Teus genes determinam se é de extrema direita ou esquerda?
Por Mário Sérgio Lorenzetto | 15/04/2025 06:42
Francis Galton era primo de Charles Darwin. Recebeu a educação religiosa típica de sua época, bem radicalizada, denominada era “vitoriana”. Quando estudava medicina em Birmingham teve a oportunidade de visitar a Universidade de Giessen, na Alemanha, tida como uma das melhores do mundo. Mas trocou essa viagem por uma que ia a Istambul, Viena, Constanza, Esmirna, Atenas e Postojna, de onde levou a Cambridge um anfíbio cego chamado “Proteus”, desconhecido na Grã Bretanha de então. Foi assim que Francis Galton começou a ganhar fama.
O homem que criou a “eugenia”, a teoria da superioridade entre as raças.
Galton foi seguramente o primeiro científico que percebeu com clareza as consequências para a humanidade da teoria da evolução de seu primo Charles. E foi ele quem propôs que a evolução chegava a nossos cérebros, uma vez que ele faz parte do nosso corpo. Seria assim que a mente humana seria suscetível de melhora mediante a reprodução seletiva. Criou o termo “eugenia” para referir-se a essa ideia… e a vendeu bem. Dez anos depois de que seu primo publicara “A origem das espécies” (1.895), Galton sacou do coldre “O gênio hereditário” (1.869), onde argumentava que as faculdades mentais são herdadas, tanto quanto as físicas.
Galton foi seguramente o primeiro científico que percebeu com clareza as consequências para a humanidade da teoria da evolução de seu primo Charles. E foi ele quem propôs que a evolução chegava a nossos cérebros, uma vez que ele faz parte do nosso corpo. Seria assim que a mente humana seria suscetível de melhora mediante a reprodução seletiva. Criou o termo “eugenia” para referir-se a essa ideia… e a vendeu bem. Dez anos depois de que seu primo publicara “A origem das espécies” (1.895), Galton sacou do coldre “O gênio hereditário” (1.869), onde argumentava que as faculdades mentais são herdadas, tanto quanto as físicas.
Porrada na família.
Quando Darwin leu o livro de Galton, escreveu uma carta a ele onde o acusava de ser “tonto”. E ainda afirmava categoricamente que o intelecto dos homens não diferem em ciúmes, paixão e trabalho duro. Darwin era um “whig”, um liberal da época, um trabalhista dos dias atuais. Mas não se equivoquem, Darwin não suportava Karl Marx, estava muito longe do esquerdismo. É curioso que, já no século XIX, os intelectuais de esquerda sentiram um rechaço automático à ideia de que a evolução - quer dizer, dos genes - pudesse afetar o intelecto. E é ainda mais curioso que essa aversão à genética siga sem dissipar-se um século e meio depois.
Quando Darwin leu o livro de Galton, escreveu uma carta a ele onde o acusava de ser “tonto”. E ainda afirmava categoricamente que o intelecto dos homens não diferem em ciúmes, paixão e trabalho duro. Darwin era um “whig”, um liberal da época, um trabalhista dos dias atuais. Mas não se equivoquem, Darwin não suportava Karl Marx, estava muito longe do esquerdismo. É curioso que, já no século XIX, os intelectuais de esquerda sentiram um rechaço automático à ideia de que a evolução - quer dizer, dos genes - pudesse afetar o intelecto. E é ainda mais curioso que essa aversão à genética siga sem dissipar-se um século e meio depois.
Zmigrod, uma nova Galton?
Conto essa história para que saibam que acaba de surgir uma “nova Galton”. Como ele, Leor Zmigrod é de Cambridge. Uma neurocientista pensando que as ideologias estão nos genes, quer dizer, na arquitetura do cérebro moldada pela evolução. Ela diz com clareza que se você é de extrema direita ou esquerda isso é devido aos genes. E vai além. Sustenta que as ideologias estão presentes em nosso cérebro desde a infância. Que as crianças com maior tendência ideológica “trolam” aquelas crianças que as ouvem para reforçar preconceitos, enquanto as demais crianças, sem maiores ligações com ideologias são mais adaptáveis. Uma nova Galton? Decida você mesmo lendo seu ultimo livro “The ideological brain: the radical science of flexble thinking”, algo como “O cérebro ideológico: a ciência radical do pensamento flexível”. Feliz Semana Santa!
Conto essa história para que saibam que acaba de surgir uma “nova Galton”. Como ele, Leor Zmigrod é de Cambridge. Uma neurocientista pensando que as ideologias estão nos genes, quer dizer, na arquitetura do cérebro moldada pela evolução. Ela diz com clareza que se você é de extrema direita ou esquerda isso é devido aos genes. E vai além. Sustenta que as ideologias estão presentes em nosso cérebro desde a infância. Que as crianças com maior tendência ideológica “trolam” aquelas crianças que as ouvem para reforçar preconceitos, enquanto as demais crianças, sem maiores ligações com ideologias são mais adaptáveis. Uma nova Galton? Decida você mesmo lendo seu ultimo livro “The ideological brain: the radical science of flexble thinking”, algo como “O cérebro ideológico: a ciência radical do pensamento flexível”. Feliz Semana Santa!
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