PF vai à área de conflito investigar ataque a indígenas
Policiais estão na aldeia e na fazenda, em Iguatemi, onde comunidade denunciou investida de jagunços
A Polícia Federal já iniciou investigação sobre novo ataque contra a comunidade indígena de Pyelito Kue/Mbaraka’y, no município de Iguatemi, na fronteira com o Paraguai. Guaranis-Nhandeva que lutam pela demarcação das terras afirmam que jagunços armados atacaram o acampamento na tarde de sábado (16).
Nesta segunda-feira (18), a Superintendência da PF informou que duas equipes foram enviadas ao local logo após a comunidade denunciar as supostas agressões. Os policiais estão na aldeia e na Fazenda Cachoeira, onde teriam ocorrido os ataques.
De acordo com o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), o suposto ataque teve como alvos os indígenas que ocuparam área de mata da fazenda, na madrugada de sábado. Lideranças relataram à ONG ligada à igreja católica que na parte da tarde, jagunços armados foram ao local para tentar expulsar os indígenas da mata. Ainda não há informações se alguém ficou ferido.
Há pelo menos 12 anos, os indígenas lutam pela demarcação das terras. A fazenda tem 2.387 hectares e faz parte da Terra Indígena Iguatemipegua I, apontada em estudo antropológico da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas).
“Precisamos que alguma autoridade venha para a região, para proteger a comunidade. É urgente”, relatou ao Cimi a indígena “Kunhã’i”, que esconde o nome em português por razões de segurança.
No mês passado, o jornalista canadense Renaud Philippe e a cineasta e antropóloga Ana Carolina Mira Porto foram agredidos e roubados por seguranças da Fazenda Maringá quando tentavam documentar a vida dos Guaranis que lutam pela retomada da terra.
De acordo com o Cimi, os indígenas reivindicam a conclusão da demarcação da TI Iguatemipegua I, paralisada há dez anos. Desde a publicação do Relatório Circunstanciado de Identificação e Delimitação pela Funai, em 2013, não houve mais avanços no procedimento. A Terra Indígena foi delimitada com 41,5 mil hectares. Atualmente, a comunidade ocupa apenas 100, cercados por pasto e eucaliptos.
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