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Cidades

Enem: temas de atualidade são tão importantes quanto conteúdo em aula

Sabrina Craide, da Agência Brasil | 22/10/2017 09:15
Estudantes farão a prova do Enem em novembro. (Foto: Agência Brasil)
Estudantes farão a prova do Enem em novembro. (Foto: Agência Brasil)

Fórmulas, teorias e regras gramaticais não devem ser o único foco de quem está se preparando para fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A prova costuma abordar também assuntos do cotidiano, tanto em perguntas específicas como em textos que subsidiam as questões. Por isso, a sugestão dos professores é que os alunos acompanhem de perto os principais acontecimentos no Brasil e no mundo.

“Para a prova do Enem, saber do mundo é tão importante quanto o que vemos em sala de aula. Os acontecimentos na nossa história atual tem a capacidade de nos questionar constantemente sobre o que significa ser humano e viver em sociedade”, diz a professora de história Alba Cristina, da plataforma de ensino Me Salva!

O coordenador de história do Grupo Etapa, Thomas Wisiak, lembra que em qualquer disciplina os assuntos de atualidades podem aparecer ou servir de motivos para algum exercício. “Os alunos devem estar a par dos grandes acontecimentos acompanhando um ou mais meios de comunicação confiáveis”, orienta o professor. Ele também recomenda que os alunos fiquem atentos aos grandes temas da atualidade no Brasil, que costumam ser mais abordados no Enem.

O professor de Geografia e Atualidades do curso Anglo, Axé Silva, aconselha os alunos a fazerem uma auto-avaliação crítica sobre seus conhecimentos em atualidades e aperfeiçoar o que não estiver com segurança. “Diante desses temas, eles devem pensar um pouco na essência de cada um deles, e se ele se sente seguro sobre cada assunto. O que atrapalha muito os candidatos é ele não confiar nele mesmo, é ter algumas inseguranças sobre alguns assuntos”. Ele também alerta para o cuidado com as notícias falsas e orienta os alunos a procurar sempre as fontes primárias de informações, como órgãos oficiais.

Apostas

Entre os temas que podem ser abordados no Enem deste ano, a professora Alba aposta nas relações étnico-raciais, nas migrações, nas questões de gênero e na tensão entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos. Ela também lembra que este ano se comemora o centenário da Revolução Russa e do início da Primeira Guerra Mundial. “Pode ser este o estímulo para que apareçam no Enem relacionados a geopolítica, a concepção de Estado e relações socioeconômicas”, diz.

A Revolução Russa também é uma das apostas do professor Axé Silva. No cenário internacional ele ainda cita a questão do multilateralismo e unilateralismo. “Por um lado, vemos a China formando um grande complexo socioeconômico, estratégico e logístico, que mostra esse multilateralismo, e por outro lado vemos ideias e ações de desintegração, como as ideias de Donald Trump e outros países que olham cada vez mais para si. Estamos vivendo essa nova ordem internacional”, explica.

No Brasil, questões ligadas à urbanização, saneamento básico, crise hídrica e violência urbana também podem ser abordadas. Axé lembra que os assuntos relacionados ao meio ambiente sempre têm destaque no Enem e podem ser abordados em várias disciplinas, como geografia, biologia e química. Um dos temas pode ser a busca de alternativas para a geração de energia limpa.

A discussão sobre a demarcação de terras indígenas e o acesso às terras de descendentes de quilombolas também pode ser abordada, segundo o professor Wiziak. “Isso gera muita discussão e também remete a um histórico de disputa no Brasil em torno da terra”, diz, lembrando que na prova do Enem existe a preocupação de verificar se o aluno conhece o processo de formação da identidade brasileira.

Outro tema que pode aparecer é a segurança pública, ou mais especificamente a crise no sistema carcerário brasileiro, assim como questões ligadas ao trabalho, que costumam aparecer bastante no Enem. “Isso pode remeter à discussão da reforma trabalhista ou a outros momentos da história em que houve mudanças na relação de trabalho, como a criação da CLT, no governo Getúlio Vargas, e mudanças na sociedade brasileira em função das questões de trabalho, como a escravidão”, diz Wisiak.

Segundo ele, questões de política da atualidade podem ser abordados como motivo para se referir a outros momentos da história. O impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff pode ser relacionado, por exemplo, ao impeachment de Fernando Collor, em 1992, ou à crise política em 1955, durante o governo de Juscelino Kubitschek.

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