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Interior

Despedida de jogador tem cortejo, palmas pelas ruas e uniforme em caixão

Carreata passou em frente a ginásio e estádio da cidade, onde jovem Hugo começou breve a carreira no futebol

Anahi Zurutuza | 07/07/2023 17:00

“Sei que agora deve estar impressionando os anjos com sua risada”. A música do sertanejo Gustavo Mioto tocou em carro de som ao longo do cortejo que recebeu Hugo Vinícius Skulny Pedrosa, 19, na entrada de Sete Quedas – cidade a 417 km de Campo Grande. O corpo havia sido levado para o IML (Instituto Médico Legal) de Ponta Porã, onde passou por necropsia e foi liberado nesta sexta-feira (7), para a despedida.

“A comunidade setequedense recebeu de braços abertos o corpo do jovem Hugo num grandioso cortejo, formado por familiares de amigos”, relatou o radialista Salatiel Assis, da Nova FM e Fronteira Agora Notícias.

Contando ainda com viaturas das polícias Civil e Militar, a carreata percorreu várias ruas até a capela da Pax Vida, na região central da cidade de 10 mil habitantes que parou para homenagear o jovem que partiu de forma trágica. A todo momento, o cortejo era aplaudido pelas pessoas que estavam nas calçadas.

A carreata também passou em frente ao Ginásio de Esportes 14 de Novembro, conhecido como Chinelão, e do Estádio José Valci de Araújo, locais onde Hugo praticava seu esporte favorito, o futebol. O rapaz jogou pelo Seduc, de Anastácio, até novembro de 2021. Depois, voltou para Sete Quedas, onde jogou para times locais e também para a seleção municipal.

Capela da Pax Vida, onde foi realizado o velório (Foto: Salatiel Assis)
Capela da Pax Vida, onde foi realizado o velório (Foto: Salatiel Assis)

Foram cerca de 2 horas de velório nesta tarde. A seleção de futebol da cidade fez homenagem silenciosa ao amigo “bom de bola” e ficou em volta do caixão, que recebeu uma camisa do time.

O prefeito da cidade, Francisco Piroli (PSDB), também acompanhou a despedida. Muito abalada, a família recebeu abraços e palavras de conforto, mas preferiu não dar entrevista.

Por volta das 16h, o cortejo partiu em direção ao Cemitério Municipal, onde aconteceu o sepultamento.

Momento que carro funerário passa em frente ao Ginásio Chinelão (Foto: Salatiel Assis)
Momento que carro funerário passa em frente ao Ginásio Chinelão (Foto: Salatiel Assis)

O crime – A investigação policial aponta que Rubia Joice de Oliver Luivisetto, 21, e o “ficante” dela, Danilo Alves Vieira da Silva, 19, premeditaram o assassinato do jogador de futebol. Rubia, a ex-namorada do jogador, está presa por ocultação de cadáver e Danilo, foragido. A motivação do crime não foi informada pela Polícia Civil.

Hugo saiu de uma festa em posto de combustíveis na cidade de Pindoty Porã, que faz fronteira com Sete Quedas, na madrugada do dia 25 de junho. Foi deixado por amigos na casa da ex-namorada e, desde então, não havia sido mais visto. A família então procurou a polícia e registrou um boletim de desaparecimento.

Foi uma denúncia anônima para a Polícia Militar que deu início às buscas no Rio Iguatemi, onde partes do corpo do jogador. Os bombeiros trabalharam intensamente, sem sucesso nos três primeiros dias de buscas. Mas, a polícia chegou a “Maninho” - amigo da ex-namorada do atleta –, que revelou onde o cadáver havia sido desovado.

Durante mais buscas, os bombeiros passaram a localizar os restos mortais do jogador. Foi então que a polícia percebeu a premeditação do crime: os envolvidos haviam cortado a vítima em pequenos pedaços.

Hugo Vinícius Skulny Pedrosa foi morto aos 19 anos (Foto: Arquivo de família)
Hugo Vinícius Skulny Pedrosa foi morto aos 19 anos (Foto: Arquivo de família)

Para identificação da vítima e descoberta sobre o que teria ocorrido com Hugo, peritos, médicos legistas, agentes de polícia cientifica e técnicos de necropsia trabalharam com vários recursos, entre luminol e reconstituição.

Em entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira (7), a delegada Lucélia Constantino, até o momento, 17 pessoas foram ouvidas, além de serem cumpridos mandados de busca, quando foram apreendidos celulares, carros, barco, instrumentos cortantes e imagens de câmeras de segurança.

Entre os telefones, está com a Polícia Civil o que pertence à ex-namorada do atleta, Rubia Joice. O celular do jogador, um Iphone, não foi encontrado, mas a esperança dos investigadores é que com a quebra do sigilo telemático, os dados de localização possam mostrar os “últimos passos” do jogador antes do assassinato.

Embora a tia do jogador tenha relatado à polícia que, no dia do desaparecimento, Hugo havia contado para a família que estava recebendo várias mensagens da ex-namorada, que ela pedia para que ele a encontrasse e o atleta dizia que “não queria mais”, no interrogatório, a jovem negou ter conversado com o ex no dia 24 de junho. Este é um ponto que também pode ser esclarecido com a quebra dos sigilos telemático (dados) e telefônico do celular da investigada.

Danilo (à esquerda) é procurado pela polícia e Rubia (à direita) está presa (Fotos: Reprodução das redes sociais)
Danilo (à esquerda) é procurado pela polícia e Rubia (à direita) está presa (Fotos: Reprodução das redes sociais)

Ela nega – Rubia está presa desde segunda-feira (3), quando se apresentou, acompanhada de advogados, na delegacia de Tacuru. Ela nega plano para matar o ex, ser mandante do assassinato ou ter atraído o jogador para sua casa, onde estava com Danilo. Nega ainda ter ajudado a “dar fim” ao corpo do rapaz.

O amigo dela, Maninho, que teria testemunhado o assassinato, apesar de ter admitido que ajudou a “se livrar” do corpo do atleta, segue como colaborador da investigação, em liberdade. Danilo teve a prisão temporária decretada e segue foragido.

(*) Com informações de Salatiel Assis, da Nova FM e Fronteira Agora Notícias. 

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