Com gás a quase R$ 100, revendedores juram que ainda têm de arcar com prejuízo
Distribuidoras vendem o GLP por R$ 75 a R$ 98 em Campo Grande, conforme dados da ANP
O valor do botijão de gás em Campo Grande chegou a quase R$ 100 em Campo Grande. Com reajuste de 5% no preço do gás de cozinha válido desde o mês passado, revendedores justificam que precisaram aumentar o valor do produto como forma de manter os negócios na ativa.
Conforme dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), publicados na semana passada, o preço médio do produto é de R$ 83,60 em Campo Grande, indo de R$ 75 a R$ 98 nos estabelecimentos pesquisados pelo órgão. Nesta manhã (4), a reportagem foi até alguns locais da cidade para verificar por quanto era vendido o botijão.
Na Avenida Mascarenhas de Moraes, vendedor aplica preço de R$ 80 com taxa de entrega de R$ 10. Segundo ele, o preço alto é justificado pelos aumentos que têm acontecido a nível nacional. "A gente tem conseguido permanecer só com esse preço mesmo, não temos muito o que fazer. Porque vem de cima e precisamos atualizar, e ainda assim não conseguimos passar todo o valor para o consumidor".
A gente precisa reter uma parte, porque caso contrário não tem como vender. Já tivemos vários aumentos neste ano e sabemos que vai aumentar novamente”, prevê o dono do estabelecimento.
Na Vila Marly, outro revendedor faz venda por R$ 74,90, com R$ 5 para entrega. Ele relata conseguir “segurar” o preço, mas já avisa que deve aumentar em maio. “Os clientes pesquisam e conseguem ver que aqui está mais barato, mas ainda assim, não tem como conter todo o aumento”.
No Jardim dos Estados, o preço é um pouco maior, de R$ 91. Por lá, revendedores dizem que há cinco meses o valor era cerca de 15% mais barato, mas por conta do “aumento que vem de cima”, valores tiveram de ser reajustados.
Além disso, o proprietário do lugar também avalia redução no consumo mais perceptível na venda para estabelecimentos, sobretudo restaurantes. “Com pessoas físicas, não vimos redução de consumo, mas empresas acabaram fechando e perdemos clientes. Isso também afeta nos valores, porque precisamos continuar pagando os boletos e não temos muita escolha ao não ser ficar com uma parte desse valor e repassar para o consumidor”, justifica.
No Brasil, grande maioria, 91%, das famílias utilizam botijões de gás para cozinhar e apenas 8% têm gás encanado, o gás natural, segundo dados de 2019 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Aumento do gás - Mato Grosso do Sul é a 17ª unidade da federação com valor mais alto do botijão de GLP (Gás Liquefeito de Petróleo). O estado com menor valor em todo o Brasil é o Rio de Janeiro (R$ 75,22), enquanto o mais caro é Mato Grosso, cujo preço médio está ajustado em R$ 103,92.
Esses aumentos no valor do gás de cozinha às distribuidoras têm sido mensais, sendo que o último ajuste foi feito em 1º de abril. De acordo com a Petrobras, a alta reflete o câmbio e as movimentações da cotação internacional do petróleo, utilizado como insumo na produção do produto. Vale lembrar que esse foi o quarto reajuste realizado pela petrolífera desde o início do ano.
Com esses acréscimos feitos a nível federal, a média no preço do produto vendido pelas distribuidoras tem aumentado de pouco a pouco em todo o Brasil, ao longo dos últimos meses, que também passam por uma série de outras taxações e variáveis.
Por fim, outros combustíveis têm preço sido configurado com maior frequência, baseando-se de forma mais próxima às oscilações do preço do petróleo e derivados no mercado internacional.
No início deste mês, a gasolina teve alta de 0,4%, com média nacional de R$ 5,465 pelo litro, sendo mais cara na região norte (média de R$ 6,890) e mais barata no sudeste, único local onde o combustível é negociado abaixo de R$ 4 - a R$ 3,899 o litro.
Mato Grosso do Sul, nesse quesito, apresentou variação de R$ 5,379 a R$ 5,999 e é o 11º estado com maior preço médio da gasolina comum. Ainda segundo dados da ANP, o diesel, com leve queda nacional de 0,2%, é vendido no Estado por R$ 3,889 a R$ 4,649.