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Retrospectiva 2011

Retrospectiva / Ano da "caça" a onças, jacaré de concreto e ataques mortais

Jorge Almoas | 29/12/2010 11:36

Safaris no Pantanal e dono morto por cão foram alguns dos destaques

Com um roteiro digno de desenho animado, uma onça pintada fugiu do Centro de Reabilitação de Animais Silvestres de Campo Grande no dia 29 de outubro. Escapou, sem nome e sem rumo. Foto:João Garrigó
Com um roteiro digno de desenho animado, uma onça pintada fugiu do Centro de Reabilitação de Animais Silvestres de Campo Grande no dia 29 de outubro. Escapou, sem nome e sem rumo. Foto:João Garrigó

O ano de 2010 foi marcado por acontecimentos inusitados, curiosos e chocantes envolvendo o "reino animal".

Os protagonistas dessas histórias mostraram que nunca uma expressão foi válida para Campo Grande: “o povo de lá anda com a onça na coleira”.

Com um roteiro digno de desenho animado, uma onça pintada fugiu do Centro de Reabilitação de Animais Silvestres de Campo Grande no dia 29 de outubro. Escapou, sem nome e sem rumo.

A fuga do felino teve ajuda de uma anta (sem trocadilho): o mamífero abriu o caminho e a onça colocou as quatro patas na estrada. A partir disso, uma caçada a onça fujona marcou o noticiário do Campo Grande News. Chuvas, um feriado de Finados e pistas falsas tiraram a polícia da trilha do bicho.

Teve quem viu a onça pintada perto do Parque dos Poderes. E outros que afirmaram terem enxergado as pintas do felino na estrada da Gameleira, quase em Sidrolândia. Mas foram os instintos mais primitivos que trouxeram a fugitiva de volta pra casa.

A fome apertou e o animal deixou pistas. Uma pegada. Uma carcaça. Para pegar o bicho de volta, armadilhas foram montadas e no dia 28 de dezembro, ela foi capturada. Maior, mais vistosa, com fome e mais experiente. O felino que tinha um tamanho de um pit bull quando fugiu, voltou mais gorda, foi capturada e agora deve ir para zoologico no Paraná.

Ainda sobre os felinos, no mês de julho, a Polícia Federal prendeu uma quadrilha, que ajudava endinheirados a caçar onças no Pantanal. Na Operação Jaguar, em conjunto com o Ibama, foram realizadas prisões e apreensões de armas, munições e animais mortos.

Em junho, um pit bull voltou-se contra Fernando Jorge Paes, de 44 anos, matando o próprio dono a dentadas - Foto: João Garrigó
Em junho, um pit bull voltou-se contra Fernando Jorge Paes, de 44 anos, matando o próprio dono a dentadas - Foto: João Garrigó

Choque - Um cão da raça usada como parâmetro para o tamanho da onça fujona foi notícia em junho. Um pit bull voltou-se contra Fernando Jorge Paes, de 44 anos, matando o próprio dono a dentadas. Boatos de que o proprietário dava leite com pimenta para o cachorro alimentaram a polêmica sobre a raça.

Partes do peito, da perna e do braço direito foram arrancados pelos dentes do animal. Depois de ser encaminhado ao CCZ (Centro de Controle de Zoonoses), o bicho foi sacrificado em julho, por conta do diagnóstico de leishmaniose visceral. Na época, a hipótese de maus tratos foi descartada.

Outros “parentes” do cão matador também foram notícia. Em outubro, um casal de pit-bulls foi encontrado nas ruas do Jardim Panamá. Policiais do 7 DP deram comida e água, até que o dono apareceu, justificando que uma criança tinha deixado o portão aberto, cedendo liberdade aos cachorros.

As abelhas também fizeram vítimas neste ano. Em Nova Alvorada do Sul, um caminhoneiro perdeu o controle do veículo ao ser atacado por enxame. O veículo saiu da pista, tombou, mas o motorista não se machucou.

Fatal foi o ataque ao tenente do Exército Lucas de Assunção, de 23 anos. O militar sofreu acidente em Miranda no dia 23 de dezembro,

Lucas capotou o carro, sofreu traumatismo craniano, ficou desacordado e foi atacado por um enxame, levando mais de mil picadas de abelhas.

Helicóptero que levaria o soro para idosa picada por cobra caiu no dia 6 de fevereiro no pátio do hospital. Foto: Adriano Hany
Helicóptero que levaria o soro para idosa picada por cobra caiu no dia 6 de fevereiro no pátio do hospital. Foto: Adriano Hany

No mato - Um garoto foi protagonista de uma reportagem envolvendo uma cobra. Em 1º de novembro, Alex José Alves, de 10 anos, foi picado por uma cascavel em assentamento da área rural de Nova Andradina. O menino foi buscar tomates para a mãe em uma horta, quando foi picada pela serpente.

A falta de orientação da família e a dificuldade em chegar ao atendimento médico fizeram com que Alex só recebesse atendimento cerca de 30 horas depois da picada da cobra. Contudo, o menino se salvou e não ficou com seqüelas do veneno.

Também por conta de uma cobra, o caso de Sotênia Espíndola da Silva, de 69 anos, ganhou as manchetes do Campo Grande News no segundo mês de 2010. Depois de ser picada por uma serpente, a idosa precisou esperar muito para chegar à Santa Casa de Coxim, na região Norte do estado.

Para piorar a situação, o helicóptero que levaria o soro da salvação de Campo Grande para a idosa caiu no dia 6 de fevereiro no pátio do hospital. Por sorte, ninguém se feriu. A idosa conseguiu sair da fazenda onde mora, em uma região alagada e ser socorrida.

Um jacaré vestido de soldado virou notícia em 25 de maio. Instalado na entrada do CMO - Foto: João Garrigó
Um jacaré vestido de soldado virou notícia em 25 de maio. Instalado na entrada do CMO - Foto: João Garrigó

De concreto - Por fim, também foi um animal, mas dessa vez de concreto e com aparato militar. Um jacaré vestido de soldado virou notícia em 25 de maio. Instalado na entrada do CMO (Comando Militar do Oeste), na Avenida Duque de Caxias, o “jacaré-soldado” tinha tanta ‘força’ que estava a beira de mudar o curso da Via Morena, uma das principais obras de infraestrutura de Campo Grande.

Sem falar ou esboçar qualquer reação, o bicho de cimento ficou incólume no lugar, forçando o ‘bicho-homem’ a tomar uma decisão: em julho, a figura do “Guerreiro do Pantanal”, vestido com o verde militar, deu lugar ao cinza do asfalto novo.

Para 2011, ainda não se sabe o que esperar do reino animal. O que é certo são as presenças das araras nos coqueiros, das capivaras e quatis no Parque das Nações Indígenas e Lago do Amor, e dos tucanos, que, de vez em quando, gritam nas arvores frutíferas, enquanto saboreiam o gosto da cidade morena.

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