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Capital

“Vem ligeiro”: áudio revela desespero de entregador atingido por Porsche

Logo depois que foi atingido, motoentregador chegou a ligar para a esposa pedindo socorro

Por Dayene Paz | 08/04/2024 12:01

"Vem aqui, cara (sic)". Assim começam os áudios do motoentregador Hudson de Oliveira Ferreira, 39 anos, para a esposa, Kelly Ferreira, logo após ele ser atingido por um Porsche Cayenne, em Campo Grande. Em consequência da falta de socorro imediato, Hudson não resistiu e morreu. O motorista do veículo de R$ 1 milhão deixou o local e se apresentou à polícia duas semanas depois, alegando não ter notado a colisão.

A sequência de mensagens para Kelly revelam o desespero da vítima. "Vem ligeiro, vida. Acabou com minha perna, acabou", relatou Hudson, que aguardava socorro na Rua Antônio Maria Coelho, no Jardim dos Estados. "To indo aí (sic)", responde a esposa, ainda sem saber da gravidade do acidente.

Hudson chegou a ser socorrido e levado ao hospital, mas morreu dois dias depois. Só na sexta-feira (5) foi que o motorista do Porsche, o empresário Arthur Torres Rodrigues Navarro, de 33 anos, procurou a polícia e afirmou não ter notado o acidente que causou a morte do motoentregador.

Naquela noite, Arthur contou que recebeu ligação da esposa grávida, que estava passando mal, e então saiu junto com um funcionário do bar, no qual é sócio-proprietário. Ele afirma que "estava rápido", mas a velocidade do Porsche, segundo a delegada, será analisada ainda por um especialista da área.

Arthur e o funcionário, no banco do passageiro, saíram em direção a casa do empresário pela Rua Antônio Maria Coelho, quando ocorreu a batida com a moto de Hudson, que fazia percurso de entregas na região. Quando chegaram na casa, o funcionário chegou a informar para Arthur que acreditava ter ocorrido um acidente no trajeto, mas não deram a devida atenção. Então, o empresário entregou o carro para um familiar, que o escondeu.

Com ajuda de câmeras de segurança, a polícia chegou até a identificação do autor do acidente e também a localização do Porsche, escondido no Bairro Santa Fé. Foi então que o advogado de Arthur entrou em contato com a polícia e afirmou que apresentaria o cliente e o carro.

Hudson, que morreu em acidente na Rua Antônio Maria Coelho. (Foto: Arquivo Familiar)
Hudson, que morreu em acidente na Rua Antônio Maria Coelho. (Foto: Arquivo Familiar)

A delegada Priscila Anuda afirmou que analisa se vai indiciar o funcionário que avisou sobre o acidente e "não fez nada", por omissão de socorro, e o familiar que escondeu o Porsche, por favorecimento pessoal. Além disso, investiga se o empresário ingeriu bebidas alcoólicas antes do acidente que matou Hudson.

Arthur foi indiciado por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. Contudo, não é o primeiro motociclista que ele atropela. No dia 19 de agosto de 2014, colisão na Avenida Bom Pastor deixou um motociclista com ferimentos graves.

"(...) foi submetido a tratamentos médicos (intervenções cirúrgicas, fisioterapias, etc.), com fim de corrigir as lesões sofridas. Entretanto, a melhora esperada não ocorreu, o que importou perdas funcionais dos membros lesionados", diz trecho do processo de perdas e danos.

Se manifestou - No fim de semana, Arthur se manifestou por meio de nota, lamentando o acidente e prometendo procurar a família de Hudson para prestar solidariedade. Segundo os advogados André Borges e Lucas Rosa, o empresário é empreendedor, pai de família e está abalado. “Irá procurar a família da vítima, para prestar solidariedade e se colocar à disposição; as autoridades encarregadas do assunto saberão esclarecer os fatos; está à disposição delas e se submeterá às leis do país, observadas de maneira adequada”.

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