No 4º dia de rodovia fechada, indígenas saem só com garantia de água
Eles querem a instalação de dois poços artesianos e a garantia de fornecimento diário de água nas aldeias
Após confronto com o Batalhão de Choque da Polícia Militar, os indígenas das aldeias de Dourados, distante 251 quilômetros de Campo Grande, continuam com o bloqueio da MS-156 que entrou no quarto dia nesta quinta-feira (28).
Em assembleia no fim da tarde de ontem (27), eles rejeitaram a proposta de liberar a estrada imediatamente, como queria o governo de Mato Grosso do Sul. O protesto cobra abastecimento de água tratada nas áreas indígenas.
Apesar de as lideranças das Aldeias Bororó e Jaguapiru concordarem com a liberação da rodovia, a maioria dos moradores decidiu manter o bloqueio pelo menos até esta manhã, quando está prevista a chegada da secretária estadual de Cidadania, Viviane Luiza da Silva. Por ordem do governador Eduardo Riedel (PSDB), ela vai se encontrar com representantes da comunidade indígena, às 8h, no MPF (Ministério Público Federal).
Os indígenas exigiram a presença da secretária para assinar pessoalmente o documento com o compromisso do governo em ampliar o fornecimento de água através de caminhões-pipa e para construção de dois poços na reserva. Pela proposta, os caminhões-pipa serão fornecidos pela Sanesul (Empresa de Saneamento de Mato Grosso do Sul) e pela Prefeitura de Itaporã (parte da reserva fica no município vizinho) e os dois poços (um em cada aldeia) serão construídos com R$ 250 mil de emenda federal, já garantidos.
Além disso, há o compromisso de liberação de R$ 53 milhões em 2025 para a construção de dois “super poços” que resolveriam em definitivo a falta de água nas aldeias. Após essa reunião, os indígenas devem liberar a rodovia.
Chegada da polícia - A MS-156, entre Dourados e Itaporã, o acesso ao Hospital da Missão Caiuá e o anel viário foram bloqueados na segunda-feira (25). Nos dois primeiros dias de protesto não houve avanço nas negociações. Na manhã de ontem, equipes do Batalhão de Choque chegaram ao local. Bombas de gás e tiros de munição “não letal” foram disparados pelos policiais para afastar os manifestantes. Vários indígenas ficaram feridos. Duas mulheres foram levadas para o Hospital da Vida com sangramento no ouvido esquerdo.
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