"Tremendo de ódio": vizinhos reclamam de tormento com som alto em clube
Inquérito no MPMS acompanha renovação da licença e apuração sobre poluição sonora no União dos Sargentos
RESUMO
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Moradores do Bairro Amambaí, em Campo Grande, enfrentam transtornos causados por som alto proveniente do Clube União dos Sargentos. A empresária Tábatha dos Santos, mãe de adolescente autista, e o engenheiro Daniel Figliolino relatam festas que se estendem até às 4h da manhã, inclusive em dias úteis. O caso já foi levado ao Ministério Público de Mato Grosso do Sul, que instaurou procedimento administrativo para acompanhar as providências do município. Em julho de 2025, a promotoria determinou prazo para que a prefeitura informe medidas adotadas em relação à poluição sonora no local.
“Estou tremendo, mas é de ódio”. A empresária Tábatha dos Santos gravou uma das várias noites de tormento que tem passado desde que se mudou para o Bairro Amambaí, em outubro de 2024, em rua próxima do Clube União dos Sargentos. O som alto é problema compartilhado por outro vizinho, que fez reclamação ao MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) depois de vários pedidos frustrados para que o volume fosse abaixado.
A reclamação chegou pelo canal Direto das Ruas.
Tábatha é mãe de adolescente autista e diz que a situação está afetando diretamente o bem-estar da família. Os eventos têm se estendido com som alto até 3h ou 4h da manhã, mesmo em dias como domingo e quarta-feira.
“O som terminou às 4h, então precisei acordar mais tarde. Aqui é bem complicado. Me mudei para essa casa em outubro de 2024 e, desde então, não temos sossego”, relatou, depois de mais uma noite insone por conta do volume da música no clube.
Segundo a empresária, o problema é recorrente e envolve não apenas o barulho excessivo. “Os moradores de rua e usuários de droga vêm aqui na região pra fechar a rua e cobrar estacionamento, fazendo com que isso se estenda até a altura da igreja Perpétuo Socorro”, diz. “Por vezes a rua é fechada para colocarem tenda, impedindo a passagem de quem quer que seja. Carros estacionados na porta das entradas de garagem”.
A situação afeta toda a família. “Foi triste ver minha avó de 83 anos ontem, desorientada, sem conseguir dormir. Resolvi fazer um vídeo, pois não acho certo ter que passar por isso dentro da minha casa. Não tem dia pra acontecer. Sábado, principalmente domingos. Já teve vezes de começar festa na quarta, seguir quinta, pular sexta e sábado, ter festa domingo novamente.”
Outro vizinho que também reclama da situação é o engenheiro civil Daniel Rezende Figliolino. No dia 21 de julho de 2023 acionou a PM (Polícia Militar) por conta do som alto. Além do boletim de ocorrência, recorreu ao MPMS, onde foi aberto termo circunstanciado de ocorrência.
Em 23 de fevereiro de 2024, o MPMS opinou pelo arquivamento do documento. Naquela ocasião, a informação é que os responsáveis apresentaram todos alvará de funcionamento e a mediação realizada pela autoridade policial atestou que eles estavam de acordo com a legislação vigente. Também diz que os outros vizinhos que foram procurados pela PM, maioria idosos, não queria se envolver com a polícia.
Daniel mora no bairro desde 2012, mas diz que a situação piorou muito quando ele e a empresária começaram a reclamar de forma recorrente e acionando a PM, a partir de 2021. Os dois já procuraram, ainda, a Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana), PMA (Polícia Militar Ambiental), sem resultado prático.
Em fevereiro de 2024, novo procedimento administrativo foi instaurado no MPMS, relatando que o problema continua e a medição realizada, em dia específico, não condiz com a realidade de outros eventos realizados no local. “Sábado, agora, foi insuportável”, conta Daniel.
O procedimento atual pretende acompanhar “as providências adotadas pelo Município de Campo Grande, com base no poder de polícia, no processo de renovação da licença ambiental” da União Beneficente dos Subtenentes e Sargentos das Forças Armadas, o União dos Sargentos.
Em junho de 2025, a promotora Andréia Cristina Peres da Silva reforçou ofício encaminhado à PGM (Procuradoria Geral do Município) para informar o cumprimento de medidas para cessar eventuais irregularidades.
No dia 14 de julho de 2025, a promotora determinou prazo de 20 dias úteis para que a prefeitura “informe quais foram as medidas adotadas pelo Município de Campo Grande em relação à poluição sonora provocada pelo empreendimento, bem como, para que com base em seu poder de polícia, adote providências para interromper a atividade poluidora no local, encaminhando os laudos/embargos e autos infrações expedidos decorrentes da fiscalização”. A PGM ainda está dentro do prazo para responder ao ofício.
A reportagem entrou em contato com a prefeitura, PM e contato do clube para saber quais providências foram tomadas e aguarda retorno para atualização do texto.
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