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Interior

Preso chutou cabeça de detento decapitado na quadra de presídio

Agepen começou recuperação em cadeia destruída e instaurou procedimento interno para apurar motim que durou 16 horas

Helio de Freitas, de Dourados | 08/08/2016 13:41
Corpo de preso decapitado foi encontrado na quadra de esportes do presídio (Foto: Divulgação)
Corpo de preso decapitado foi encontrado na quadra de esportes do presídio (Foto: Divulgação)

Um detento chegou a chutar a cabeça do presidiário Fernando Florentino da Silva, 36, depois que ele foi decapitado na quinta-feira (4), durante a rebelião de 16 horas na penitenciária de segurança máxima de Naviraí, a 366 km de Campo Grande. Outro detento, Luiz Fabiano Bezerra, 36, o “Zorba”, ferido durante o início do motim, chegou a ser socorrido, mas morreu antes de chegar ao hospital.

Transformado em refém depois que os presidiários tomaram vários pavilhões da penitenciária e promoveram um quebra-quebra, colocando fogo em colchões e móveis, Fernando da Silva foi levado para a quadra de esportes do presídio com as mãos amarradas para trás e foi decapitado. A morte teria ocorrido no fim a tarde.

“Durante a madrugada um dos presos rebelados chutou a cabeça para longe do corpo”, afirmou ao Campo Grande News o presidente do Sinsap (Sindicato dos Servidores da Administração Penitenciária de Mato Grosso do Sul), André Santiago.

Assim como Luiz Bezerra, Fernando da Silva tinha uma extensa ficha policial. No site do TJMS constam oito processos em que ele aparece como réu, a maioria por tráfico de drogas, roubo e furto.

No dia 25 de julho deste ano, Fernando tinha sido preso pela Polícia Civil de Naviraí junto com Teófilis Portírio Antunes, 30, acusados de envolvimento com uma carga de 3,5 toneladas de maconha que estava em duas caminhonetes abandonadas na “estrada da Balsinha”, zona rural do município.

Teófilis confirmou que dirigia uma das caminhonetes, uma F350, e acusou o comparsa de ser o condutor da Toyota Hilux. Fernando negou participação no tráfico, mas foi indiciado e levado para o presídio, onde foi decapitado dez dias depois.

Investigação – Além da investigação sobre os dois homicídios e sobre os ferimentos provocados a outros 12 detentos, que será feita pela Polícia Civil, também será instaurado um procedimento administrativo interno.

Segundo o diretor-presidente da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), Ailton Stropa, disse que o processo disciplinar contra os internos que causaram a rebelião ocorre “sem prejuízo da lavratura das ocorrências policiais para apuração dos crimes de danos ao patrimônio público e homicídio”.

Visitas – Stropa disse que a visita no Dia dos Pais, próximo domingo, não estão garantidas, já que a recuperação da penitenciária começou hoje. “Presídio emergencialmente recuperado para funcionamento na sexta, sábado e domingo. Hoje começamos a recuperação de forma mais efetiva. [A visita] depende do que conseguirmos fazer até o final de semana”.

O motim começou por volta de 14h de quinta-feira e só terminou às 6h de sexta (5) depois que a tropa de choque da Polícia Militar invadiu o presídio e controlou a situação.

A primeira morte tinha sido confirmada no primeiro dia, quando vários feridos foram levados para o hospital e Luiz Bezerra morreu enquanto era socorrido. A outra foi confirmada na sexta quando a tropa de choque entrou no presídio e encontrou o detento decapitado.

Pelo menos 52 líderes da rebelião foram transferidos para os presídios de Dourados e de Campo Grande. Eles são ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital).

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