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Interior

Da cadeia, Pavão comanda por bilhete guerra de facções por controle da fronteira

Bilhete apreendido na cela do traficante foi ponto de partida para investigação

Helio de Freitas, de Dourados | 27/08/2020 08:21
Jarvis Gimenes Pavão no dia em que foi expulso do Paraguai e entregue à PF brasileira (Foto: Arquivo)
Jarvis Gimenes Pavão no dia em que foi expulso do Paraguai e entregue à PF brasileira (Foto: Arquivo)

Mesmo atrás das grades há 11 anos, dos quais oito tendo regalias em presídios paraguaios e desde 2017 perambulando por penitenciárias federais brasileiras, o narcotraficante sul-mato-grossense Jarvis Gimenes Pavão continua ativo no tráfico internacional de drogas.

Da cadeia, ele segue liderando a guerra contra grupos locais e facções criminosas pelo controle do crime organizado na fronteira entre Pedro Juan Caballero, no Paraguai, e Ponta Porã (MS), onde moram seus familiares.

Iniciada a partir de indícios descobertos dentro da cadeia, a Operação Pavo Real, deflagrada pela Polícia Federal nesta quinta-feira (27), tenta desmontar o núcleo de familiares e pessoas próximas a ele, dedicadas à lavagem de dinheiro e ocultação de bens e valores oriundos do narcotráfico.

De acordo com a PF, as investigações foram iniciadas em fevereiro de 2019 para identificar a ocultação de bens e a movimentação de valores no período em que Jarvis Pavão estava recolhido na Penitenciária Federal de Porto Velho (RO). O Campo Grande News apurou que atualmente ele está na Penitenciária Federal de Brasília (DF).

A PF em Rondônia identificou a existência de organização criminosa voltada à ocultação do patrimônio obtido com o tráfico internacional de drogas, formada principalmente pelos familiares do investigado, incluindo esposa, mãe, padrasto, filhos, genros, irmãos e sobrinhos. Todos tiveram a prisão decretada pela Justiça Federal em Porto Velho e são alvos da operação de hoje.

Bilhete – Na cela de Jarvis Pavão, na penitenciária de Porto Velho, agentes penitenciários federais apreenderam bilhetes redigidos de próprio punho, confirmados por perícia grafotécnica, com anotações de diversos imóveis identificados apenas por siglas e codinomes, tanto no Brasil quanto no exterior.

“Com a liderança exercida pelo interno e seu filho, os investigados se associaram para a perpetuação e controle do tráfico internacional de drogas na fronteira entre o Mato Grosso do Sul e o Paraguai, em uma verdadeira guerra contra facções e organizações rivais”, afirma a PF.

Primeira fase – Em junho de 2019, a Polícia Federal deflagrou a primeira fase da operação para cumprir mandados de busca em imóveis de alto padrão, alugados pelos familiares de Pavão em Porto Velho.

Arma, munições e diversos documentos e equipamentos eletrônicos que reforçaram o esquema de lavagem de capitais foram apreendidos. Os criminosos passaram a residir nos imóveis citados com o intuito de facilitar as visitas à penitenciária federal, segundo a PF.

Ao longo da investigação, a Justiça Federal determinou o bloqueio de R$ 302 milhões das contas de 96 investigados, entre pessoas físicas e jurídicas, e suspensão da atividade comercial de 22 empresas utilizadas pela organização criminosa para a movimentação de dinheiro do tráfico.

Também foram sequestrados pela Justiça Federal 17 veículos de luxo avaliados acima de R$ 100 mil cada. Só em veículos, foram R$ 2, 3 milhões em bens sequestrados. A Justiça também mandou confiscar todos os veículos em nome ou em uso dos investigados.

Imóveis – Também foram sequestrados pelo menos 50 imóveis avaliados em R$ 50 milhões no total, além de dezenas de outros imóveis registrados em nome de membros da organização criminosa, cujo valor patrimonial total ainda será apurado.

Apesar de não divulgar o nome do traficante, a PF informou que o nome da operação faz referência ao codinome pelo qual é chamado o investigado, “sendo mundialmente conhecido pelo seu envolvimento com o tráfico internacional de drogas e armas”.

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