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Manoel Afonso

O fim das coligações assusta os candidatos

Manoel Afonso | 19/11/2021 07:17

O JOGO: Pode não parecer, mas o chamado jogo da política deve ser visto como um ‘esporte coletivo’. Afinal é difícil fazer política sozinho, das pequenas cidades, passando pelas disputas estaduais - até ao governo federal. Mas alianças devem ser bem pensadas, com políticos expressivos e com densidade eleitoral que faça a diferença nas urnas.

CALMA!  Tem muito chão pela frente. Agora temos apenas flertes e paqueras entre os políticos de alguma afinidade. Convém lembrar que a 6 meses da eleição, na chamada janela partidária, os políticos poderão mudar de partido sem perder direitos. Quanto ao registro das candidaturas, ela ocorrerá só após 5 de agosto, o último prazo das convenções partidárias.

INTERROGAÇÃO: Após a estreia em 2020 nas eleições municipais, em 2022 teremos pela primeira vez a aplicação da nova lei vetando as coligações para Assembleia Legislativa e Câmara Federal. As siglas terão que concorrer de forma isolada às cadeiras disponíveis, aumentando assim a disputa entre os postulantes do mesmo partido.

PREOCUPANTE: Aqui temos 24 vagas para a Assembleia Legislativa e 8 vagas para a Câmara Federal. Cada partido poderá lançar apenas 25 candidatos a deputado estadual e 9 postulantes à Câmara dos Deputados. Mas um terço dos candidatos será de mulheres. Teremos então 9 candidatas ao legislativo estadual e 3 candidatas à Câmara Federal por cada partido.

DESAFIOS: Os partidos terão que atrair filiados para formação de chapas, lançar nomes de menor peso eleitoral para servir de escada e eleger os seus candidatos favoritos. Para isso os partidos terão naturalmente que dar apoio político e suporte financeiro para alavancar essas candidaturas. Mas eis o xis da questão: candidatura natimorta é utopia - não há idiotas na política.

DEPUTADOS & AÇÕES: Paulo Corrêa (PSDB): líder, agilizando os projetos do Executivo, promovendo diálogo com sindicatos e federações e defendendo o aumento salarial sustentável. José Teixeira (DEM): zeloso secretário do Legislativo Estadual; reivindica asfalto para rua do Jardim Alhambra, em Dourados. Lucas de Lima (Sol): recebeu aprovação da CCJR sua proposta elegendo Dia da Dignidade Menstrual a ser comemorado anualmente no dia 28 de maio; também de sua autoria o projeto criando o Dia do Vacinador a ser lembrado no dia 18 de janeiro. Neno Razuk (PTB); pede ampliação do atendimento da Central de Libras em Campo Grande; destacou a instalação de antena digital na zona rural de Aparecida do Tabuado; solicita a revitalização do CEPER do 2º Plano em Dourados. Marçal Filho (PSDB): pediu ao Governador a ampliação do teto de isenção do ICMS de veículos para pessoas deficientes a exemplo do Governo Federal.

ALERTA GERAL: Números oficiais da Justiça Eleitoral mostram que menos de 10% dos deputados federais eleitos no país em 2018, atingiram ou superaram o quociente eleitoral, ou seja, obtiveram a cadeira na Câmara Federal por meio de votação própria sem depender dos votos totais obtidos pelo conjunto do partido ou coligação.

CÂMARA FEDERAL: Se tivermos 1 milhão e 300 mil votos válidos serão necessários mais de 160 mil votos para eleger o primeiro dos candidatos de cada sigla no MS. Em 2018 nenhum deles se elegeu com a própria votação e para atingir o quociente eleitoral foram contabilizados os votos das legendas e coligações. Sinal de alerta aos pretensos candidatos.

ELEIÇÕES 2018: Com 528.268 votos a chapa com o PSDB, PSD, Patriota, PMB, PP, DEM elegeu Rose Modesto (PSDB), Fabio Trad (PSD), Beto Pereira (PSDB) e Tereza Cristina (DEM). A chapa do PSL, PPS, Pros, SD, PSB, Avante e PMN totalizou 261.732 votos elegendo Tio Truts (PSL) e Luiz Ovando (PSL). Com 130.094 votos a coligação PDT, Podemos, PRB elegeu Dagoberto Nogueira (PDT). A chapa pura do PT elegeu Vander Loubet graças aos votos somados dos candidatos e da legenda.

TEMOR: Os candidatos a deputado estadual também preocupados. Com a previsão de 1.300 mil votos válidos, o quociente eleitoral deve beirar os 55 mil votos. Assim, para eleger pelo menos um deputado - cada partido terá que totalizar os 55 mil votos. Parada indigesta. Inseguros, alguns deputados devem aproveitar a janela partidária na tentativa de se viabilizarem.

NA SOMBRA: Lembra dos candidatos eleitos com poucos votos graças a votação de fenômenos, tipo Tiririca? Agora, quando não se preenche as vagas pelo quociente eleitoral, apela-se para o sistema de sobras. Mas só serão beneficiados candidatos com votos equivalentes a 20% do quociente eleitoral e os partidos que obtiverem um mínimo de 80% desse quociente. Antes não havia limite de votos aos candidatos. Era mais fácil.

