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Interior

De luto, Ribas faz ato e cortejo em protesto e despedida por mais um feminicídio

Manifestação cobrou justiça após mulher ser morta mesmo depois de pedir ajuda à polícia

Por Gabi Cenciarelli | 15/12/2025 18:36
De luto, Ribas faz ato e cortejo em protesto e despedida por mais um feminicídio
Manifestantes reunídos em Ribas (Foto: Ribas Ordinario)

Moradores de Ribas do Rio Pardo se reuniram no fim da tarde desta segunda-feira (15) para um ato simbólico em memória de Aline Barreto da Silva, de 33 anos, vítima de feminicídio no último domingo (14). Vestidos de preto, familiares, amigos, colegas de trabalho e moradores participaram da manifestação marcada por indignação, luto e cobrança por justiça.

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Moradores de Ribas do Rio Pardo realizaram ato simbólico em memória de Aline Barreto da Silva, 33 anos, vítima de feminicídio no último domingo. Vestidos de preto, participantes protestaram contra a violência contra mulheres e exigiram justiça. A vítima foi morta a facadas pelo ex-companheiro, Marcelo Augusto Vinciguerra, na presença dos filhos.O caso marca o segundo feminicídio em Ribas do Rio Pardo em 2025 e o 39º no Mato Grosso do Sul. Aline havia solicitado medida protetiva em abril, mas a proteção estava inativa após retomada do relacionamento. Horas antes do crime, ela acionou a Polícia Militar, que não localizou os envolvidos no local.

O ato aconteceu na região da feira da cidade e foi convocado como um “grito de basta” contra a violência sofrida por mulheres. Durante a concentração, colegas de Aline destacaram em entrevista ao site local, Ribas Ordinario, que a mobilização foi organizada de forma voluntária, como resposta coletiva à brutalidade do crime.

“Vieram todos de forma voluntária para que a gente realize esse ato simbólico, que é um grito de basta pelo direito de viver. Hoje nos reunimos aqui com o coração apertado, mas com a consciência firme. Estamos aqui por uma colega, uma mulher, uma vida interrompida pela violência”, afirmou uma das participantes.

De luto, Ribas faz ato e cortejo em protesto e despedida por mais um feminicídio
Aline Barreto da Silva, em outdoor da cidade onde vivia (Foto: Ribas Ordinario)

Em seguida, foi pedido um minuto de silêncio em memória de Aline e de outras vítimas de feminicídio. “Pedimos um minuto de silêncio em memória da nossa colega Aline Barreto da Silva e de todas as mulheres que foram vítimas de feminicídio”, disseram as organizadoras.

As falas reforçaram que o ato não se limitava à perda individual, mas denunciava um problema estrutural. “Este ato não é apenas sobre uma ausência, é sobre um direito básico que está sendo negado a muitas de nós, mulheres. O direito de viver. Nenhuma mulher deve ter sua história interrompida pela violência. Nenhuma mulher deve viver com medo. Nenhuma mulher deve ser silenciada.”

Durante os discursos, as colegas também apontaram que o feminicídio não pode ser tratado como um episódio isolado. “O feminicídio não é um caso isolado. Ele é resultado de uma cultura que ainda normaliza a violência, o controle e o desrespeito sobre os corpos e a vida das mulheres. Hoje transformamos dor em voz, luto em luta, memória em compromisso.”

Pouco antes do ato, os participantes seguiram em cortejo por ruas de Ribas do Rio Pardo, passando por pontos que marcaram a trajetória de Aline na cidade. Um dos momentos mais simbólicos foi a passagem em frente ao outdoor da empresa Suzano, onde ela trabalhava como analista e aparece sorrindo em uma campanha institucional. A imagem contrastou com o clima de revolta que tomou conta da cidade.

Durante o percurso, novas falas reforçaram as cobranças por políticas públicas e proteção efetiva. “Estar aqui é dizer em voz alta: nós temos o direito de viver. De viver com segurança, de viver com dignidade, de viver sem medo. No dia de hoje e sempre exigimos respeito, proteção e políticas públicas eficazes. Exigimos que a violência contra a mulher seja tratada como prioridade. Exigimos que nenhuma morte seja naturalizada.”

Aline foi morta a facadas dentro da própria casa. O crime foi cometido pelo ex-companheiro, Marcelo Augusto Vinciguerra, de 31 anos, e ocorreu na presença dos filhos da vítima. Este é o 39º feminicídio registrado em Mato Grosso do Sul em 2025.

Horas antes de ser morta, Aline havia acionado a Polícia Militar após uma discussão. Uma equipe chegou a ir até o endereço, mas não localizou os envolvidos. A família afirma que, após o pedido de ajuda, a vítima ficou sem amparo, o que também motivou o caráter de protesto da manifestação.

A vítima havia solicitado medida protetiva contra o agressor em abril deste ano, mas a proteção estava inativa no momento do crime após o casal retomar o relacionamento cerca de um mês antes, conforme informou a polícia. Segundo a investigação, a motivação teria sido ciúmes, em um histórico de brigas recorrentes.

Marcelo foi preso em flagrante em frente à residência, passou por audiência de custódia nesta segunda-feira e teve a prisão preventiva decretada. Em interrogatório, preferiu permanecer em silêncio.

Aline deixa quatro filhos, que ficaram sob os cuidados da família materna.

Outro caso na cidade - O feminicídio de Aline não foi o primeiro registrado em Ribas do Rio Pardo em 2025. No dia 31 de julho, Cinira de Brito, de 44 anos, foi assassinada a facadas pelo ex-companheiro, Anderson Aparecido de Olanda, de 41 anos. Segundo a Polícia Civil, a vítima foi atraída até a casa do agressor após receber uma mensagem falsa informando que ele não estaria no local. Cinira acreditou estar segura, foi até o imóvel acompanhada de uma amiga e acabou surpreendida pelo homem, que estava escondido nos fundos da residência. Ela foi atingida por cerca de sete golpes de faca e morreu antes da chegada do socorro. Após o crime, Anderson tentou tirar a própria vida, foi socorrido, mas morreu dias depois na Santa Casa de Campo Grande.

A reportagem aguarda posicionamento da Polícia Militar sobre o atendimento prestado à vítima antes do crime. O espaço segue aberto para manifestação.

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