As velas com óleo de sucuri garantiam a festa na fronteira
Eles passaram dias perdidos nos ervais da fronteira com o Paraguai. Era um lugar ermo, como todos na região. Chegaram, finalmente, a uma “ranchada”, uma pequena fazenda que vivia da cultura da erva mate. Foram recebidos com festa. Uma “ jeroqui machazo”.
Bailadores sem etiqueta, mas com respeito.
Que farra o “jeroqui” homenageador! Bailadores com as mais extravagantes indumentárias. Etiqueta social não existia naquelas paragens quase desabitadas. Tudo era livre. Somente o respeito devia imperar. Respeito para que a festa fosse alegrona, respeitosa e familiar. Exóticos e divertidos os bailantes. Muitos de sombrero, poncho, pantalón largo amarrado no tornozelo, lenço bicolor na cabeça, alguns de bota, outros descalços e os demais com alpargata roda. O importante era bailar, cantar, fazer volteado, rir.
Cachaça e Candeia.
Um jeroqui macho, diversão de primeira, exigia cachaça. Era uma mistura com limão, açúcar e erva mate. O salão de terra vermelha batida levantava poeira. Iluminado com lampiões de ferro e morcego, ambos a querosene. Mas o que garantia a iluminação a noite toda eram as candeias feitas com óleo de sucuri. Ainda havia as velas de graxa de gado ou banha de porco. Iluminação rica e farta. Bailecito que se preza, tinha que ter claridade de luar até o amanhecer.
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