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Interior

Projeto leva orientação sobre uso do esgoto e melhora indicadores de saúde

Iniciativa em cidade da fronteira reduz extravasamento da rede e casos de dengue e chikungunya

Por Gabriel Neris | 09/07/2025 11:32
Projeto leva orientação sobre uso do esgoto e melhora indicadores de saúde
Agente de endemias, Anderson Santana orienta moradora (Foto: Bruno Rezende)

O agente de endemias Anderson Santana começa o dia cedo no bairro São Bernardo, em Ponta Porã, cidade localizada na fronteira de Mato Grosso do Sul. Além das atividades de rotina, ele passou a ter uma nova missão: orientar os moradores sobre o uso correto da rede de esgoto. A tarefa faz parte do projeto Saúde, Saneamento e Meio Ambiente, promovido pela Sanesul (Empresa de Saneamento de Mato Grosso do Sul), em parceria com a prefeitura.

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Em Ponta Porã (MS), um projeto inovador da Sanesul, em parceria com a prefeitura, está transformando a relação dos moradores com o saneamento básico. Agentes comunitários de saúde e endemias foram capacitados para orientar a população sobre o uso correto da rede de esgoto, impactando positivamente os indicadores de saúde e meio ambiente. A iniciativa, de baixo custo, resultou em queda expressiva nos extravasamentos de esgoto e nas notificações de doenças como dengue e chikungunya. O sucesso do projeto, baseado na educação e prevenção, já lhe rendeu prêmios nacionais e serve de modelo para outros municípios. A simplicidade da abordagem, aliada à confiança construída pelos agentes, demonstra o poder da informação na promoção da saúde pública e na preservação ambiental.

“Informação sempre é bem-vinda. A gente explica que não pode jogar borra de café na pia, nem óleo ou papel higiênico no vaso. Muita gente ligava a calha da chuva no esgoto, o que sobrecarrega a rede. Com orientação, param de fazer isso. E como já temos confiança das pessoas, o diálogo flui”, resume Santana.

Ele não está sozinho nessa missão. Desde junho do ano passado, 220 agentes comunitários de saúde e de endemias passaram por capacitação oferecida pela Sanesul, com apoio da prefeitura. O objetivo: incluir o tema saneamento nas visitas de rotina.

A estratégia deu certo. Dez meses após a implantação, os indicadores mostram queda de 19% no número de extravasamentos de esgoto e de 12% nas ocorrências nas ruas, muitas vezes causadas pelo uso incorreto da rede. O comparativo considera o período de julho de 2023 a abril de 2024 (antes do projeto) com os mesmos meses entre 2024 e 2025 (já com a ação em curso).

Na saúde pública, os resultados são ainda mais expressivos. Houve redução de 97% nas notificações de dengue e chikungunya, considerando as 16 primeiras semanas epidemiológicas de 2024 em relação ao mesmo período de 2025. Casos de outras doenças também caíram 11%, segundo a prefeitura.

Além do contato direto com os agentes, os moradores recebem panfletos e cartilhas com orientações práticas. Maria Luiza Ovedo, moradora do bairro São Bernardo, elogia a iniciativa. “Depois que os agentes passaram a visitar com mais frequência, a gente ficou por dentro do que pode e não pode fazer. Aprende muita coisa”, conta.

Outro agente, Oscar Cuevas, diz que a receptividade nas casas tem sido positiva. “Sou bem recebido, graças a Deus. As pessoas têm muitas dúvidas, principalmente sobre água da chuva e descarte de óleo. Aprendi bastante e passo isso adiante. A missão é prevenir”, afirma. Formado em Direito no Paraguai, ele usa o conhecimento jurídico para enriquecer o trabalho com saúde pública.

O projeto tem custo praticamente zero. Os próprios agentes da rede municipal, já em atividade, são os responsáveis pela orientação — e o único investimento foi em capacitação e material impresso.

“O projeto surgiu da necessidade de educar a população. Unimos esforços da Sanesul, da PPP MS Pantanal e da prefeitura. Cerca de 90% dos extravasamentos de esgoto ocorrem por mau uso da rede. Quando falamos em saneamento, estamos falando em saúde”, explica Célio Poveda Filho, gerente regional da Sanesul.

Projeto leva orientação sobre uso do esgoto e melhora indicadores de saúde
Secretário de Saúde, Daniel Lima Kayatt diz que projeto não tem prazo para terminar (Foto: Bruno Rezende)

A iniciativa, que começou como piloto, agora é permanente. Os 220 agentes continuam orientando moradores nas visitas regulares, reforçando a importância do uso correto do esgoto.

“O projeto não vai parar. Informação precisa ser repetida até fazer parte da rotina. É uma parceria de sucesso com o Governo do Estado e a Sanesul. E o impacto na saúde é direto”, afirma o secretário municipal de Saúde, Daniel Lima Kayatt. Segundo ele, a redução do extravasamento nas ruas também diminui os focos do mosquito da dengue, que encontra menos água acumulada em períodos de chuva.

Com bons resultados e baixo custo, o modelo já é considerado referência. “É uma proposta que pode ser replicada em outros municípios. Já discutimos isso com secretários e diretores da Sanesul. É um projeto baseado em conversa, informação e prevenção”, reforça Kayatt.

A experiência já rendeu reconhecimento nacional. O projeto foi premiado em 3º lugar na categoria Meio Ambiente do Prêmio Nacional Universalizar e conquistou o 2º lugar no III Prêmio Ipê Amarelo de Meio Ambiente, do CREA-MS (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Mato Grosso do Sul).

Para as autoridades envolvidas, a principal conquista é fazer o tema do saneamento chegar de forma acessível às famílias. Com confiança e proximidade, os agentes têm papel essencial no fortalecimento da saúde pública e do cuidado com o meio ambiente.

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