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Cidades

Vítimas de empresa que explorou bitcoins surgem de todos os lados

MinerWorld se apresenta como mineradora da moeda virtual Bitcoin com sede no Paraguai e unidade em Campo Grande, é investigada por formar pirâmide financeira desde o fim de 2017

Guilherme Henri | 17/04/2018 17:19
Postagem no site "Reclame Aqui" de investidor que mora em Franca (SP) (Foto: Reprodução)
Postagem no site "Reclame Aqui" de investidor que mora em Franca (SP) (Foto: Reprodução)

Mato Grosso do Sul, São Paulo, Minas Gerais e até do México. As vítimas da empresa MinerWorld investigada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) surgem de todos os lados. Na maioria dos casos as reclamações são as mesmas: “onde está o meu dinheiro investido?”.

A empresa, que se apresenta como mineradora da moeda virtual Bitcoin com sede no Paraguai e unidade em Campo Grande, é investigada por formar pirâmide financeira desde o fim de 2017. Segundo as investigações, ela vende “lucro fácil”, mas parte dos investidores não vê a cor do dinheiro, como resume, o titular da 43ª Promotoria de Justiça do Consumidor, que encabeça as investigações, Luiz Eduardo Lemos de Almeida.

No site “Reclame Aqui”, plataforma que recebe críticas de clientes, a empresa soma 250 reclamações. Elas vêm de todos os estados brasileiros e começaram bem antes de a operação ser desencadeada hoje na Capital.

Vítima em Campo Grande relata descaso da empresa em reclamação antes da operação (Foto: Reprodução)
Vítima em Campo Grande relata descaso da empresa em reclamação antes da operação (Foto: Reprodução)
Investidor campo-grandense afirma que não consegue reaver dinheiro investido (Foto: Reprodução)
Investidor campo-grandense afirma que não consegue reaver dinheiro investido (Foto: Reprodução)

No interior de São Paulo, uma das vítimas dispara: “estou tentando há mais de 2 meses efetuar o saque do dinheiro que investi e simplesmente a empresa sumiu e não responde a meus contatos e não esta liberando no site para efetuar os saques”, diz a publicação feita nesta terça-feira (17).

Em Minas Gerais, investidor lesado lamenta: “não sei mensurar o tamanho da minha indignação com a empresa. Lançam um compromisso atrás do outro e nunca cumprem, a impressão que dá é que estão ganhando tempo enquanto isso quem investiu fica tenso com toda essa incerteza... Assumi o risco de investir porque depositei confiança na empresa, todos os membros da minha família investiram porque meu irmão confiou na empresa. Contava com o dinheiro assim como meus familiares tínhamos projetos...”. A publicação também foi feita hoje no site.

Em Franca (SP) outra vítima relata que o prejuízo foi grande. “Fiz a maior cagada da minha vida: investi em moedas digitais e pra piorar, na Minerworld! a pior empresa do mundo!!! Investi 12 mil reais, prometeram retorno de investimento em 6 meses. Lógico que não deu certo, são um bando de incompetentes”. A publicação é de domingo (15).

No Facebook investidora do México espera posicionamento da empresa quanto a investimentos (Foto: Reprodução)
No Facebook investidora do México espera posicionamento da empresa quanto a investimentos (Foto: Reprodução)

Capital – Em Campo Grande, investidores também relataram o drama de quem apostou na empresa. “Bom como todos já sabem a Minerworld não vem honrando com seus contratos, uma das formas de ganhar mais tempo e levar mais pessoas a terem prejuízos é inventar novas desculpas. Estou com um dinheiro parado que investi nessa empresa acreditando que seria uma empresa séria, por fim me enganei estou com um prejuízo enorme”. A publicação é do dia 27 de março.

Outra campo-grandense conta que investiu R$ 2 mil e desde o ano passado tenta reaver o dinheiro com a empresa, mas sem sucesso. A reclamação foi postada no site por ele também no mês passado.

No Facebook, as reclamações se repetem. E o que chama mais atenção é que além de vítimas de Mato Grosso do Sul e outros estados, investidores do México esperam posicionamento da empresa.

Antes mesmo da operação, investidores já cobravam os lucros prometidos pela empresa, que deixou de responder os comentários.

Operação - Além da MinerWorld, são alvo da Operação Lucro Fácil, deflagrada antes das 7h de hoje em Campo Grande e São Paulo, as empresas Bit Ofertas e Bitpago.

Conforme a apuração do Ministério Publicação, as empresas vendem o serviço – a mineração de bitcoins – o que não é ilegal, mas não “entregam”. “É apenas o alarde, que como é algo muito novo se torna atrativo e serve como chamariz para essas empresas”, detalhou o promotor Luiz Eduardo Lemos de Almeida.

Gaeco cumpriu mandados de busca e apreensão nas empresas investigadas. (Foto: Liniker Ribeiro)
Gaeco cumpriu mandados de busca e apreensão nas empresas investigadas. (Foto: Liniker Ribeiro)

No site oficial, a MinerWorld informa que tem 70 mil investidores em 50 países. O promotor diz ainda não ter dimensionado ainda quantas pessoas em Campo Grande, ou em Mato Grosso do Sul.

Outro lado - A MinerWorld nega a irregularidade e afirma ter sido ela vítima de uma fraude que rendeu prejuízo, hoje, na ordem de R$ 23,8 milhões –e que teria ocasionado as reclamações dos investidores que, desde o ano passado, alegam não conseguirem realizar saques de seus investimentos.

Em nota, a assessoria da MinerWorld informou que a empresa “não é, nem nunca foi, uma pirâmide financeira”. Além disso, reforçou que outros esclarecimentos quanto a Lucro Fácil “serão prestados em juízo”.

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