AÇÕES PARLAMENTARES: Lídio Lopes (Patri); ultimando preparativos para a Conferência da Unale nos dias 24, 25, 26 em Campo Grande. Amarildo Cruz (PT): Autor da Resolução em 2009, comanda nesta sexta (20) solenidade de homenagem a 30 personalidades que se destacaram no combate ao racismo e em prol da igualdade racial no MS. José C. Barbosa (DEM): pede a construção de arenas esportivas na UEMS de Aquidauana, Dourados e Cassilândia; anuncia medida judicial contra a exploração do parquímetro na capital e Dourados. Mara Caseiro (PSDB): Em prol de 51 municípios num ano de mandato propôs 231 indicações; 97 ligadas a infraestrutura, 54 a Segurança e A. Social; 34 a Educação; 27 a Saúde. Pedro Kemp (PT): presidente da Comissão da Cultura criticou a interferência e censura no órgão responsável pelos exames do Enem que culminou com a demissão de 30 funcionárias.

CALDEIRÃO: Semana marcou pela fala política do prefeito Marquinhos (PSD), não usando desvios nos questionamentos sobre sua eventual candidatura ao Governo. Claro, as conclusões dependem da ótica de cada um. Mas pelos termos usados e segundo aquele conhecido roteiro eleitoral não há dúvida: a sucessão estadual irá proporcionar ‘fortes emoções’.

‘TO BE OR NOT TO BE’? A frase de W. Shakespeare veste como uma luva ao dilema vivenciado por Marquinhos Trad. Essa a questão: renuncia ou não a prefeitura? Eleito para administrar por 4 anos não sabe qual seria a reação da opinião pública. Mas por outro lado ele sabe que ficar no sereno (sem mandato por 2 anos) após 2024 não seria bom politicamente.

O CARA? Carlos Augusto Borges – o vereador Carlão (PSB) não esconde seu apetite político. Presidente da Câmara e prefeito por 2 dias aproveitando essas horas no poder. A propósito, pela movimentação das pedras do tabuleiro da sucessão, seguramente, ele faz parte do projeto político do prefeito Marquinhos. Convém ficar de olho nele.

EM FRENTE: Enquanto isso o secretário Eduardo Riedel ganha cada vez mais espaço na interlocução com todos segmentos da administração e também com a população. Preciso nas abordagens, o pré-candidato do PSDB vai demonstrando segurança nas suas manifestações e intimidade com os problemas e os desafios do Estado. Sabe onde pisa.

PARLAMENTARES EM AÇÃO: João H. Catan (PL): registrando cumprimentos de segmentos ruralistas pelo seu projeto contra o ‘Queijo Fake’.; aguarda tramitação de sua proposta sobre a situação dos invasores de áreas rurais em relação aos benefícios dos programas sociais do Governo. Evander Vendramini (PP): pede construção de ponte de concreto no Córrego Progresso, região pantaneira de P. Murtinho; aprovado seu projeto prorrogando o prazo de vigência de autorizações e licenciamento ambiental; pede à Sanesul doação ao consumidor pobre de caixas de água. Antônio Vaz (REP): Presidente da Comissão de Saúde em sintonia com a Secretaria de Saúde quanto ao Covid - outras endemias e quanto ao plano de vacinação em 2022. Capitão Contar (PSL): aguarda a tramitação de sua proposta de incentivo a geração de empregos no comercio com mão de obra de pessoas especiais como ajudantes de caixas nos supermercados; solidário com as críticas do deputado José C. Barbosa à Flexpark pela gerencia do serviço de estacionamento na capital e Dourados. Gerson Claro (PP): projeto seu incluiu a comemoração (dia 9 de julho) da Revolução Constitucionalista de 1932 no calendário oficial de eventos; relatou favoravelmente na CCJR o projeto do Executivo concedendo aumento de 10% nos salários dos servidores.

E AGORA? “Fiquem todos em casa – a economia a gente vê depois”. Era o que os governantes diziam há poucos meses, pedindo para evitar aglomerações e exigindo o uso de máscaras contra o Covid-19. Mas o que estamos vendo nos estádios já preocupa. E vem mais por aí: férias e carnaval chegando e há risco de novo surto como ocorre na Europa. Bem, depois não adianta chorar.

LAVANDERIA? O nível dos debates entre os tucanos que participam das prévias do PSDB prejudicam a imagem do partido – já complicada. No fundo constata-se que a postura do político brasileiro é diferente, por exemplo, do americano. Lá prevalece o partido e as picuinhas acabam na convenção. Aqui os rachas são inevitáveis porque o pessoal sai atirando. Daí, somos o que somos!

PONTO FINAL: “...A vida passa e não percebemos o quanto ela avançou. De repente, damo-nos conta de que o tempo que gastamos foi usado de maneira fútil, sem percebermos que nossos dias finais chegam rapidamente, trazidos pela cegueira de darmos valor à coisas que desperdiçam nossa atenção, guiados pelo voluntarismo que nos aproximam da materialidade cheia de magia da vida material...” (Gaudêncio Torquato)

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