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Em Pauta

A união de religiões levou a ciência para o Ocidente

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 07/06/2025 08:40
A união de religiões levou a ciência para o Ocidente

Desde a queda do Império Romano, as ciências estavam estagnadas no Ocidente. Foram sete séculos de domínio do ódio e das guerras. Esse quadro só mudaria no século XII. Grande parte do mérito dessa mudança é devido a pessoas que viviam na cidade espanhola de Toledo, próxima de Madri. A ciência floresceu ali, onde astrônomos  seguiram os ensinamentos do que era contado no “Al Magesto”, treze livros escritos no Egito, 150 anos antes de Cristo, originalmente denominados “Sintaxis matemática“, de Cláudio Ptolomeu. O egípcio descrevia um modelo em que a Terra estava imóvel no centro, e a Lua e o Sol - e os demais planetas e estrelas - estavam localizadas em esferas concêntricas que giravam em torno da Terra. A ideia de Ptolomeu estava errada, mas tem enorme valor por se constituir no primeiro modelo de como funciona o Cosmo.


A união de religiões levou a ciência para o Ocidente

Muçulmanos unidos com judeus.

Neste momento, o mundo volta a idolatrar o ódio. É nesta época que é importante lembrar que houve um tempo em que muçulmanos não só viviam em perfeita comunhão com os judeus, mas que produziam avanços substanciais para o mundo. Foi em Toledo que astrônomos muçulmanos como Al-Zarqali se uniram a judeus, como Isaac ben Sid, para estudar e propor novas ideias, usando o Al Magesto de Ptolomeu como base.


A união de religiões levou a ciência para o Ocidente

Construindo instrumentos.

O astrolábio foi criado provavelmente por Hiparco, um matemático grego que viveu 180 anos antes de Cristo. Mas esse fundamental instrumento de observação do céu só foi conservado pelos árabes, e esquecido na Europa. Al-Zarqali o reconstruiu em Toledo para medir o tempo pela noite, algo fundamental para fazer observações astronômicas. Isaac ben Sid levou os relógios de água - as clepsidras - para auxiliar as medições. Monges escrivães, tradutores e copistas cristãos - como Gerardo de Cremona - ouvindo esses astrônomos árabes e judeus, reescreverem o Al Magesto em latim bem como as novas ideias e medições. No século seguinte, no tempo de um dos raros reis que fizeram alguma coisa em favor do povo, Alfonso X, financiou novos estudos chegando as chamadas “Tábuas Alfonsinas”, escritas em espanhol. Esse conjunto de conhecimentos chegou a Copérnico, que mudou nossa visão de universo para sempre. Essa é a história de como chegamos ao conhecimento de que a Terra gira ao redor do Sol. O ódio entre os povos leva à estagnação ou ao retrocesso, só há progresso com a união.

 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.

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