente diz ter tentado resistir ao abuso como pôde, pedindo para o homem parar e sair de cima dela, mas ele insistia em passar a mão na virilha da paciente enquanto pedia para ela “abrir as pernas”. O homem repetia que queria masturbar a paciente e que não era para ela resistir, se não poderia "dar problema para ele".

Vítima em casa, depois da denúncia. (Foto: Henrique Kawaminami)
Vítima em casa, depois da denúncia. (Foto: Henrique Kawaminami)

No último dia 10, a vítima contou à reportagem do Campo Grande News que o enfermeiro tinha comportamento estranho. “Ele me alisava e me chamava de meu doce. Dizia que era bom no que fazia e que eu iria gostar. Eu tentei resistir, mas ele pedia pra eu não fazer barulho e colaborar. Me aterrorizou a noite toda até conseguir o que queria. Ele era sádico, se divertia com meu desespero”, contou, ainda com a voz fraca pela doença e chorando.

O crime é investigado pela Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), que já ouviu quatro enfermeiras e pediu perícia nas roupas que a paciente usava na noite do estupro.  A paciente, que é bacharel em Direito e trabalha como vendedora,  foi encaminhada para exames no Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal).

O Hospital Regional entregou a escala de plantão, mas não se manifestou sobre a denúncia. “Reiteramos que todos os casos de supostas infrações nos diversos campos, administrativo e assistencial, o HRMS pauta-se nos ditames éticos e legais vigentes para tomada de providências", diz a nota do hospital.

Conforme o Código Penal, é crime de estupro constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso.

Reconhecimento será feito na Deam nesta quinta-feira (18) (Foto: Henrique Kawaminami)
Reconhecimento será feito na Deam nesta quinta-feira (18) (Foto: Henrique Kawaminami)


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