Terena afirmam que só deixam Brasília depois que portaria de indenizações sair
Comissão formada por 13 indígenas estão em reunião com diretoria de assuntos fundiários em Brasília
Os índios terena que estão na retomada da fazenda 3R, na região de Sidrolândia passaram esta tarde em Brasília, em reunião com a diretoria de assuntos fundiários, na Funai (Fundação Nacional do Índio).
Uma comissão de frente organizada para a retomada, composta por 13 índios terena, foram até Brasília e afirmam que não saem da Funai, antes da publicação da portaria que estipula o pagamento das benfeitorias feitas nas terras, já declaradas indígenas, pelos produtores rurais.
A comissão é formada por terena das aldeias da região, cacique Messias Sol Dias e os líderes Manoelito Pereira e Antônio Aparecido Jorge, da aldeia Córrego do Meio; cacique Tadeu Reginaldo, da Olho d'água; cacique Wilson Cordeiro, da Oliveira; cacique Leônidas Rodrigues, da aldeia Barreirinho e da Buriti o cacique Rodrigues Alcântara e líderes terena Percedino Rodrigues, Alberto França, Antônio Bernando Gabriel, Agostinho Alcântara, Egídio Mamede e Gerson Pinto Alves.
Enquanto a comunidade trabalha para agilizar o processo de demarcação de posse, advogado da fazenda 3R ainda aguarda o TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região, decidir o desembargador competente para o caso.
Segundo o advogado da fazenda, Newley Amarilha, não há uma previsão de quando o Tribunal vai indicar o magistrado. A expectativa era que saísse nesta segunda-feira.
O TRF suspendeu o cumprimento da liminar, que pedia a retirada dos índios que estão na fazenda, na sexta-feira (20). Depois da decisão do magistrado competente, o recurso de agravo da Funai (Fundação Nacional do Índio) será analisado.
Retomada - Aproximadamente 2 mil índios terena estão na retomada pela terra desde o dia 10 de maio. A reivindicação é pela demarcação dos 17 mil hectares já identificados como indígenas. O Campo Grande News esteve na fazenda no último dia 24 e acompanhou a preparação do solo para início da plantação.
Demarcação - A terra indígena Buriti, correspondente a 17,2 mil hectares, é reivindicada há décadas, mas só foi identificada pela Funai em agosto de 2001. Após a publicação do relatório de identificação, fazendeiros da região pediram na Justiça que fosse declarada a nulidade da identificação antropológica.
Depois de nove anos de espera, com a decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, de São Paulo, reconhecendo os direitos territoriais dos terena, foi publicada a portaria declaratória pelo Ministério da Justiça, com os limites da terra indígena Buriti.
De lá para cá, foram diversas movimentações do povo terena pedindo rapidez no julgamento dos processos e a conclusão das demarcações. Em Outubro de 2009, houve uma grande mobilização de retomada de terras, em que os terena acabaram sendo violentamente expulsos por ação da Polícia Militar do Estado em conjunto com fazendeiros, sem que houvesse ordem judicial para isso.