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Direto das Ruas

Enfermeira é agredida por paciente psiquiátrico e fica desacordada em UPA

Sindicato denuncia falta de segurança e cobra providências da gestão municipal

Por Bruna Marques | 18/08/2025 07:59
Enfermeira é agredida por paciente psiquiátrico e fica desacordada em UPA
Enfermeira sendo socorrida por colegas de trabalho após ser atacada por paciente (Foto: Direto das Ruas)

Enfermeira foi agredida por um paciente psiquiátrico na noite deste domingo (17), na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Jardim Leblon, em Campo Grande. A profissional ficou desacordada e precisou ser submetida a exame de tomografia.

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Enfermeira é agredida por paciente psiquiátrico em UPA de Campo Grande. A profissional foi atacada com um soco no rosto enquanto trabalhava na unidade do Jardim Leblon, no domingo (18). O agressor, diagnosticado com esquizofrenia e usuário de drogas, estava internado sem contenção. A vítima ficou desacordada e precisou ser submetida a exames. O Sindicato dos Trabalhadores Públicos em Enfermagem (Sinte) questiona a falta de segurança nas unidades de saúde e a forma como pacientes psiquiátricos são mantidos em UPAs, enquanto aguardam vagas em centros especializados. O sindicato alerta para os riscos e consequências da sobrecarga de trabalho e da falta de estrutura para lidar com pacientes em crise. Profissionais de saúde já haviam relatado problemas como ameaças, esgotamento emocional e falta de medicamentos em audiência pública na Câmara Municipal no início do mês.

A denúncia chegou ao Campo Grande News através do canal Direto das Ruas.

Segundo o presidente do Sinte (Sindicato dos Trabalhadores Públicos em Enfermagem), Ângelo Macedo, a profissional estava na enfermaria, digitando, quando o paciente se levantou do leito e a atacou com um soco no rosto.

“Infelizmente fomos mais uma vez provocados por conta de uma agressão de um paciente do Caps (Centro de Atenção Psicossocial) na UPA do Leblon. Ele simplesmente se levantou do leito, foi até a enfermeira e deu um soco, deixando-a desacordada. Em seguida, voltou a se deitar como se nada tivesse acontecido”, relatou Macedo.

De acordo com o sindicato, a enfermeira foi levada para a área vermelha da unidade, recebeu os primeiros cuidados e depois encaminhada ao hospital para realizar tomografia. O paciente, diagnosticado com esquizofrenia e usuário de drogas, estava internado sem contenção física ou química.

Ângelo Macedo questionou a falta de protocolos de segurança para os profissionais de saúde. “Eu me pergunto até quando a gestão, a secretária de saúde e a coordenação da saúde mental vão expor dessa maneira o trabalhador. São pessoas que saem de casa para prestar cuidado e acabam agredidas por pacientes. Essa conduta sem protocolo algum nos expõe constantemente a esse tipo de violência”, afirmou.

Segundo ele, as consequências emocionais para quem sofre esse tipo de agressão são graves e duradouras. “A profissional precisou ser atendida, encaminhada ao hospital e provavelmente hoje está muito abalada. Muitos acabam precisando se afastar, sofrem prejuízos financeiros e, em vários casos, passam a vida tomando medicação controlada para suportar as sequelas”, disse.

O dirigente sindical também criticou a forma como pacientes psiquiátricos são mantidos nas UPAs e CRSs (Centros Regionais de Saúde). “As UPAs estão sendo usadas como depósitos para esses pacientes, enquanto aguardam vaga em Caps de referência. Mas o serviço não tem estrutura alguma para dar esse suporte. Querem que esses pacientes fiquem como se estivessem em uma clínica adequada, mas não é o caso”, declarou.

Ele lembrou que a UPA foi criada para atendimentos de emergência e não para internações prolongadas. “É uma unidade de pronto atendimento, que não foi pensada para manter pacientes mais de 24 horas, muito menos psiquiátricos. No entanto, eles permanecem dias, até semanas, deambulando, saindo para fumar cigarro ou usar drogas”, criticou.

Para Macedo, o cenário é grave e pode levar a consequências ainda piores. “Infelizmente, estamos diante de uma crise institucional. Estamos no limiar de uma tragédia dentro da saúde pública de Campo Grande. E eu repito a pergunta: até quando?”, concluiu.

A ocorrência foi atendida por uma equipe da GCM (Guarda Civil Metropolitana). Segundo Ângelo, um boletim de ocorrência será registrado na Polícia Civil.

A reportagem entrou em contato com a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), por meio da assessoria de imprensa, para obter informações sobre os protocolos adotados em UPAs para pacientes psiquiátricos e também sobre o estado de saúde da enfermeira agredida e aguarda retorno.

Enfermeira é agredida por paciente psiquiátrico e fica desacordada em UPA
Audiência Pública na Câmara Municipal falou sobre a saúde mental dos profissionais de saúde (Foto: Izaias Medeiros)

Audiência pública - No início do mês, a situação dos profissionais de saúde da rede pública de Campo Grande já havia sido discutida em uma audiência pública realizada na Câmara Municipal. Médicos e profissionais da enfermagem levaram à discussão queixas sobre falta de medicamentos, ameaças, sobrecarga de trabalho e esgotamento emocional. O encontro foi proposto pelo vereador Professor Juari (Professor Juari, PSDB), que também presidiu a sessão, com o apoio do vereador Flávio Pereira (Flávio Cabo Almi, PSDB).

Durante a audiência, os profissionais relataram um cenário de colapso emocional na saúde pública da Capital. O debate também foi marcado por relatos de ameaças sofridas durante os plantões e críticas à falta de diálogo com a gestão municipal.

Na ocasião, a Sesau informou que desenvolve ações voltadas ao cuidado integral dos trabalhadores da pasta, com foco na saúde física e mental, prevenção de adoecimentos e apoio durante afastamentos médicos. Entre os serviços oferecidos estão atendimentos psicossociais, visitas domiciliares e acompanhamentos em Medicina do Trabalho, além de encaminhamentos ao projeto “Cuidar de Quem Cuida”, que oferece suporte em psicoterapia, psiquiatria e homeopatia. O atendimento, segundo a secretaria, é baseado no acolhimento e na escuta qualificada, sem caráter punitivo.