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Direto das Ruas

Abaixo-assinado tenta impedir despejo no Camelódromo

Há 3 anos prefeitura não faz chamamento público para vagas em boxes e tem gente ocupando sem licença

Por Jéssica Fernandes e Clara Farias | 15/05/2024 10:19
Desde 2010, Rodrigo dos Santos, de 39 anos, trabalha no Camelódramo. (Foto: Clara Farias)
Desde 2010, Rodrigo dos Santos, de 39 anos, trabalha no Camelódramo. (Foto: Clara Farias)

O abaixo-assinado de três folhas é o último recurso que Rodrigo dos Santos, de 39 anos, tem para continuar trabalhando no Camelódromo. Há 14 anos, o comerciante administra um box no centro comercial, mas a ameaça de despejo voltou a bater à porta nesta quarta-feira (15).

Bonés, camisetas masculinas e bolsas são o ‘ganha-pão’ do vendedor que trabalha com a esposa no local. Desde 2010, o casal vendia os produtos no espaço que pertencia a uma mulher. Há três anos, a chefe de Rodrigo e proprietária legal do box faleceu e desde então as notificações da Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano) passaram a chegar.

A última foi realizada diretamente por um fiscal da Semadur na terça-feira (14). O casal foi informado que teria 24h para desocupar o box e retirar a mercadoria, ou seja, hoje seria o último dia de trabalho no endereço que virou segunda casa até para as filhas de 10 e 14 anos.

Camisas, bonés e outros itens vendidos são 'ganha pão' de comerciante. (Foto: Clara Farias)
Camisas, bonés e outros itens vendidos são 'ganha pão' de comerciante. (Foto: Clara Farias)
Abaixo-assinado feito por vendedor conta com 200 assinaturas. (Foto: Clara Farias)
Abaixo-assinado feito por vendedor conta com 200 assinaturas. (Foto: Clara Farias)

Ainda ontem, Rodrigo fez o abaixo-assinado preenchido por nomes dos colegas, amigos e ‘vizinhos’ de box. Com as folhas em mãos onde constam 200 assinaturas, Rodrigo diz não saber para onde ir caso a Semadur cumpra com o aviso. “Aqui é meu ganha pão, falaram que vão arrancar tudo”, afirma.

Desde que a proprietária do ponto faleceu, o vendedor comenta que tentou mais de uma vez reivindicar legalmente o direito de ficar com o box. “A antiga proprietária não tem nenhum parente e eles não querem passar a licença para mim”, afirma.

O Camelódromo é a principal fonte de renda de Rodrigo que faz ‘bico’ como motorista de aplicativo. Como o carro é alugado, o dinheiro não é o suficiente para manter a esposa e as duas filhas. Em meio as notificações que recebem há três anos e de forma mais constante desde 2023, o vendedor não conseguiu uma resposta favorável para a situação.

Verônica Rodrigues defende permanência da famíia no local. (Foto: Clara Farias)
Verônica Rodrigues defende permanência da famíia no local. (Foto: Clara Farias)

Quem acompanha de perto o drama da família se solidariza. Verônica Rodrigues, de 49 anos, trabalha há 22 anos no Camelódromo. Ela conhece bem o casal, por isso, defende a permanência deles no lugar. “Eles precisam estar aqui, eles são pobres igual a gente, são nordestinos e não têm onde trabalhar. Eles já estão aqui há 14 anos, fazem parte da família”, relata.

O presidente do Camelódromo, Narciso Soares explica que fez o que pôde para ajudar o casal. Hoje, ele conseguiu adiar mais uma vez o cumprimento de despejo da Semadur. Nas primeiras horas desta quarta-feira (15), o presidente compareceu à Prefeitura Municipal para tentar marcar uma reunião, que ainda não tem data para ocorrer.

Narciso Soares esclarece que a responsabilidade de definir quem fica com o box não cabe ao Camelódromo. “Todo esse trâmite é feito na prefeitura e ela negou tanto para ele quanto para outra mulher que entrou com requerimento para ter a propriedade do box”, comenta.

Presidente do Camelódramo, Narciso Soares explica que enviou ofício à prefeitura. (Foto: Clara Farias)
Presidente do Camelódramo, Narciso Soares explica que enviou ofício à prefeitura. (Foto: Clara Farias)

Quando a proprietária do ponto faleceu foi enviada à prefeitura um ofício para que fosse realizado chamamento público e fosse definido um novo proprietário. A medida foi tomada, pois a mulher não tinha descendentes diretos para herdar a vaga no local.

“O chamamento é aberto para qualquer cidadão que queira ter o box aqui, então ele [Rodrigo] pode se candidatar e seguir os tramites legais, mas atualmente ele está ilegal”, frisa o presidente.

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