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Em Pauta

Casas que asfixiam, deitar com a roupa molhada para dormir

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 20/04/2025 14:25
Casas que asfixiam, deitar com a roupa molhada para dormir

“Parece que o diabo está passando ferro na roupa”, dizem os moradores de Porto Murtinho, quando o calor se torna insuportável. Ao ultrapassar os 35 graus, provavelmente o primeiro impulso seja usar o abanico ou pelo menos abrir uma janela. Mas isso não é suficiente. Estão presos em uma casa convertida em forno, sem ar-condicionado e nem possibilidade alguma de escapar do calor. Esta é a realidade cotidiana dos sul-mato-grossenses. Um Estado que alcançou quase 100% de cobertura elétrica residencial, mas ter eletricidade não significa desfrutar de bem estar. E este não é um lugar qualquer. A matriz energética é muito mais diversificada que em outras regiões. Por aqui, há energia hídrica, biomassa, energia solar, gás e termelétricas de bagaço de cana.


Casas que asfixiam, deitar com a roupa molhada para dormir

Conforto térmico frente a altas temperaturas.

Ante o calor extremo, a falta de acesso a sistemas de refrigeração se converte em um assunto de vida ou morte. Em 2024, a temperatura media global aumentou 1,46 graus comparada com os níveis pré-industriais e, em algumas áreas, como a nossa, superou três graus. As ondas de calor comumente ultrapassam os 35 graus e são cada vez mais intensas e prolongadas. A maioria das residências não estão preparadas para enfrentá-las.


Casas que asfixiam, deitar com a roupa molhada para dormir

Dobrar duas vezes.

A falta de acesso a aparelhos de ar-condicionado a preços acessíveis agrava o problema. Ante a impossibilidade de pagar o dobro do que é cobrado na conta de energia, muitas famílias só tem uma válvula de escape noturna: molhar a roupa ao deitar. Também são exploradas por juros exorbitantes cobrados pelo comercio desses aparelhos, comumente dobram o preço original para adquirir um salvador aparelhinho de ar-condicionado de má qualidade e reputação. Um aparelho não eficiente custa em torno de R$ 1.500 à vista; à prazo, comumente alcança os R$3.000. Em bom português: é um roubo! Dobrar a conta de energia e passar muitos meses pagando o dobro do valor de um aparelho de ar-condicionado são fatores proibitivos para que as residências do MS deixem de ser asfixiantes.

 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.

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