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Economia

Embrapa orienta produtores a evitar cultivo da cana-de-açúcar no inverno

Fernanda Yafusso | 26/07/2016 15:36
Formação de geada sobre a soqueira da cana com 60 dias após o 2º corte (Foto Divulgação Embrapa)
Formação de geada sobre a soqueira da cana com 60 dias após o 2º corte (Foto Divulgação Embrapa)

Pesquisadores da Embrapa Agropecuária Oeste afirmam, em um estudo realizado, que o plantio da cana-de-açúcar no inverno deve ser evitado na região sul de Mato Grosso do Sul. O motivo é que os meses de junho, julho e agosto configuram um período de alto risco climático.

Portanto, a recomendação é seguir o zoneamento de risco climático para a cana-de-açúcar em Mato Grosso do Sul, que vai de outubro a abril.

Para esse trabalho, foram avaliadas seis datas de plantio, dos dias 21 dos meses de março, abril, maio, junho, julho e agosto. Os dados foram comparados com informações meteorológicas da Embrapa Agropecuária Oeste, coletados em Dourados, de 1980 a 2014.

Os pesquisadores estudaram o desenvolvimento do plantio da cana-de-açúcar no inverno, levando em consideração água disponível no solo no plantio, deficiência hídrica, temperaturas do solo e do ar favoráveis e risco de geada.

O resultado da pesquisa foi divulgado no Comunicado Técnico 209, e desenvolvido em parceria pelos pesquisadores Carlos Ricardo Fietz, Cesar José da Silva, Éder Comunello e Danilton Luiz Flumignan.

Entre as estratégias que podem refletir em maior produtividade, competitividade e sustentabilidade do setor, estão o planejamento de longo prazo, a adequação da infraestrutura própria ou terceirização de parte dos plantios e serviços e a maximização dos recursos disponíveis. De acordo com os pesquisadores essas formas aceleram a expansão das áreas agrícolas nas unidades de produção em plantios nas épocas mais adequadas.

Por que não cana inverno? - De acordo com o pesquisadores, o plantio da cana inverno no sul de Mato Grosso do Sul pode promover redução significativa da produtividade dos canaviais, porque aproximadamente metade dos dias de junho, julho e agosto necessários para a brotação e emergência da cana e, praticamente, 50% do subperíodo de crescimento máximo da cana, vão ocorrer com deficiência hídrica da cultura.

Nos plantios de cana-de-açúcar em julho e agosto, os valores médios de água disponível no solo são menores do que quando realizados em março, abril e maio. Esses menores níveis de umidade no plantio podem ser atribuídos a julho e agosto serem os meses do ano com os menores índices pluviométricos, característica do inverno com pouca chuva, que define o clima da região sul de Mato Grosso do Sul.

O clima com temperaturas mais altas ajuda os canaviais. (Foto Unica)
O clima com temperaturas mais altas ajuda os canaviais. (Foto Unica)

Além disso, parte considerável do subperíodo de crescimento máximo da planta ocorre em condições de temperatura do ar desfavoráveis durantes os meses de julho e agosto. Destaca-se ainda o alto risco de geadas no subperíodo de crescimento máximo dos canaviais plantados no mês de agosto.

Em maio, plantios de cana-de-açúcar são bastante restritivos devido a temperatura do solo que é inferior a 22º C em mais da metade dos dias do subperíodo de brotação e emergência (o limite mínimo ideal de temperatura do solo para o bom desenvolvimento da planta é 22º C).

Geada - Em 2015 os produtores rurais de Mato Grosso do Sul comemoraram o inverno tênue porque não havia previsão de geadas para o Estado. O fenômeno característico dos meses mais frios do ano causou prejuízo que chegou a R$ 1 bilhão, em quatro anos, segundo dados da Biosul (Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul).

De acordo com o presidente da Biosul, Roberto Hollanda, há quatro anos as plantações de cana sofrem com as geadas. "Podemos dizer que o setor no Estado perdeu aproximadamente R$ 1 bilhão e em 2013 foi a época que mais sofreu perdas", explica.

Conforme Hollanda, as geadas prejudicam de duas formas a cana-de-açúcar. "Primeiro perde-se em peso e em segundo em qualidade de matéria-prima, pois a cana luta para sobreviver e perde energia que é a sacarose", afirma.

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