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Cidades

Delação de Ivanildo foi acertada em julho, 2 meses após acordo da JBS

Ivanildo Miranda afirma que foi operador de André Puccinelli em esquema de propina entre 2006 e 2013

Mayara Bueno | 15/11/2017 12:42
Ivanildo da Cunha Miranda. (Foto: Reprodução Vídeo da Delação).
Ivanildo da Cunha Miranda. (Foto: Reprodução Vídeo da Delação).

Ivanildo da Cunha Miranda procurou o MPF/MS (Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul) em julho de 2017, dois meses após a delação premiada da JBS no âmbito da Lava Jato. O conteúdo dos donos da empresa, os irmãos Joesley e Wesley Batista, apontava Ivanildo como operador no esquema de propinas.

Situação que foi confirmada pelo próprio durante os depoimentos prestados em sua colaboração à Justiça, firmada no âmbito da Lava Jato, operação que há dois anos investiga desvios de verbas e corrupção envolvendo o Governo de MS.

A delação resultou na deflagração da 5ª fase da Operação, na terça-feira (14), quando o ex-governador André Puccinelli (PMDB) foi preso de forma preventiva, junto com seu filho, André Puccinelli Júnior, e outros dois. Ambas prisões foram revogadas no fim da manhã desta quarta-feira (15).

Conforme consta nos áudios disponibilizados pela 3ª Vara de Justiça, Ivanildo Miranda prestou depoimento em 4 de agosto de 2017. No entanto, buscou o MPF com a intenção de delatar.

Ele afirma ter sido operador de André Puccinelli entre 2006 e 2013 e que repassou ao ex-chefe do Executivo R$ 20 milhões, dos quais a metade foi em espécie e o restante por meio de doação oficial na campanha de 2012.

A revelação já havia sido levantada na delação de Wesley, datada de 4 de maio deste ano. Na ocasião, o dono da JBS afirmou que Ivanildo fazia o intermédio no esquema de propina entre a empresa e o ex-governador.

“Era a pessoa que operacionalizava todos os acertos pro governador... fazia toda interlocução desde o acerto das contas ao recebimento”, trazia um trecho da delação de Wesley.

Em sua delação, Ivanildo Miranda afirma que tinha "liberdade ampla" com André Puccinelli. "O senhor André me ligava para subir (no apartamento), todos os meses".

Durante a coletiva de imprensa concedida pela PF, ontem, o delegado Cléo Mazzotti afirmou que 5ª fase da Operação recebeu um "incremento" a partir da delação premiada da JBS.

À Procuradoria da República, o pecuarista também reforçou a emissão de notas frias às empresas Proteco Construções, Gráfica Alvorada, Mil Tec Tecnologia, PSG Tecnologia, Instituto Ícone, todas empresas já citadas e investigadas em outras fases da Lama Asfáltica. A Congeo também foi relacionada.

A reportagem ligou para o advogado de Ivanildo Miranda, Newley Amarilha, mas a ligação não foi atendida.

Ex-governador André Puccinelli, ontem, quando seguia para Justiça Federal. (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo).
Ex-governador André Puccinelli, ontem, quando seguia para Justiça Federal. (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo).

Papiros de Lama - A 5ª fase chamada de Papiros de Lama foi comandada pela Polícia Federal, CGU (Controladoria Geral da União) e a Receita Federal. Além de Puccinelli e do filho dele, também foram presos os advogados Jodascil Gonçalves Lopes e João Paulo Calves, ambos ligados ao Instituto Ícone, de ensino jurídico, e portanto, a Puccinelli Júnior. 

Seis pessoas foram levadas para depor (alvos de mandados de condução coercitiva): André Cance, João Maurício Cance, João Amorim, João Baird, Mirched Jafar Júnior e Antonio Celso Cortez.

A PF foi também às ruas de Campo Grande, Aquidauana, Nioaque e São Paulo (SP) vasculhar 24 endereços.

Conforme a PF, a operação tem como alvo uma organização criminosa que teria causado pelo menos R$ 235 milhões em prejuízos aos cofres públicos. Bens das pessoas investigadas, que somam R$ 160 milhões, foram bloqueados.

André seria o beneficiário e garantidor do esquema de propina com a JBS, que teria repassado no mínimo R$ 20 milhões.

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