Corredores lotados de pacientes no Hospital Regional geram medo de infecção
Vídeos mostram que pacientes com diferentes doenças ocupam o mesmo espaço, em situação precária
Falta de insumos, demora no atendimento e pacientes pelos corredores são os novos relatos de quem esteve no HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul), nesta quinta-feira (29). Acompanhantes dizem que testemunharam a visita de uma equipe do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) no local e todos os problemas foram expostos.
Pelo Direto das Ruas, o atleta Diego Brasil, de 32 anos, que acompanha o avô de 87 anos, enviou vídeos que mostram várias pessoas ocupando macas pelos corredores do PAM (Pronto Atendimento Médico). Segundo ele, a maior preocupação são possíveis infecções, pois são pacientes com diferentes doenças ocupando o mesmo espaço.
“A área vermelha está lotada e parece que os funcionários não estão dando conta da quantidade de pacientes. Meu avô disse que faziam três dias que não comia e, quando fui verificar, estava liberado para comer há dois dias e ninguém viu. Não tem esparadrapo ou copos descartáveis nem para os funcionários. Uma enfermeira disse que a falta de insumos já tem anos”, disse Diego.
Em meio aos relatos, o acompanhante testemunhou o momento da chegada de um grupo de pessoas, que se identificaram como sendo do MPMS. “Essas pessoas ouviram nossas reclamações e um deles chegou a filmar os corredores lotados. Eu contei que o SAC não está funcionando e nem os medicamentos dados na hora certa”, completa.
Uma outra acompanhante, que preferiu não se identificar, disse que chegou ao hospital no último domingo (25), com a mãe em estágio terminal de câncer no fígado. Aos 63 anos e três dias na espera, a idosa só tem o diagnóstico e muitas dores, porque ainda não conseguiu ser atendida por um médico especialista.
“Ela está tomando morfina e soro na veia, mais nada. Os exames mostraram que ela corre risco de vida e a alternativa para biópsia é a colonoscopia, mas não pode provocar diarreia, está desidratada. Segundo os primeiros médicos, a quimioterapia seria paliativa. Nós só queríamos que ela fosse para o setor de oncologia, ter o mínimo de dignidade nesse momento, mas nem privacidade tem”, desabafa a filha.
Outro lado - Em nota enviada ao Campo Grande News, a SES (Secretaria Estadual de Saúde) esclarece que mantém o compromisso de acolher e oferecer o tratamento digno e necessário a cada cidadão e cidadã que busca por atendimento médico no HRMS. Porém, “é mister que a ocupação, em não raras ocasiões, encontra-se acima da capacidade instalada, realidade comum a inúmeros hospitais em todo país”.
Com relação ao quadro de funcionários, a SES ressalta que “realizou a contratação emergencial de 142 profissionais de enfermagem por meio de processo seletivo, e aguarda a conclusão dos trâmites finais para o chamamento de 222 profissionais aprovados em concurso público em diversas áreas da assistência”.
Por fim, o canal de WhatsApp do SAC (Serviço de Atendimento ao Cliente) esteve inoperante por problema técnico, mas agora segue funcionando em canais diversos para facilitar o contato com a população, dispondo de QR Codes afixados em pontos estratégicos dentro da unidade hospitalar, além do telefone, e-mail e presencialmente em sala exclusiva na recepção central.
O MPMS não retornou os questionamentos enviados pela reportagem até o fechamento desta matéria.
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