ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram Campo Grande News no TikTok Campo Grande News no Youtube
JULHO, SEXTA  18    CAMPO GRANDE 22º

Interior

Funai notifica 16 fazendas que estão na rota da demarcação de terra indígena

Áreas desses produtores incidem nos limites preliminares da área reivindicada pelos guarani-kaiowá

Por Silvia Frias | 18/07/2025 10:55
Funai notifica 16 fazendas que estão na rota da demarcação de terra indígena
Despejo dos indígenas ocorreu com reforço policial, em 2016 (Foto/Cimi/Arquivo)

A Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) notificou 16 proprietários de terras e demais interessados sobre "incidência de imóveis" nos limites da área em estudo da Terra Indígena Apyka´i, em Dourados. Isso significa que parte ou toda a fazenda está dentro de uma área em estudo de desapropriação. O aviso, publicado no Diário Oficial da União, foi feito nove anos após o início do processo administrativo, iniciado por portaria de junho de 2016.

RESUMO

Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!

Funai notifica proprietários sobre estudo de demarcação da Terra Indígena Apyka'i, em Dourados. A área é reivindicada pelos Guarani-Kaiowá desde a década de 1980 e o processo administrativo foi iniciado em 2016. Interessados têm 30 dias para se manifestar, após tentativas frustradas de notificação direta. A notificação, publicada no Diário Oficial da União, é etapa crucial para a demarcação. Apyka'i é considerada território tradicional Guarani-Kaiowá, que acamparam às margens da BR-463 em 2012 após expulsão da Fazenda Serrana. Em 2016, nove famílias foram despejadas da área em reintegração de posse considerada desproporcional por órgãos de defesa dos direitos indígenas.

Entre os 16 notificados, estão o presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de MS), Guilherme de Barros de Costa Marques, os produtores Maurício e Fernando de Barros Bumlai.

A área é reivindicada pelos guarani-kaiowá desde a década de 1980 e teve a líder e rezadeira Damiana Cavanha como expoente de resistência pela demarcação

A publicação ocorre quase nove anos após o início do processo administrativo, por meio da Portaria nº 560, de junho de 2016. A proposta de delimitação foi alterada em 2018 e, agora, diante das tentativas frustradas de notificação direta dos titulares, a Funai torna pública a convocação. A presidente da Funai, Joenia Wapichana, abriu prazo de 30 dias para manifestaçoes.

Segundo o edital, a manifestação pode ser feita por qualquer interessado, proprietário ou não, desde que conste o número do processo. O envio pode ser feito digitalmente, por meio da plataforma divulgada no edital.

A Funai destaca que a continuidade do procedimento não depende dessas manifestações, que poderão, no entanto, ser analisadas posteriormente, até a decisão sobre a aprovação ou não do estudo.

A notificação pública é etapa fundamental do procedimento previsto no Decreto 1.775/96, que regulamenta o processo de demarcação de terras indígenas no Brasil. A aprovação do RCID é o próximo marco esperado e, sendo aprovado, um resumo será publicado no Diário Oficial da União e no do Estado, abrindo novo prazo de 90 dias para apresentação de contestação ao processo.

Funai notifica 16 fazendas que estão na rota da demarcação de terra indígena
Damiana Cavanha (azul), morreu em novembro de 2023, sendo conhecida pela luta dos guarani-kaiowá (Foto: Reprodução/Cimi/Ruy Sposati)

Histórico -  Apyka’i é território tradicionalmente ocupado pelos guarani-kaiowá, que reivindica a área como tekoha (lugar sagrado de moradia). Desde 2012, famílias permanecem em acampamento às margens da BR-463, após terem sido expulsas da chamada Fazenda Serrana, onde está parte da área em disputa.

No site da Funai, a TI Apyka´i consta como em estudo desde 30 de junho de 2016, com apenas 13% do processo de identificação realizado. Nas outras informações, como população e área, estão marcadas com o sinal de “?”.

Antes disso, na década de 1980, a área já era reivindicada pela família de Damiana Cavanha, até serem expulsos por fazendeiros, o que os levaram a se dispersar pelas reservas indígenas de Dourados e Caarapó.

Em alguns momentos, Damiana e sua família viveram às margens da rodovia, em outros, em meio às plantações de cana. Os guarani-kaiowá da Apika'y habitavam barracos improvisados, desprovidos de instalações sanitárias e energia elétrica.

Em 2016, foram despejados por ordem judicial, dos barracos erguidos às margens da BR-463.  Em julho daquele ano, a reintegração de posse autorizada pela Justiça Federal resultou na destruição dos barracos e expulsão de nove famílias, em ação considerada desproporcional por órgãos de defesa dos direitos indígenas.

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.


Nos siga no Google Notícias